All Posts By

Luiza Helena Rocha

slide1
Análise Corporal da Relação, Comportamento, Geral, Reflexão

JANEIRO É BRANCO.

Os meses passaram a ter cor. Janeiro é branco.

É uma iniciativa para chamar a atenção para saúde mental e emocional.

Impressionante que esse seja um tema ainda repleto de tanto preconceito, desconhecimento e ambivalência.

A doença mental ainda é associada à loucura, à camisa de força e tantos outros estereótipos.

De fato, a loucura, que as pessoas têm em mente, faz parte da saúde mental. No entanto, não é só isso. Na doença mental estão alterados processos cognitivos e afetivos que levam a alterações de comportamento, raciocínio , compreensão da realidade e adaptação à vida. Entre as mais conhecidas temos a depressão, o transtorno bipolar, a ansiedade, a anorexia, a bulimia, entre outros. Você deve conhecer alguém que teve ou tem uma doença mental. Ela é comum.

Já ouvi muitas pessoas tratarem a doença mental como algo que depende da vontade da pessoa. Isso é um erro. A doença mental pode ter causas orgânicas (de ordem genética, neurológica), ambientais ou psicológicas. Não escolhe idade, sexo, religião, etnia ou orientação sexual.

As pessoas têm uma forma muito peculiar de lidar com a doença mental. Se um indivíduo tem um problema de coração procura um cardiologista. Se tem um osso quebrado vai ao ortopedista. Se tem depressão vai ao clínico geral, ao ginecologista, ao amigo que é médico, à sortista, à igreja, etc. São poucos os que procuram voluntariamente os especialistas: o psiquiatra e o psicólogo. São esses profissionais que se dedicam a estudar, compreender e tratar as doenças mentais, cada um dentro da especificidade de sua área de atuação.

As pessoas contam para os amigos, familiares e conhecidos quando tem um problema de pressão ou de tireoide, mas silenciam quando a doença é mental.

Os brasileiros têm uma tendência forte a automedicação. A maioria não se importa de tomar um medicamento para dor, um anti-inflamatório, etc. Também não se incomodam de tomar medicamentos de uso contínuo para diabete, pressão, tiroide, ainda que preferissem não fazê-lo. Mas na hora de tomar um remédio para uma doença mental é diferente. Não querem tomar, ou começam e querem parar o quanto antes.

Se uma pessoa for internada para tratar um câncer, for para um spa fazer um tratamento para obesidade, tudo bem. Se for internada para tratar de uma doença mental isso é motivo de embaraço, vergonha até.

Isso precisa mudar! Urgentemente.

A doença mental é uma doença como outra qualquer e precisa ser tratada. Todo esses pré-conceitos dificultam a busca e a adesão ao tratamento.

Ela traz sofrimento para a pessoa e seus familiares. É uma dor diferente, mas ela é potencializada pelo silêncio, pela vergonha, pelo preconceito.

Quanto menos se fala, menos se conhece, menos se compreende, mais difícil fica.

Todo início de ano nos propomos a mudar algumas coisas em nossa vida. Vamos deixar o preconceito de lado e mudar a forma como lidamos com a doença mental.

 

 

 

slide1
Análise Corporal da Relação, Comportamento, Geral, Reflexão

ANO NOVO, VIDA NOVA?

Será?

Essa é a proposta que nos fazemos a cada final de ano. Faremos muitas mudanças, faremos diferente, vamos começar a fazer, vamos deixar de fazer…

A intenção é real, o desejo também, mas nossos propósitos costumam sucumbir à rotina rapidamente e tudo volta a ser como sempre foi. É assim todos os anos.

Por que?

Porque uma das tarefas mais difíceis que temos na vida é mudar. Mudar hábitos, a rotina, uma forma de pensar, uma forma de agir. Por melhores que sejam nossas intenções e mais fortes os nossos propósitos a tarefa é árdua.

Entre algo ruim ou desconfortável, mas conhecido, e algo novo e desconhecido acabamos por optar (inconscientemente) pela segurança do conhecido. Além disso, temos uma série de ganhos secundários, dos quais muitas vezes não nos damos conta, e que nos levam a manter aquilo que desejamos mudar.

Outro ponto a considerar é que queremos mudar muitas coisas ao mesmo tempo, ou fazer mudanças muito radicais o que torna as coisas mais difíceis.

