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Luiza Helena Rocha

Parceria
Comportamento, Geral, Reflexão

O VERDADEIRO SENTIDO DE UMA PARCERIA

Estive no Rio Grande do Sul, em Nova Petrópolis, este final de semana participando do 4° Encontro de Facilitadores Experenciais. Fui convidada a participar e mostrar um pouco do meu trabalho.

Foi um final de semana muito produtivo, de muito aprendizado e muita troca. Foi bom conhecer profissionais que desenvolvem um trabalho sério e estão comprometidos com a qualidade do serviço e do produto a ser entregue. Um final de semana de ideias, debates, encontros, laços, enfim de parceria.

Considero-me uma pessoa de sorte, pois tenho encontrado, ao longo da minha vida profissional, pessoas fantásticas com quem tenho estabelecido parcerias produtivas e amizades duradouras.

Fala-se bastante sobre parceria, como é importante, principalmente quando estamos falando de trabalho e organizações.

Tenho dúvidas se as pessoas realmente entendem o que significa parceria. Procurando no dicionário encontramos: relação de colaboração entre duas ou mais pessoas com vista à realização de um objetivo comum.

Parceria é colaboração, cooperação, ajudar, participar, apoiar.

Para que uma parceria aconteça eu acredito que algumas condições precisam estar presentes. Primeiro ter um objetivo em comum. Algo que se deseje realizar e que será melhor, mais prazeroso ou mais facilmente realizado em conjunto. Seguir numa mesma direção.

É importante estar disponível para o outro. Para verdadeiramente escutar o outro (suas ideias, receios), aceitar o outro (com suas qualidades e limitações). Estar aberto não só para receber, mas para entregar ao outro o que você tem de melhor. Uma parceria não acontece se uma das partes não está por inteiro, ou tem reservas, ou sejam, é necessário confiar. Sem confiar no outro uma verdadeira parceria não se estabelece. Uma relação franca, onde a comunicação flui, sem entraves. Onde se pode dizer o que se pensa e acredita.

É preciso fortalecer os laços para que eles suportem as divergências e os conflitos que irão ocorrer.

Talvez não seja a forma mais fácil de atingir um objetivo ou realizar algo, mas com certeza é uma forma mais rica em possibilidades e aprendizado.

Eu adoro trabalhar em parceria, onde o outro faz com que eu brilhe no que tenho de melhor, me complementa no que me falta e me permite fazer o mesmo por ele.

Pais e Autismo
Comportamento, Geral, Reflexão

ESCOLHENDO A ESPERANÇA

No dia 02 de abril foi o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. Todas as ações que levem as pessoas a falarem, refletirem, conhecerem e entenderem qualquer tipo de patologia são válidas e necessárias.

Receber um diagnóstico desses é devastador para os pais. O chão desmorona e junto com ele todos os sonhos a respeito do futuro do filho. Incerteza, medo, angústia, luto… são muitos os sentimentos.

Passado o primeiro impacto sobrevêm as dúvidas. Muitas. O que fazer? Que profissionais procurar? Qual a melhor linha de tratamento? Quem é o melhor especialista? A escola vai dar conta?

Hoje os pais têm uma especial ajuda da Internet e buscam, ávidos, informações. Vão participar de comunidades, vão conversar com outros pais.

Aos poucos as coisas se acalmam e é possível olhar para o filho e começar a fazer escolhas, priorizar trabalhos, adequar o orçamento e a rotina à nova realidade.

E é nesse momento que os pais fazem, de forma inconsciente na maioria das vezes, a principal escolha. Aquela que vai ser determinante para o tratamento e para o futuro do filho. Os pais vão escolher entre ter pena do filho, e de si mesmos em certa medida, ou acreditar que ele tem um futuro rico de possibilidades pela frente.

Vão escolher entre superproteger o filho ou acreditar no seu potencial e construir, pouco a pouco, a sua autonomia.

Parece lugar comum, mas é escolher entre o copo meio vazio ou o copo meio cheio. Porque não importa quão grave e limitante seja o diagnóstico, sempre existem possibilidades e o ser humano tem uma capacidade incrível de superação e de se reinventar.

E é essa escolha que vai determinar o futuro do filho. Existem inúmeros exemplos de superação e realização de pessoas com as mais diferentes limitações físicas, intelectuais ou psíquicas. Em todas elas existem pais que, apesar das incertezas e da dor, escolheram aceitar, amar e acreditar no seu filho, olhando sempre para as possibilidades e focando no desenvolvimento daquilo que a criança tem de melhor.

