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Análise Corporal da Relação, Comportamento, Geral, Reflexão

UMA PARADINHA FORÇADA

Há alguns dias sofri um pequeno acidente. Nada grave, mas resultou numa clavícula quebrada com direito a cirurgia, placa e pinos. E, como não poderia deixar de ser, foi a clavícula direita! Cá estou eu, com o braço direito imobilizado até o Natal e com algumas reflexões.

Gosto de pensar que todas as crises que passamos, sejam elas pequenas ou grandes, nos trazem algum tipo de aprendizado. Assim sendo, fiquei me perguntando: o que eu preciso aprender nesse momento?

O primeiro aprendizado foi sobre a capacidade de adaptação do ser humano. Em 15 dias já sou capaz de fazer a maioria das coisas com a mão esquerda. Ficam de fora atividades necessariamente executadas com duas mãos como cortar o bife ou amarrar o tênis.

O que me leva ao segundo aprendizado que, na realidade são dois, mas estão muito interligados: pedir e depender. Eu dependo de pessoas para uma série de atividades diárias e me vejo tendo que pedir ajuda em vários momentos, inclusive para estranhos. Somos dependentes por natureza, não podemos tudo sozinhos. Pedir, talvez seja o mais difícil, pois nos faz admitir a nossa necessidade do outro, a nossa fragilidade em algum aspecto. Com todos os anos de terapia e ACR (Análise Corporal da Relação) aprendi a pedir com mais tranquilidade, mas percebo no consultório como para muitos isso é difícil. Pedir expõe a nossa fragilidade e necessidade do outro, tornando-o mais poderoso, pois possui algo que me falta. Para fazer isso com tranquilidade precisamos ter integrado o nosso próprio poder, de tal forma que dar ao outro o poder de nos ajudar não seja ameaçador.

Por melhor que eu esteja com a mão esquerda, estou muito mais lenta. E, por incrível que possa parecer, continuo fazendo tudo o que fazia antes, num ritmo mais tranquilo e ainda tem me sobrado tempo para ficar sem fazer nada!!! O que me leva ao terceiro aprendizado: correria não é eficiência. Por uma serie de circunstâncias estava muito acelerada, correndo feito louca, com uma sensação de urgência. Muitas vezes a ansiedade que isso trazia me tornava atrapalhada, ficava dando voltas em torno do próprio eixo, sem sair do lugar ou produzir de forma efetiva.

Hoje estou mais tranquila, produzindo bem e de forma mais criativa. Sinto-me mais inteira em cada coisa que faço. A vida tem mais qualidade, mais riso, mais harmonia. Minha vida era muito boa, agora está melhor.

Eu lhes digo, diminuam um pouco o ritmo, respirem, olhem em volta e desfrutem das experiências que a vida lhes traz, mesmo as difíceis. Um pouco de incômodo, desconforto, tristeza ou preocupação é inevitável. São esses momentos que nos fazem tomar consciência dos bons momentos. Lutar contra eles é somar mais um problema à uma situação difícil. Vivê-los e procurar extrair algo de positivo é um caminho para o amadurecimento e a felicidade.

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2 Comments

  • Reply Heloisa Rego 21 de novembro de 2016 at 11:41 AM

    Muito legal o texto Luiza! Estou Há um mês e meio nesse mesmo caminho, por conta de um problema no joelho. Refletindo e revendo vários conceitos! A vida está realmente mais lenta nesse período, mas não posso reclamar!

    • Reply Luiza Helena Rocha 29 de novembro de 2016 at 9:03 PM

      Obrigada Helo! É um aprendizado mesmo.
      Se puder compartilhe.

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