Para mudar, primeiro é preciso colocar metas possíveis, realizáveis. Nada de exageros! Dividir a meta em etapas, para podermos perceber e celebrar cada passo que nos aproxime do resultado desejado. Celebrar cada conquista é muito importante. Saber que o processo de mudança não é linear, que retrocessos fazem parte e que se hoje você falhou isso não significa que o processo todo está fracassado. Respire fundo, e retome a caminhada.

Planejar antes também é importante, pois muitas das mudanças que queremos necessitam de investimentos ou preparação.

Pedir ajuda também é bom. Contar para pessoas próximas e que gostam da gente, que podem contribuir com o processo, incentivar e, até mesmo, sinalizar quando estamos nos desviando do caminho pode contribuir para o sucesso do projeto de mudança.

No entanto, para algumas mudanças vamos precisar de mais ajuda. Alguém que nos auxilie a compreender o que tem nos impedido de mudar, quais os ganhos secundários que dificultam o processo, quais as crenças envolvidas que atrapalham a mudança.

Buscar um processo terapêutico que nos ajude não só a compreender, mas acima de tudo, a buscar estratégias que nos levem ao sucesso. E, se percebemos que a mudança não é possível, nos ajude a aceitar e a viver bem com essa realidade.

O que buscamos com a mudança, mais do que uma vida nova, é uma vida mais feliz. A felicidade está nesse equilíbrio entre mudança e aceitação. 

slide1
Comportamento, Geral, Reflexão

GRATIDÃO

Último artigo de 2016. Nessa época costumamos fazer uma retrospectiva do que foi vivido ao longo do ano. Foram 27 artigos falando sobre temas variados, que por algum motivo me chamaram a atenção. O objetivo foi sempre a reflexão, compartilhar meus pensamentos e sentimentos. A inspiração veio das mais diversas fontes.

Já falei esse mês sobre a importância de agradecermos por todas as coisas boas que aconteceram. Isso é natural.

No entanto, as dificuldades, tristezas e dores porque passamos ao longo do ano insistem em marcar presença em nossas lembranças. Parece inerente a esse período, basta ver as retrospectivas.

Então vamos agradecer por elas também.

Ninguém quer passar por dificuldades, mas elas fazem parte da vida e, assim como as alegrias, constroem aquilo que somos. A diferença entre as pessoas talvez esteja muito mais na forma como enfrentam as adversidades do que nas alegrias que vivem.

Além disso, sabemos da doçura porque experimentamos o amargo. Sabemos do frio, porque vivemos o calor. Assim como num monitor cardíaco, só há vida quando existem altos e baixos.

Busquemos a felicidade, mas vamos extrair das dores todo o aprendizado possível. Vamos nos fortalecer com elas, sem endurecer ou nos fecharmos.

Esse é outro ponto: muitas vezes para nos proteger, ou proteger àqueles que amamos, acabamos por levantar defesas (e elas são importantes) de tal magnitude que acabamos por impedir que alegrias, aventuras e coisas boas penetrem e cheguem até nós. Difícil equilíbrio.

Assim sendo, sejamos gratos a cada minuto vivido nesse ano, a cada experiência, cada encontro. Acima de tudo sejamos gratos pelas pessoas que fizeram parte de nosso ano.

Para 2017 desejo à você que as experiências sejam ricas, o aprendizado constante. Que você seja feliz, que tenha força, discernimento e sabedoria para enfrentar as dificuldades. Que os encontros sejam alegres e que as pessoas sejam muito mais importante do que as coisas. Que você possa estar inteiro em cada experiência vivida, desfrutando de cada momento. Que você insista e não desista do que é realmente importante, mas deixe ir tudo o que não lhe pertence ou não lhe faz bem. E que você tenha muitos sonhos.

Feliz Ano Novo!!!!

 

 

copia-2-de-slide1
Comportamento, Geral, Reflexão

O MELHOR PRESENTE

Nos artigos deste mês tenho falado de temas referentes aos sentimentos que marcam a chegada do final do ano. Falei de gratidão, caridade, solidariedade, empatia…

Para a grande maioria das pessoas essa é uma época de alegria, de família reunida, de presentes e tradições. Para outros um momento de saudades, de tristeza até. Mas acredito que todos são tocados de alguma forma pela chegada do Natal.