Criança
Comportamento, Geral, Reflexão

EU ACREDITO NA CRIANÇA!

Todos queremos saúde, ninguém quer estar doente. Quando se trata dos filhos então, mais ainda. Por isso é tão difícil quando se tem algum diagnóstico de um transtorno, de uma síndrome ou doença.

Inicialmente é o choque com a notícia, incredulidade. Não pode ser!! Não está certo!! Vamos buscar uma segunda opinião enquanto nos informamos o máximo possível sobre o assunto. Viva o Dr. Google!

Confirmado o diagnóstico entra-se numa outra fase. É preciso parar de chorar e partir para ação. Buscar toda a ajuda possível, todos os tratamentos, todos os profissionais.

É isso mesmo. É preciso buscar todos os recursos para que a criança possa se desenvolver e superar as dificuldades e limitações que o diagnóstico lhe aponta.

No entanto, é preciso tomar cuidado para que a criança não seja determinada e enxergada somente através de sua doença. Quando fazemos isso corremos o risco de exigir menos do que ela pode ou de encarar qualquer situação como parte do quadro. Recentemente atendendo uma família que se confrontava com um diagnóstico difícil os pais apontaram para o fato do filho não andar de bicicleta. Muitas crianças não andam ou demoram a andar de bicicleta pelos mais variados motivos: não tem uma bicicleta, não tem onde andar, não tem com quem andar ou simplesmente não tem interesse nisso, sem que isso seja um sintoma.

Por conta de minha formação como psicomotricista relacional tenho uma forma um pouco diferente de encarar a situação. Sem desconsiderar o diagnóstico, procuro olhar para a saúde. Toda criança, independente de sua condição, tem um potencial, tem coisas que é capaz de realizar, tem habilidades e potencialidades. É para isso que dirijo meu olhar em primeiro lugar. Quero saber o que ela sabe, o que ela faz e partir daí para ajuda-la a desenvolver-se. É a experiência do sucesso que a fortalece para enfrentar os desafios mais difíceis. Insistir somente no que falta é expor a criança a um histórico de fracassos sucessivos e dificuldades que a levam a questionar a sua capacidade de realizar.

Ao contrário, quando a criança é reconhecida pelas suas habilidades, aumenta sua autoestima e se torna fortalecida e empoderada para enfrentar e superar os desafios.

É preciso tomar cuidado para não encerrar a criança numa patologia, para que o diagnóstico não seja uma justificativa para comportamentos e atitudes.

Recentemente me perguntaram se eu trabalhava com uma determinada patologia. Embora já tenha tido em meu consultório várias crianças com o mesmo diagnóstico, minha resposta foi não. Porque não cuido de patologias, eu cuido de crianças, de pessoas e acredito profundamente que, mais do que dificuldades, elas tem possibilidades, habilidades e é isso que me interessa acima de tudo

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APROPRIAÇÃO CULTURAL

Um dos temas do momento é a Apropriação Cultural. Está em todas as mídias por conta do uso de um turbante por uma moça branca. Tolice.

Nesta mesma semana vi no facebook a história de um menino que pediu para que a mãe cortasse seu cabelo igual ao de seu amigo, pois assim um poderia se fazer passar pelo outro, enganando a professora. O bonito desta história é que um era branco e o outro afrodescendente. A criança não percebia a diferença. Em parte porque é criança, em parte porque o outro é seu amigo e detalhes como a cor da pele não são importantes. O que importa são as brincadeiras, as risadas, tudo o que partilham.

Somos todos seres humanos e cidadãos e como tal temos que ter nossos direitos respeitados e sermos tratados com dignidade.

Infelizmente nós, seres humanos, somos preconceituosos. Tudo o que é diferente acaba por causar estranheza e parece ameaçador.

Ninguém deveria ser discriminado por sua cor, raça, orientação sexual, religião ou o qualquer outra coisa. Ações afirmativas foram importantes em vários momentos da história para dar visibilidade a questão e corrigir os erros.

No entanto, o fato, por exemplo, de eu proibir o uso de determinadas palavras, etc. não elimina o preconceito. Ele continua existindo, só não se manifesta. Não por respeito real, mas por medo da punição.

