Essa semana tive muita dificuldade para escrever o artigo da semana. Nenhum assunto, falta de inspiração…Queria escrever sobre algo alegre.
Eis que hoje somos sacudidos por uma tragédia. Um acidente aéreo que num instante muda a vida de tantas pessoas. Todos nós fomos tocados de alguma forma. A morte que nos parece prematura sempre choca. Um time inteiro de futebol, esse esporte que tanto emociona pessoas pelo mundo todo e a nós, brasileiros, muito especialmente.
Aos familiares, amigos e colegas das vítimas resta a perplexidade, a sensação de incredulidade, a dor indescritível. Dor acrescida da espera por poder receber seu amado para a última homenagem, para a despedida. Parece que não há nada a ser dito que possa de alguma forma trazer consolo ou alívio. Silêncio, respeito e oração é o que posso oferecer.
Após a perplexidade do momento começam a pipocar nas redes sociais uma série de mensagens falando da brevidade da vida, que só temos o presente (eu mesma postei algo nesse sentido no Twitter), que devemos dizer hoje o quanto amamos, que é hoje que precisamos ficar juntos, brincar com os filhos, etc.
Isso é verdadeiro e por um ou dois dias, tocados pela tragédia, vamos fazer isso. Mas logo, logo a rotina vai nos pegar novamente e voltaremos ao piloto automático, na correria sem tempo do dia-a-dia.
Vivemos uma época em que precisamos ser recordados quase que diariamente do que é realmente importante. Precisamos de tragédias como essa para nos lembrar do valor e da brevidade da vida. Precisamos de vídeos e campanhas para nos lembrar da importância da gentileza, do cuidado e o respeito com o outro, etc. O facebook está repleto de exemplos assim. Recebemos vídeos e mensagens no WhatsApp.
Precisamos ser constantemente lembrados do que é essencial. O ter tem sido tão valorizado, que o ser precisa ser lembrado. Precisamos que nos mostrem a diferença entre ter filhos e ser pai/mãe, entre ter amigos e ser amigo. Precisamos de radares e multas pesadas para saber que as leis precisam ser respeitadas. Precisamos de um dia de conscientização para entendermos que somos todos iguais independentemente da cor da nossa pele ou da nossa orientação sexual.
Todos os dias a morte está nos jornais. Balas perdidas, crimes do tráfico, a fome, a miséria. Crianças cuja infância tem sido perdida pela guerra, pelo fanatismo religioso. Aqui perto ou bem distante as notícias se repetem.
De repente um dia uma imagem, uma cena nos toca mais profundamente. E, como hoje, muita indignação, muita coisa postada na internet. Daqui uns dias a rotina e o esquecimento.
Fica a pergunta: o que é preciso acontecer para que realmente façamos algo de concreto e duradouro? O que é preciso para que, de fato, mudanças ocorram?
Sou otimista por princípio, daquelas que sempre enxergam o copo meio cheio. Acredito que essa mudança começa hoje, comigo e com você escolhendo fazer diferente e renovando essa escolha todos os dias. Escolhendo pessoas e não coisas; o simples em vez do luxo; o perdão em vez da vingança; o respeito em vez da intolerância; a calma em vez da pressa; a proximidade em vez da distância; o ser no lugar do ter; acima de tudo escolhendo a gentileza e o amor.