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Análise Corporal da Relação

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Análise Corporal da Relação, Comportamento, Geral, Reflexão

UMA DOR MAIOR QUE A COMPREENSÃO

Esses dias me deparei novamente com o luto pela morte. Não a morte que acontece como coisa inevitável pelo passar dos anos, nem mesmo por aquela que não nos parece muito justa por advir de um acidente ou doença. Falo da morte como escolha.

Já escrevi sobre isso. Escrevi sobre a dor maior que a vida que leva a essa escolha. Escrevi sobre a dor de quem vai. Hoje quero escrever sobre a dor de quem fica e que, por mais que entenda, não compreende. Esse é um luto mais complexo…

Quem escolhe partir escolhe nos deixar. Esse luto vem acrescido da dor do abandono. Talvez por isso muitos falem em atitude egoísta. Aliviou a sua dor, mas me deixou com a minha. Não acredito nisso. Penso em dor, desesperança tamanha, maior que o amor por nós. Talvez os egoístas sejamos nós que queremos que o outro suporte algo tão imensamente dolorido para que nós não tenhamos que sofrer.

Penso ainda que essa possa ser uma escolha de amor por nós. Para nos poupar de testemunhar seu sofrimento, de sofrer junto. Para nos libertar de sua dor e nos permitir seguir em frente. Só não nos dão a possibilidade de escolha.

O que me leva a pensar sobre a impotência. A morte sempre nos confronta com nossa absoluta impotência diante dela. Podemos retardá-la, nunca impedi-la. Quando alguém que amamos decide partir também nos confrontamos com a impotência diante da dor. Não pudemos aliviar, curar, ajudar a suportar. Fizemos tudo o que sabíamos e podíamos… não foi suficiente. Desculpe.

A tudo isso é acrescido o silêncio, o tabu. Falar da dor, da perda nunca é fácil, mas quando a pessoa escolheu ir é quase impossível. As coisas não são ditas, são sussurradas. Entendo, mas não ajuda. Nos torna solitários.

Por isso é tão difícil. Resta chorar, seguir a vida… Resta pensar que a pessoa tão amada está livre, não sofre mais. Restam lembranças dos bons momentos, das risadas, da partilha, do amor. Resta a esperança do reencontro…

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FELIZ É AQUELE SE ACEITA

Hoje assisti um vídeo falando da importância do autoconhecimento para o sucesso e a felicidade. Verdade. É muito importante nos conhecermos profundamente para fazermos nossas escolhas de forma mais acertada. Já escrevi sobre isso em outro artigo (Conhece-te a ti mesmo).

Hoje quero voltar ao assunto, mas falando de um outro aspecto. Conforme vou me descobrindo e me conhecendo melhor, surgem duas tarefas importantes, mas nem sempre muito fáceis.

A primeira delas é mudar. E como é difícil mudar. Todos que tentaram deixar de fumar, começar uma dieta, ser menos ciumentos, etc. sabem como mudar exige esforço, atenção constante e perseverança.

Esse é um caminho de idas e voltas. Momentos de sucesso e retrocesso. Até que o novo comportamento se torna parte integrante de nossas vidas algum tempo vai se passar.

Algumas coisas são mais simples de mudar, outras mais difíceis e algumas impossíveis. Não importa o quanto desejamos ou o quanto nos esforçamos não conseguiremos mudar tudo o que não gostamos em nós.

E assim surge a segunda tarefa importante: aceitação. Não podemos passar a vida brigando com algo que faz parte de nós e não podemos mudar. É um gasto inútil de energia. É preciso aceitar.

Quando aceito minhas limitações, meus defeitos, quando aceito quem eu sou, me liberto! Estou livre para verdadeiramente Ser. Estou livre para viver o que é possível para mim, o que é a minha verdade.

As coisas se simplificam. Se alguém nos critica, aponta uma falha, isso não nos fere ou paralisa, pois já sabemos e aceitamos que é assim.

Quando alguém exige de nós algo que vai além daquilo que sabemos é possível para nós, podemos dizer não, sem culpa, nem desculpa. Não gastarmos energia em algo que sabemos de antemão não daremos conta.

A beleza de sermos quem somos está não só em nossas potencialidades, mas também em nossas falhas. Mais do que as qualidades, talvez o que nos torne únicos sejam nossos defeitos e a forma como lidamos com eles.

Quando aceitamos quem somos, paramos também de tentar nos encaixar no ideal do outro. Se eu me aceito em minha totalidade, também vou querer que o outro faça o mesmo.

Mas como fazer isso? Acredito que investir num processo psicoterapêutico ou analítico é um caminho para isso. Quem arrisca encarar-se de frente, desnudar-se sem pudor, enxergar-se em sua fragilidade tem a coragem necessária para a mudança e para a aceitação. Tarefa complexa, mas que é facilitada quando pode ser compartilhada com o psicoterapeuta ou analista, que lhe acompanha, lhe questiona, mas antes mesmo de você, lhe aceita como você é, sem julgamento.

Conhecer-se e aceitar-se além de liberdade nos traz a possibilidade real da felicidade e da prosperidade.