No artigo da semana passada falei sobre um sentimento em relação ao uso da palavra luta em relação as reivindicações das mulheres por mais respeito aos seus direitos e à sua dignidade.

O mesmo acontece aqui. Quando lutamos contra o preconceito colocamos o outro como inimigo. Ele vai se defender e, para muitos, o ataque é a melhor defesa.

Quanto mais nos aproximarmos uns dos outros, nos conhecermos, menor será o preconceito. Quando conhecemos a pessoa, coisas como sua raça, cor, religião e preferencias sexuais não importam. Porque o afeto é direcionado à pessoa. Ele se torna conhecido e não me gera preconceito. Ele passa a ser um igual, ainda que diferente.

Em vez de lutar, vamos ensinar, vamos mostrar para o outro a nossa cultura, a nossa singularidade. Vamos deixa-lo experimentar. Que ele se aproprie, que ela se torne dele também. Assim as diferenças deixarão de ser importantes ou ameaçadoras.

O desconhecido pode ser ameaçador, o conhecido não. Ensinar, conviver é a chave. Educação, educação, educação.

 

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Comportamento, Geral, Reflexão

CHEGA DE “MIMIMI”!

Fui convidada para fazer uma palestra para mulheres em comemoração ao seu dia. O tema era a Saúde Emocional da Mulher. Preparando a palestra fiz algumas reflexões e quero compartilhar duas com vocês.

Nós mulheres assumimos diversos papéis em nossa vida adulta. Somos filhas que, muitas vezes, passamos a cuidar de nossos pais fragilizados pela idade. Somos mães, tarefa ao mesmo tempo gratificante e desafiadora. Somos namoradas, companheiras, esposas e cuidamos dessa relação de amor. Somos donas de casa, e falo aqui não como um fardo, mas como um cuidado com o lar que construímos para nós mesmas e nossa família. Somos profissionais enfrentando os desafios diários de um mercado competitivo e, no Brasil, a maior parte do tempo em crise. Somos amigas e na cumplicidade feminina construímos a rede de afeto que nos acompanha nos momentos bons e difíceis. Vivemos nossa espiritualidade, buscando na fé a força e a inspiração que precisamos. Somos mulheres que, por força da época em que vivemos, precisamos ser magras, saradas, sempre bonitas e cheirosas, sensuais, desejantes, vivendo a sexualidade plenamente.

Ufa! É bastante coisa. E nos queixamos. Fiz isso nesse final de semana pós-carnaval. Viajei e na volta tinha que preparar três aulas, a palestra da qual estou falando, alguns critérios de avaliação para um projeto que estou desenvolvendo, acertar a contabilidade, cuidar dos meus cachorros, etc., tudo num fim de semana. Teve um momento que me desesperei e pensei que não ia dar conta. Não sabia por onde começar.

Nessa hora me veio a mente o filósofo brasileiro Luis Felipe Pondé e a expressão que, se ele não cunhou, utiliza frequentemente “mimimi”. Pensei: chega de mimimi Luiza!!! Você sabe que de um jeito ou de outro você vai dar conta de tudo (e dei) e, além do mais, foram suas escolhas!!! Você tem três aulas para preparar porque aceitou a tarefa e adora isso. Tem que preparar a palestra porque você aceitou o convite, honrada com a oportunidade de compartilhar sua experiência e aprender com outras mulheres. O projeto é algo que você está criando, é um sonho seu!!! Você tem contas para pagar porque tem casa, carro, etc. Tem que passear os cachorros porque você adora estar com eles. Essa é a vida que você escolheu para você.

Precisamos parar de nos queixar tanto. Nós assumimos tanta coisa porque damos conta. Somos multitarefa. Claro que ajuda e divisão de tarefas são bem vindas, mas se não vierem, nós damos conta. E precisamos parar de reclamar e nos orgulharmos disso.

A segunda reflexão veio de um vídeo que recebi onde certa senadora conclamava as mulheres a uma greve geral, inclusive de sexo. Patético. Mas fiquei pensando na questão da luta das mulheres! Sou absolutamente a favor que, como seres humanos e cidadãs, tenhamos os mesmos direitos que os homens. Isso não se discute. No entanto, me incomoda o termo luta. Porque se lutamos é contra algo ou alguém. Isso é colocar os homens como inimigos. E se estamos em luta, eles também estarão. Eu prefiro aliança, parceria, cumplicidade. Prefiro uma construção em equipe. Porque numa luta, alguém sairá derrotado e a partir daí é mais difícil um relacionamento amigável, colaboração.