Preparativos são feitos: árvores e enfeites, as melhores receitas para ceia, uma roupa nova, talvez, e presentes. Uma série de celebrações entre amigos ou colegas de trabalho.

Acabamos por chegar ao dia do Natal cansados, pois são tantos os compromissos e coisas a fazer que passamos o mês na correria. Embora tenhamos prometido que iríamos nos preparar com antecedência, cá estamos com uma série de coisas que deixamos para o último momento. Faz parte.

Mas não vamos esquecer que a melhor receita da ceia é estarmos reunidos em volta da mesa com as pessoas que amamos. Que o melhor presente é um abraço carinhoso, um sorriso alegre por estarmos juntos.

Com o passar dos anos, quando olharmos as inúmeras fotos deste dia, talvez lembremos se o peru estava bom ou não, e do presente que ganhamos, mas a mais bela lembrança, aquela que deixará saudades, será dos encontros, das risadas, das histórias. Porque são as pessoas e os afetos que realmente importam.

Então nesse ano faça uma bela ceia, troque presentes, mas pense em algo especial que você gostaria de dizer para cada um. Escreva um cartão e que ao entregá-lo o abraço seja por inteiro. Aos que estiverem distantes um telefonema e aos que já se foram uma oração.

Lembremos do primeiro Natal, onde celebrou-se o nascimento de uma criança e com ela de uma família, onde o maior presente foi o amor.

 

 

slide1
Comportamento, Geral, Reflexão

SOLIEDARIEDADE

Nesta época do ano os sentimentos de amor e fraternidade estão aflorados. Em especial quando falamos de crianças.

O Natal é a celebração de um aniversário. Para aqueles que creem o aniversariante é o presente maior, dado a nós num gesto supremo de amor.

Para outros a celebração é a chegada do Papai Noel. Um bom velhinho que está presente na decoração, nas propagandas e filmes da televisão. Ele trará presentes para todas as crianças, essa é a lenda.

Para que nenhuma criança fique sem presente uma rede de caridade é montada. Nos shoppings, nas igrejas, nas escolas podemos escolher o nome de uma criança para a qual compraremos presente, roupa, guloseimas.

Esse é um bom momento para ensinarmos nossas crianças sobre a solidariedade e o desapego. Para ensiná-las a voltarem o seu olhar para o outro. Escolher alguns brinquedos com os quais não brincam mais, mas que ainda estão em bom estado, para dar às crianças que não têm a mesma sorte.

Mas não basta simplesmente se desfazer dos brinquedos. É importante entregá-los pessoalmente conhecer de perto a difícil realidade de tantas crianças. Desenvolver a empatia, a gratidão e dar valor ao que tem. Não só brinquedos, mas conforto, fartura, uma família.

Percebo na prática diária do meu consultório muitas crianças que são muito autocentradas. Isso não é bom para elas. Precisam aprender a olhar o outro, se compadecer dele e a partilhar. O Natal é um bom momento para iniciar esse aprendizado que deve seguir o ano inteiro.

Ensinar as crianças a voltarem seu olhar para o outro de forma empática, sobre a importância da solidariedade e do desapego é investir no futuro, na construção de um mundo melhor, mais pacífico e feliz!

 

slide1
Comportamento, Geral, Reflexão

DEZEMBRO CHEGOU!

E já é dezembro! E sem que nos déssemos conta mais um ano está para terminar. Vitrines decoradas, luzes na cidade, pinheirinhos e presépios nas casas. Festas de final de ano, amigo secreto, listas de presentes e pensar na ceia. A rotina se repete.

Para muitos uma época de celebração e alegria. Para muitos uma época melancólica e de saudades. Acredito que ninguém passa imune ao mês de dezembro.

2016 não foi um ano fácil, para o país, para o mundo. 2017 iniciará apreensivo. Não quero fazer uma retrospectiva, afinal as revistas, os jornais e a televisão nos trarão um resumo detalhado de todos que se foram, de todas as tragédias e crises vividas ao longo do ano. Talvez nos lembrem de um ou outro acontecimento bom que tenha ocorrido. Essa parece ser a natureza humana: olhar com especial atenção para o lado trágico da vida. O drama atrai.

