Nos últimos tempos muito tem sido falado, discutido, debatido sobre a identidade de gênero, e nesses últimos dias após a liminar de um juiz no Distrito Federal a “cura” gay voltou a pauta.
Como tem acontecido com as polêmicas, todo mundo tem uma opinião a respeito, mesmo sem ter tido acesso ao processo, ao texto da liminar, ou conversado com os agentes envolvidos. Algumas opiniões são bem argumentadas outras raivosas e preconceituosas.
A sexualidade humana não é minha especialidade como psicóloga, mas acredito que a homossexualidade não é nem doença, nem escolha, assim como a heterossexualidade. Pode-se dizer que são uma característica, uma orientação, uma inclinação… Não é sobre isso que quero escrever.
Percebo que nessa discussão o principal está sendo esquecido: o indivíduo e seu sofrimento, sua dor e o quanto isso afeta suas relações, sejam elas familiares ou sociais. E é só isso que importa.
Na minha prática clínica como psicóloga e analista corporal da relação aprendi que a verdade de cada um é única e particular. Não existe certo ou errado, existe o que faz sofrer, o que impede a realização e a felicidade e o que as propicia. O que é bom e funciona para um, não necessariamente será bom e funcionará para o outro.
Como psicóloga não me cabe julgar ou dar uma opinião e muito menos escolher o caminho que o indivíduo deve seguir. Eu como pessoa tenho minhas crenças, minhas convicções, meus princípios e sei o que me serve ou não. Mas em momento algum e sobre nenhum argumento posso manipular, seduzir ou impor minha verdade àquele que me procura como profissional.
Meu papel primeiro é o de escuta. Uma escuta livre de julgamento de valor, com aceitação e respeito incondicionais. Quem me procura deve ter no meu consultório um espaço para SER, sem medo, sem vergonha, sem restrição ou pudor. Um local onde tudo, absolutamente tudo pode ser dito por mais absurdo ou errado que possa parecer. A pessoa precisa ser acolhida e aceita.
Uma vez estabelecida a relação de confiança é meu papel como psicóloga questionar a pessoa, auxiliá-la a compreender o que acontece, quais os afetos envolvidos, quais as crenças que permeiam a história, enfim, ajudá-la a perceber-se e compreender-se para a partir daí fazer as suas escolhas, sejam elas quais forem, sempre respeitando o seu tempo, seus valores, suas crenças, suas verdades.
O mais importante nesse debate todo é a LIBERDADE. As pessoas precisam ser livres para serem o que são, para fazerem suas escolhas, mesmo que a escolha seja negar aquilo que se é. Toda vez que impomos a nossa verdade ao outro, por mais bem intencionados que somos, erramos.
Acredito ser muito importante debater o tema, trazer informação (fundamentadas em pesquisas e estudos sérios e não baseadas em achismos e palpites), para que as pessoas possam compreender e decidir. CONHECIMENTO é fundamental. Dessa forma evitamos que pessoas e grupos, com interesses e agendas pessoais, manipulem, deturpem os fatos, aprisionem as pessoas em papéis que não lhes cabem.
E por último, mas não menos importante, RESPEITO! Posso não concordar, posso achar uma loucura a escolha do outro, mas preciso respeitá-la.


