Os meses passaram a ter cor. Janeiro é branco.
É uma iniciativa para chamar a atenção para saúde mental e emocional.
Impressionante que esse seja um tema ainda repleto de tanto preconceito, desconhecimento e ambivalência.
A doença mental ainda é associada à loucura, à camisa de força e tantos outros estereótipos.
De fato, a loucura, que as pessoas têm em mente, faz parte da saúde mental. No entanto, não é só isso. Na doença mental estão alterados processos cognitivos e afetivos que levam a alterações de comportamento, raciocínio , compreensão da realidade e adaptação à vida. Entre as mais conhecidas temos a depressão, o transtorno bipolar, a ansiedade, a anorexia, a bulimia, entre outros. Você deve conhecer alguém que teve ou tem uma doença mental. Ela é comum.
Já ouvi muitas pessoas tratarem a doença mental como algo que depende da vontade da pessoa. Isso é um erro. A doença mental pode ter causas orgânicas (de ordem genética, neurológica), ambientais ou psicológicas. Não escolhe idade, sexo, religião, etnia ou orientação sexual.
As pessoas têm uma forma muito peculiar de lidar com a doença mental. Se um indivíduo tem um problema de coração procura um cardiologista. Se tem um osso quebrado vai ao ortopedista. Se tem depressão vai ao clínico geral, ao ginecologista, ao amigo que é médico, à sortista, à igreja, etc. São poucos os que procuram voluntariamente os especialistas: o psiquiatra e o psicólogo. São esses profissionais que se dedicam a estudar, compreender e tratar as doenças mentais, cada um dentro da especificidade de sua área de atuação.
As pessoas contam para os amigos, familiares e conhecidos quando tem um problema de pressão ou de tireoide, mas silenciam quando a doença é mental.
Os brasileiros têm uma tendência forte a automedicação. A maioria não se importa de tomar um medicamento para dor, um anti-inflamatório, etc. Também não se incomodam de tomar medicamentos de uso contínuo para diabete, pressão, tiroide, ainda que preferissem não fazê-lo. Mas na hora de tomar um remédio para uma doença mental é diferente. Não querem tomar, ou começam e querem parar o quanto antes.
Se uma pessoa for internada para tratar um câncer, for para um spa fazer um tratamento para obesidade, tudo bem. Se for internada para tratar de uma doença mental isso é motivo de embaraço, vergonha até.
Isso precisa mudar! Urgentemente.
A doença mental é uma doença como outra qualquer e precisa ser tratada. Todo esses pré-conceitos dificultam a busca e a adesão ao tratamento.
Ela traz sofrimento para a pessoa e seus familiares. É uma dor diferente, mas ela é potencializada pelo silêncio, pela vergonha, pelo preconceito.
Quanto menos se fala, menos se conhece, menos se compreende, mais difícil fica.
Todo início de ano nos propomos a mudar algumas coisas em nossa vida. Vamos deixar o preconceito de lado e mudar a forma como lidamos com a doença mental.





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