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OUTUBRO É ROSA

Outubro é rosa!! Para lembrar-nos que devemos cuidar de nossa saúde, em especial para nos prevenirmos do câncer de mama.

O câncer de mama deve ser levado a sério. Primeiro por se tratar de um câncer, uma doença que se não for diagnosticada precocemente e tratada pode levar a morte.

Mas esta doença é feminina! Ela ataca os seios e dessa forma ataca a mulher na sua feminilidade, na sua possibilidade de ser desejada, na sua beleza. Ataca a mulher na maternidade, pois amamentar é um gesto de amor, é nutrir a vida e é, essencialmente, do feminino. O câncer nos fragiliza para além da doença, nos fragiliza em nossa essência.

Isso me leva a duas reflexões. Muitas mulheres não praticam o autoexame apesar das inúmeras campanhas, apesar do outubro ser rosa. Por que? Será o medo de encontrar algo? É provável que sim. Mas me pergunto se não existe aí também uma dificuldade de lidar com a sua feminilidade, com a sensualidade e a sexualidade das quais os seios também fazem parte. Penso que a maior dificuldade seja tocar-se verdadeiramente.

Em muitos momentos do meu percurso profissional como Analista Corporal da Relação e psicóloga me deparei com mulheres que, apesar de uma vida sexual ativa e de terem filhos, não tinham intimidade com o próprio corpo, não o conheciam, não o tocavam de forma cuidadosa e afetiva. Não sentiam prazer.

As razões? As mais variadas. Por isso acredito que ao fazermos uma campanha de conscientização, maravilhosa por sinal, devemos também falar da importância da mulher apropriar-se do seu próprio corpo, amá-lo, senti-lo e cuidar dele com todo o afeto e atenção que ele merece.

O que me leva a segunda reflexão. Muitas vezes o tratamento do câncer de mama leva a necessidade da retirada de uma ou das duas mamas. Uma cicatriz que, mesmo após a reconstrução, marca a vida da mulher. Assim como já ouvi de mulheres que tiraram o útero, vem o sentimento de ser menos mulher. Como se toda a beleza, toda a essência do ser mulher estivesse depositada nessas duas partes de nosso corpo. E isso é mais difícil numa época em que o modelo de beleza é inatingível para a grande maioria de nós.

A beleza da mulher, de qualquer pessoa, está para além do corpo. Está na alma, nas atitudes, no cuidado, na alegria que ela tem. Todo corpo é belo! Cada um na sua forma e no seu tamanho. É o nosso lugar de existência, é ele que nos permite a relação com o outro e com o mundo. Não existe corpo errado ou feio, existe corpo mal cuidado, desrespeitado e não amado.

Que no outubro rosa e em todos os outros meses possamos olhar para nossos corpos com afeto, com delicadeza, de forma a enxergarmos quão maravilhoso e belo ele é.

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ISSO É UM ABUSO!

Tomei conhecimento essa semana de um movimento chamado #relacionamentoAbusivo. Esse movimento procura mostrar às mulheres que outras ações, além da violência, são indicativas de que elas se encontram num relacionamento abusivo e dessa forma ajudá-las a perceber a realidade de seus relacionamentos. Iniciativas como essas são muito importantes e devem ser divulgadas.

Ainda que a maioria dos depoimentos que li se referiam a relacionamentos amorosos, acredito que essa realidade pode ser estendida para relacionamentos de trabalho, familiares e de amizade.

Os depoimentos falam sobre se sentir vigiada, sufocada, controlada, insegura, culpada, ridicularizada, etc. Afastar-se dos amigos, duvidar de sua capacidade, medo de ficar sozinha e não encontrar outra pessoa também fazem parte do discurso dessas mulheres.

Perceber que está num relacionamento abusivo é a primeira etapa de um processo que, para evitar repetir a história, deve ser mais profundo. As questões que precisam ser respondidas são: Por que me envolvi num relacionamento dessa natureza? Por que permaneço nele? Por que sempre me envolvo em relacionamentos assim?

Responder a essas perguntas pode ser uma tarefa complexa. Exige um despir-se para poder se ver de verdade.

Uma razão para se envolver nesse tipo de relacionamento pode ser uma autoestima baixa, uma insegurança em relação a sua capacidade de realização, de ser atraente e interessante, de ser amada. Insegurança em relação ao seu valor como mulher e como ser humano.

Toda pessoa passa por momentos em que tem dúvidas e que se sente por baixo. Faz parte. Mas isso não a leva a um relacionamento dessa natureza. Muitas vezes só o discurso de que merece o melhor, que é bonita, inteligente, etc. não é o suficiente para mudar as coisas. As raízes desse sentimento são mais profundas e foram crescendo ao longo dos anos, sem que ela se desse conta. Assim aceita um trabalho que não gosta ou que está aquém de sua capacidade, não vai atrás do que deseja aceitando o que lhe é dado e acaba por envolver-se em relacionamentos abusivos.

Para aquelas que desejam não só melhorar sua autoestima, mas compreender o porquê dessa sensação de menos valia e fazer mudanças, a Análise Corporal da Relação (ACR) é um caminho. Nesse processo é possível revisitar sua história, compreender o que aconteceu e fazer mudanças.