Minha proposta é subverter essa tendência e focarmos nosso olhar nas coisas boas que aconteceram, nas alegrias que tivemos. E agradecer…

É simples: pegue o celular e navegue pelas suas fotos de 2016. Dificilmente fotografamos os momentos difíceis. Talvez porque não precisamos de ajuda para lembrar deles. É para lembrar das coisas boas que precisamos de auxílio.

Veja cada foto e recorde daquele momento, das pessoas, dos sentimentos e agradeça. Agradeça por cada sorriso, cada pequena celebração. Agradeça pelos lugares que visitou, pelos pratos que experimentou e pelas festas em que esteve. Agradeça pelas parcerias, pelas realizações e superações. Agradeça pelo cuidado, pelo carinho, pela amizade, pelo afeto.

Se ao olhar as fotos se lembrar de outros momentos, mais singelos ou corriqueiros e, por isso, não fotografados, também agradeça.

E ao fazer um post, ou mandar um e-mail ou escrever um cartão desejando Feliz Natal e Próspero Ano Novo inclua um agradecimento pelo que foi vivido em 2016.

Vamos recordar, reconhecer, agradecer e retribuir o que foi bom. Trazer essa energia boa para os últimos dias desse ano para que seja esse o tom do ano que em breve começa. Felicidade e gratidão!

slide1
Comportamento, Geral, Reflexão

QUE NÃO SEJA EM VÃO

Essa semana tive muita dificuldade para escrever o artigo da semana. Nenhum assunto, falta de inspiração…Queria escrever sobre algo alegre.

Eis que hoje somos sacudidos por uma tragédia. Um acidente aéreo que num instante muda a vida de tantas pessoas. Todos nós fomos tocados de alguma forma. A morte que nos parece prematura sempre choca. Um time inteiro de futebol, esse esporte que tanto emociona pessoas pelo mundo todo e a nós, brasileiros, muito especialmente.

Aos familiares, amigos e colegas das vítimas resta a perplexidade, a sensação de incredulidade, a dor indescritível. Dor acrescida da espera por poder receber seu amado para a última homenagem, para a despedida. Parece que não há nada a ser dito que possa de alguma forma trazer consolo ou alívio. Silêncio, respeito e oração é o que posso oferecer.

Após a perplexidade do momento começam a pipocar nas redes sociais uma série de mensagens falando da brevidade da vida, que só temos o presente (eu mesma postei algo nesse sentido no Twitter), que devemos dizer hoje o quanto amamos, que é hoje que precisamos ficar juntos, brincar com os filhos, etc.

Isso é verdadeiro e por um ou dois dias, tocados pela tragédia, vamos fazer isso. Mas logo, logo a rotina vai nos pegar novamente e voltaremos ao piloto automático, na correria sem tempo do dia-a-dia.

Vivemos uma época em que precisamos ser recordados quase que diariamente do que é realmente importante. Precisamos de tragédias como essa para nos lembrar do valor e da brevidade da vida. Precisamos de vídeos e campanhas para nos lembrar da importância da gentileza, do cuidado e o respeito com o outro, etc. O facebook está repleto de exemplos assim. Recebemos vídeos e mensagens no WhatsApp.

Precisamos ser constantemente lembrados do que é essencial. O ter tem sido tão valorizado, que o ser precisa ser lembrado. Precisamos que nos mostrem a diferença entre ter filhos e ser pai/mãe, entre ter amigos e ser amigo. Precisamos de radares e multas pesadas para saber que as leis precisam ser respeitadas. Precisamos de um dia de conscientização para entendermos que somos todos iguais independentemente da cor da nossa pele ou da nossa orientação sexual.

Todos os dias a morte está nos jornais. Balas perdidas, crimes do tráfico, a fome, a miséria. Crianças cuja infância tem sido perdida pela guerra, pelo fanatismo religioso. Aqui perto ou bem distante as notícias se repetem.

De repente um dia uma imagem, uma cena nos toca mais profundamente. E, como hoje, muita indignação, muita coisa postada na internet. Daqui uns dias a rotina e o esquecimento.

Fica a pergunta: o que é preciso acontecer para que realmente façamos algo de concreto e duradouro? O que é preciso para que, de fato, mudanças ocorram?