Mulheres e homens são diferentes anatômica, fisiológica, bioquimicamente. No que somos iguais cidadania e humanidade quero igualdade. No que somos diferentes quero respeito e complementariedade. Nós mulheres podemos lutar, sabemos fazer isso quando necessário e, para defender o que é importante para nós, viramos verdadeiras feras. Mas temos uma outra forma de conseguir o que queremos que é através do diálogo, da ternura, do afeto. Prefiro a segunda.

Não somos nem mais, nem menos. Somos diferentes. Mas juntos mulheres e homens são muito mais, são a parceria perfeita idealizada pelo criador.

 

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Comportamento, Geral, Reflexão

O MAR

Depois de um tempo finalmente reencontro o mar. Que prazer!!!

Adoro o mar. Tenho medo e muito respeito por ele, sua força, sua imensidão. Mas tenho uma profunda admiração por sua beleza e intensidade.

Mar é vida! Seja pelo movimento de ir e vir de suas ondas, seja por todos os seres que nele habitam, reais ou mitológicos. A brisa que vem do mar refresca e acaricia.

O som do mar embala meu sono.

Gosto muito do mar porque tenho muitas lembranças felizes de momentos vividos tendo ele como testemunha. Castelos construídos na areia na minha infância. Momentos especiais em família. Lembro muito de meu pai quando vejo o mar. Ele gostava da praia e me ensinou a “técnica” de pegar jacaré!! Lá do fundão até ralar a barriga no raso. Ele era um expert. Com 80 anos ainda conseguia e se divertia muito pegando jacaré. Não tenho o mesmo talento, mas com certeza o mesmo prazer. Também muitas lembranças de momentos da adolescência com amigos.

Um dia imaginei ser bióloga, e trabalhar com o mar. Admirava Jacques Cousteau. Acabei psicóloga. Trabalho com o mar do inconsciente.

O mar me lembra as pessoas e seus humores. Quando o dia é claro ele pode estar de bom humor. Ondas pequenas convidam a um mergulho e a navegar. Em dias escuros seu humor é mais difícil. Pode ser violento até. Às vezes calmo e paciente, às vezes nervoso e vingativo através de ressacas e maremotos que parecem cobrar todo o mal que lhe fazem e às suas criaturas.

Ele deve rir dos homens que imaginam dominá-lo. Ilusão.

Gosto do mar porque ele me ajuda. Quando chego perto dele e vejo sua imensidão ele me ensina humildade. Sinto-me mais próxima de Deus em frente ao mar. Todas as dores, as mágoas e sofrimentos que fazem parte da vida, depois de processados entrego ao mar e ele lava minha alma. Ao mesmo tempo ele, o sol e o vento renovam minha energia, minhas esperanças, minhas forças.

A vida é como o mar. Cheia de idas e vindas, marés, ressacas… A felicidade está em saber navegar, aproveitar os bons ventos, encontrar refúgio nas tempestades e desfrutar da viagem até a chegada no porto seguro.

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Comportamento, Geral, Reflexão

DOMINGO NO PARQUE

Fui caminhar no parque no final de semana pela manhã. O dia estava lindo, muito sol, domingo…perfeito.

Muitas pessoas fizeram o mesmo. Crianças, adultos, animais todos aproveitando o belo dia de sol. Alguns caminhavam, outros corriam ou andavam de bicicleta. O parque facilita o convívio de todas essas intenções, pois nele existem três pistas separadas: uma para quem quer caminhar, uma para quem quer correr e outra para quem que andar de bicicleta, patins, etc. Tudo devidamente separado por faixas e gramados e sinalizado.

Pois bem, as pessoas não conseguem respeitar as suas respectivas faixas. Caminham na pista para corrida, andam de bicicleta na pista de caminhada e por aí vai.

Isso gera alguns transtornos. Quem está correndo se vê obrigado a diminuir o ritmo ou mudar a trajetória o que pode ser prejudicial. Quem caminha, principalmente acompanhado de crianças ou cachorros corre o risco de ser atropelado.

Além disso, muitos passeiam em duplas ou pequenos grupos. Com certeza compartilhar uma caminhada no parque num dia como o de hoje é muito bom. Mas as pessoas ocupam a pista toda e quando vem alguém em direção contrária não se afastam para dar passagem. O outro que vá para a grama se quiser.

