Setembro é amarelo! Desde 2014 setembro se veste de amarelo em uma campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio. É um tema que a maioria prefere evitar, pois choca a ideia de que alguém tire a sua própria vida. Não compreendemos.
Quando alguém tentou o suicídio ou suicidou-se ouço alguns comentários como: quem tenta está querendo chamar a atenção, pois se quisesse mesmo teria se matado. Ou: é um covarde.
O fato é que notícias a esse respeito sempre causam alguma reação, mas nunca são ignoradas.
Não é minha área de atuação, mas já tive, em meu consultório, algumas pessoas que fizeram tentativas de tirar a própria vida. Quero refletir sobre o que aprendi com elas.
Seja qual for o motivo que as levem a pensar em atitude tão extrema, o fato é que elas se encontram num estado de profunda dor e desesperança. Não encontram, por mais que tentem, uma forma de lidar ou superar a sua dor. Sentem-se impotentes diante dela. E o suicídio passa a ser visto como uma solução, uma forma de terminar com tamanho sofrimento.
Muitas vezes se sentem sós. Como se ninguém visse ou compreendesse o seu sofrimento. E, para muitos, isso é um fato real.
Eu acredito que quando uma pessoa tenta o suicídio ela não está tentando chamar a atenção, mas está pedindo socorro! É preciso ouvir e levar a sério esse pedido. Pois ele será repetido e em algum momento essa tentativa pode dar certo.
Alguns sentem culpa, pois percebem que existem pessoas com problemas muito mais graves, em situações muito mais difíceis do que a sua e conseguem enfrentar. O fato é que a dor do outro não lateja em mim. E só eu sei como minha dor dói. Mas acima de tudo, não me parece que seja possível fazer uma comparação, pois muito mais que o tamanho ou gravidade do problema, o que conta aqui é a estrutura, a capacidade, o repertório que cada um construiu ao longo da vida para lidar com a dor.
O instinto mais forte do ser humano talvez seja o de sobrevivência. Basta olharmos para as inúmeras histórias de pessoas que sobreviveram em situações as mais difíceis de privação, de dor, de doença e sobreviveram. Sobrepujar esse instinto e acabar com a própria vida nos dá a dimensão da dor, do desespero e do desamparo em que essas pessoas se encontram.
Portanto, antes de julgarmos as pessoas que tentam ou se suicidam, vamos estender uma mão. Muitas vezes o que elas precisam é isso, alguém que fique ao seu lado e em silêncio ouça a sua dor.





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