Sou otimista por princípio, daquelas que sempre enxergam o copo meio cheio. Acredito que essa mudança começa hoje, comigo e com você escolhendo fazer diferente e renovando essa escolha todos os dias. Escolhendo pessoas e não coisas; o simples em vez do luxo; o perdão em vez da vingança; o respeito em vez da intolerância; a calma em vez da pressa; a proximidade em vez da distância; o ser no lugar do ter; acima de tudo escolhendo a gentileza e o amor.

 

slide1
Análise Corporal da Relação, Comportamento, Geral, Reflexão

UMA PARADINHA FORÇADA

Há alguns dias sofri um pequeno acidente. Nada grave, mas resultou numa clavícula quebrada com direito a cirurgia, placa e pinos. E, como não poderia deixar de ser, foi a clavícula direita! Cá estou eu, com o braço direito imobilizado até o Natal e com algumas reflexões.

Gosto de pensar que todas as crises que passamos, sejam elas pequenas ou grandes, nos trazem algum tipo de aprendizado. Assim sendo, fiquei me perguntando: o que eu preciso aprender nesse momento?

O primeiro aprendizado foi sobre a capacidade de adaptação do ser humano. Em 15 dias já sou capaz de fazer a maioria das coisas com a mão esquerda. Ficam de fora atividades necessariamente executadas com duas mãos como cortar o bife ou amarrar o tênis.

O que me leva ao segundo aprendizado que, na realidade são dois, mas estão muito interligados: pedir e depender. Eu dependo de pessoas para uma série de atividades diárias e me vejo tendo que pedir ajuda em vários momentos, inclusive para estranhos. Somos dependentes por natureza, não podemos tudo sozinhos. Pedir, talvez seja o mais difícil, pois nos faz admitir a nossa necessidade do outro, a nossa fragilidade em algum aspecto. Com todos os anos de terapia e ACR (Análise Corporal da Relação) aprendi a pedir com mais tranquilidade, mas percebo no consultório como para muitos isso é difícil. Pedir expõe a nossa fragilidade e necessidade do outro, tornando-o mais poderoso, pois possui algo que me falta. Para fazer isso com tranquilidade precisamos ter integrado o nosso próprio poder, de tal forma que dar ao outro o poder de nos ajudar não seja ameaçador.

Por melhor que eu esteja com a mão esquerda, estou muito mais lenta. E, por incrível que possa parecer, continuo fazendo tudo o que fazia antes, num ritmo mais tranquilo e ainda tem me sobrado tempo para ficar sem fazer nada!!! O que me leva ao terceiro aprendizado: correria não é eficiência. Por uma serie de circunstâncias estava muito acelerada, correndo feito louca, com uma sensação de urgência. Muitas vezes a ansiedade que isso trazia me tornava atrapalhada, ficava dando voltas em torno do próprio eixo, sem sair do lugar ou produzir de forma efetiva.

Hoje estou mais tranquila, produzindo bem e de forma mais criativa. Sinto-me mais inteira em cada coisa que faço. A vida tem mais qualidade, mais riso, mais harmonia. Minha vida era muito boa, agora está melhor.

Eu lhes digo, diminuam um pouco o ritmo, respirem, olhem em volta e desfrutem das experiências que a vida lhes traz, mesmo as difíceis. Um pouco de incômodo, desconforto, tristeza ou preocupação é inevitável. São esses momentos que nos fazem tomar consciência dos bons momentos. Lutar contra eles é somar mais um problema à uma situação difícil. Vivê-los e procurar extrair algo de positivo é um caminho para o amadurecimento e a felicidade.

slide1
Análise Corporal da Relação, Comportamento, Geral, Reflexão

HOMEM NÃO CHORA

Muitos homens ainda acreditam nisso. Não só que não podem chorar, mas que não podem se emocionar, ter medo, ter sensibilidade, como se essas coisas os tornassem menos “homens”. Pena…

Estou falando de um preconceito que dá às mulheres o direito à fragilidade, ao medo, à emoção e aos homens o direito à força, à coragem, à fortaleza.

Bobagem. Homens e mulheres, ainda que diferentes, têm ambos o direito a sentir e expressar sua força, sua fragilidade, seu medo, sua coragem, sua raiva, seu amor. Ambos sofrem com esses estereótipos.