Nada disso é grave e não tenho notícias de acidente. Mas esse cenário me fez pensar quanto autocentrados somos no nosso país. Pensar no bem-estar do outro ou no coletivo é exceção. Não fazemos por mal, simplesmente não temos o hábito de pensar ou olhar para o outro.

Tive a sensação de um país precisando de limites, de autoridade paterna! Precisamos aprender uma coisa básica. O meu direito termina na fronteira onde começa o direito do outro. Simples assim!!

Uma regra básica que vale para todos.

Se queremos mudanças no país, menos corrupção, etc. , precisamos começar a respeitar os limites. Isso é bom. Traz segurança. E como consequência paz e felicidade, não para poucos, mas para todos.

 

Leveza
Comportamento, Geral, Reflexão

É PRECISO TER LEVEZA!

A cada semana quando vou escrever um artigo fico em busca de inspiração, de uma tema que seja relevante e que interesse às pessoas. Muitas vezes é fácil. O tema está ali esperando por mim e o texto flui. Outras vezes é difícil. Começo, desisto, reescrevo, mudo… Busco inspiração a minha volta. Hoje comecei um texto falando dos meus cachorros, mas o tom estava um tanto melancólico. Desisti.

Muitas vezes a inspiração vem de temas que surgem no dia-a-dia do consultório. Mas esta semana foi pesada e não quero um texto denso, com um tema complexo. Quero algo leve.

Lembrei de um vídeo que assisti no facebook. Lindo!! Um grupo de mulheres acima dos 60 anos tendo aula de balé. Muitas nunca tinham dançado. Todas lindas, com uma leveza… Fiquei com vontade. De dançar como elas, de ter aulas, de ser leve.

Leveza é o que falta no mundo hoje em dia. Falo da leveza que encontramos na criança pequena e na velhice vivida com tranquilidade.

Aquelas mulheres não pareciam estar preocupadas com a opinião dos outros, com a perfeição dos passos. Estavam concentradas na música, no movimento, na liberdade. Seu compromisso era com seu prazer. Lindas!!!!

Será que é preciso envelhecer para compreender onde reside a verdadeira beleza e o verdadeiro prazer? Espero que não.

A beleza não está num padrão, está na singularidade de cada corpo, com sua forma, suas marcas, sua história. A beleza não está somente na juventude, está na vida vivida, saboreada.

A beleza está em desfrutar do que nos faz bem, do que nos faz alegres.

Desfrutar, saborear. Tenho a sensação que perdemos essa capacidade. É tudo tão rápido, feito com tanta pressa, urgência, que não temos o tempo necessário para de fato aproveitar as experiências, de vivê-las plena e intensamente.

Silêncio, contemplação, simplicidade, acho que era sobre isso que queria falar quando comecei a escrever sobre meus cachorros. Eles sabem fazer isso.

O mundo em que vivemos anda rápido. Tudo bem. É assim. Mas isso não impede que tiremos alguns minutos diariamente para desacelerar, para desfrutar de algo que nos dá prazer. Com leveza e alegria. Quem sabe dançar…

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A RESPONSABILIDADE DE CADA UM

Como posso fazer o seu dia melhor?

Essa é a pergunta que o marido do vídeo de que falei no artigo da semana passada começou a fazer diariamente para sua esposa.

Fiquei pensando sobre isso. A felicidade de cada um está nas suas próprias mãos. Não somos responsáveis pela felicidade do outro, mas sempre podemos fazer algo para tornar o seu dia melhor.

Um pequeno gesto pode fazer uma grande diferença no dia de uma pessoa. Existem campanhas sobre isso. Como uma gentileza gera outra e outra num encadeamento sem fim.

Aos que são mais próximos podemos perguntar, mas também podemos tornar o dia de estranhos melhor, com um bom dia, por exemplo. Ou um sorriso.

O mais interessante nessas ações é que elas não tornam somente o dia do outro melhor. Tornam o nosso melhor também!!

Quando fazemos coisas por nós é muito bom. Ir em busca de nosso objetivos, lutar por aquilo que desejamos faz parte da vida. No entanto, quando fazemos algo para o outro isso é ainda melhor. Quando nos damos conta de que alguma atitude, gesto ou palavra nossa fez a diferença, para melhor, no dia ou na vida de uma pessoa somos duplamente recompensados. Somos mais felizes. Essa felicidade não vem do reconhecimento ou agradecimento do outro. Vem da consciência de ter feito algo a mais, de ter feito algo bom.

Acredito que se pensássemos menos em termos individualistas e mais no coletivo muitos dos problemas que enfrentamos no nosso dia-a-dia não existiriam. A cidade seria mais limpa, pois nenhum lixo seria jogado no chão, pois outra pessoa vai passar por ali. Isso seria bom para o outro, mas eu também me sentiria melhor por ver minha cidade limpa. Ninguém teria dificuldade para entrar em sua garagem ou utilizar a vaga preferencial a que tem direito, pois ninguém teria parado ali só cinco minutos. O trânsito fluiria melhor, com menos stress se as pessoas dessem a vez, respeitassem a faixa de pedestre, não buzinassem. Todos se sentiriam melhor. Pequenos gestos que fazem diferença.

Precisamos entender que fazemos parte de um todo maior e que nossas atitudes afetam a todos. Não é fácil ser verdadeiramente feliz se a comunidade da qual faço parte não está bem. Não posso controlar tudo, nem modificar os outros, mas posso fazer a minha parte. Ter a consciência tranquila de que fiz o melhor para mim e para os outros para que tudo corresse bem é um bom começo.

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Comportamento, Geral, Reflexão

QUAL A MUDANÇA POSSÍVEL?

Neste final de semana navegando pelo facebook me deparei com um vídeo em que um homem falava das constantes brigas com a esposa e como uma mudança em sua atitude fez com que as coisas melhorassem.

Ele comenta que ao refletir no chuveiro após uma briga feia se deu conta de que a esposa tinha um determinado jeito de ser e que ele não tinha como mudá-la. Que só poderia mudar a si mesmo.

Isso é um fato. Não podemos mudar o outro. Mudar a nós mesmos é possível, mas exige esforço e persistência. É uma verdade simples que esquecemos constantemente. Passamos muito tempo esperando que as pessoas a nossa volta mudem, preferencialmente na direção que consideramos a melhor, para que as coisas comecem a funcionar ou melhorem.

Queremos que os pais mudem, que os filhos mudem, os amigos, o chefe, os colegas mudem.

Pode ser que isso aconteça, mas não será porque nós queremos. A única pessoa que posso mudar sou eu mesmo. No entanto, quando eu mudo, a forma de agir, de falar, de pensar, acabo por mudar o contexto, a situação, a relação. Muitas vezes o outro muda também. É muito difícil continuar lidando do mesmo jeito com algo, ou alguém, que está diferente. Foi o que aconteceu com o casal do vídeo.

Estamos iniciando o ano preocupados. Donald Trump presidente dos Estados Unidos nos faz questionar o futuro do mundo. A morte de Teori Zavascki (tenha sido acidente ou não) nos faz questionar a continuidade da Operação Lava Jato e os destinos da batalha contra a corrupção. A crise continua.

Todos nós brasileiros queremos que o país mude. Queremos um país com menos corrupção, mais igualdade, mais dignidade, segurança, saúde, educação. Queremos que os políticos mudem. Podemos não eleger essas pessoas, mas não podemos mudá-las.

Acredito que a mudança que queremos, passa por uma mudança de cada brasileiro. A única que realmente podemos fazer acontecer.

Estamos esperando o Brasil se tornar um país de primeiro mundo, para nos comportarmos como cidadãos de primeiro mundo. É preciso inverter essa lógica. Mudemos primeiro. Mudemos nossas atitudes. Da próxima vez que sair e beber, não dirija. Não por medo de uma blitz, mas porque é o certo a fazer. Não use o celular enquanto está dirigindo. Não por medo de levar um multa, mas porque é o certo a fazer. Peça a nota fiscal. Não porque vai receber desconto no IPTU, mas porque é o certo a fazer. Não estacione na vaga de idoso ou deficiente por medo de ter o carro guinchado. Mas porque é o certo a fazer. Não discrimine por cor, religião, orientação sexual. Não por medo de ser preso, mas porque é o certo.

Essas mudanças de atitude não vão mudar o país de uma hora para outra, mas com certeza são passos na direção certa. Porque ética e cidadania não são para ser utilizadas conforme a conveniência, mas para serem vividas a cada dia.