Outubro foi rosa, novembro é azul!!! E pelos mesmos motivos: conscientizar sobre a importância do autocuidado e da prevenção quando se pensa em câncer. Dessa vez quer se conscientizar os homens sobre a prevenção do câncer de próstata.

Se para algumas mulheres autoexame e prevenção é complicado para muitos homens isso é impossível!! E com isso ficam muito vulneráveis.

A dificuldade começa porque como são vistos como o sexo forte e tal, com um quê de super-herói invencível, pensar na possibilidade da doença é ir contra um princípio básico.

Cuidar-se para os homens é um conceito relativamente novo. Até pouco tempo atrás isso passava pela prática de esportes (o que ia de encontro ao princípio do herói ágil e forte) e idas ao barbeiro (reduto masculino por excelência). Hoje isso mudou. Homens e mulheres se encontram no salão sem problema. Homens não vão apenas para cortar o cabelo, mas fazem pedicure, manicure, tintura e depilação. Isso sem que sua masculinidade seja ameaçada ou questionada. Ótimo!

Mas quando a questão é ir ao médico para fazer exame de próstata as coisas ainda continuam difíceis. Preconceito diretamente ligado à sexualidade masculina, envolto no fantasma da homossexualidade. A piadinha geralmente envolve o receio de gostar, se apaixonar pelo médico etc. O assunto é sério e deve ser respeitado, mas não pode ser maior que a saúde, maior que a vida.

Nós mulheres temos um papel importante a desempenhar aqui. Primeiro incentivando nossos maridos, namorados, amantes, pais, amigos, irmãos a irem ao médico e fazerem todos os exames necessários. Ajudando-os a vencer o preconceito.

Segundo é ensinando nossos filhos desde pequenos que eles devem se cuidar, que eles devem se amar a esse ponto. Mostrando a eles que podem ser frágeis e fortes, podem ser corajosos e ter medo, que podem chorar!!!!

Porque, minhas queridas, todo homem machista, que não chora, não respeita a mulher, etc. tem uma mãe!

slide1
Análise Corporal da Relação, Comportamento, Geral, Reflexão

UMA DOR MAIOR QUE A COMPREENSÃO

Esses dias me deparei novamente com o luto pela morte. Não a morte que acontece como coisa inevitável pelo passar dos anos, nem mesmo por aquela que não nos parece muito justa por advir de um acidente ou doença. Falo da morte como escolha.

Já escrevi sobre isso. Escrevi sobre a dor maior que a vida que leva a essa escolha. Escrevi sobre a dor de quem vai. Hoje quero escrever sobre a dor de quem fica e que, por mais que entenda, não compreende. Esse é um luto mais complexo…

Quem escolhe partir escolhe nos deixar. Esse luto vem acrescido da dor do abandono. Talvez por isso muitos falem em atitude egoísta. Aliviou a sua dor, mas me deixou com a minha. Não acredito nisso. Penso em dor, desesperança tamanha, maior que o amor por nós. Talvez os egoístas sejamos nós que queremos que o outro suporte algo tão imensamente dolorido para que nós não tenhamos que sofrer.

Penso ainda que essa possa ser uma escolha de amor por nós. Para nos poupar de testemunhar seu sofrimento, de sofrer junto. Para nos libertar de sua dor e nos permitir seguir em frente. Só não nos dão a possibilidade de escolha.

O que me leva a pensar sobre a impotência. A morte sempre nos confronta com nossa absoluta impotência diante dela. Podemos retardá-la, nunca impedi-la. Quando alguém que amamos decide partir também nos confrontamos com a impotência diante da dor. Não pudemos aliviar, curar, ajudar a suportar. Fizemos tudo o que sabíamos e podíamos… não foi suficiente. Desculpe.

A tudo isso é acrescido o silêncio, o tabu. Falar da dor, da perda nunca é fácil, mas quando a pessoa escolheu ir é quase impossível. As coisas não são ditas, são sussurradas. Entendo, mas não ajuda. Nos torna solitários.

Por isso é tão difícil. Resta chorar, seguir a vida… Resta pensar que a pessoa tão amada está livre, não sofre mais. Restam lembranças dos bons momentos, das risadas, da partilha, do amor. Resta a esperança do reencontro…