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Comportamento, Geral, Reflexão

A culpa é minha, a culpa é sua

Existem algumas coisas que nos unem como humanidade. Todos nós morreremos, pagaremos impostos e… erraremos!

Não há quem não erre. Erros pequenos, grandes, conscientes e inconscientes.

Não há quem goste de errar.

E o erro na maioria das vezes vem acompanhado de culpa.

A emoção básica por trás da culpa é a tristeza. Ficamos tristes quando cometemos um erro – dependendo do erro, com raiva também – principalmente se ele envolve alguém que amamos.

Sentimos culpa por ter feito ou dito algo que não deveríamos. Sentimos culpa quando deixamos de fazer ou dizer algo que deveríamos.

Na maioria das vezes nos arrependemos; às vezes não. Se é possível reparar o erro é mais fácil lidar com a culpa. Se não é possível repará-lo, dependendo do seu tamanho, lidaremos com a culpa por muito tempo.

No entanto, existem algumas pessoas que lidam com mais frequência com o sentimento de culpa: os pais quando cuidam dos  filhos e os filhos quando cuidam dos pais. A culpa é maior quando envolve uma relação de amor, seja ela entre pais e filhos, entre o casal, entre amigos.

Os pais têm um compromisso muito grande com o acerto. Não querem errar de jeito nenhum, porque sabem que seus erros afetam aqueles que tanto amam e que podem, muitas vezes, impactar fortemente em seus filhos.

Como psicóloga (e ser humano também), sei bem disso, pois não há pessoa que eu atenda que, em algum momento, não fale de sua relação com seus pais. Todos carregamos algum trauma, seja ele pequeno ou grande, dessa relação.

Os pais se culpam por não estarem presentes o suficiente, por não poderem dar tudo aquilo que desejariam a seus filhos (seja o tênis da moda, a aula de patinação ou a viagem de formatura), por terem dito palavras duras ou aumentado o tom da voz na hora de dar um limite. Por terem abraçado de menos, terem sido rígidos demais. Às vezes se arrependem na hora; às vezes após uma reflexão; outras vezes, muitos anos depois, quando a sabedoria que a vida traz leva a uma percepção diferente sobre o que era ou não importante.

Os filhos que cuidam dos pais envelhecidos ou adoentados culpam-se por não terem tido paciência para ouvir, pela enésima vez, a mesma história; por terem impedido os pais de fazerem algo ou por tê-los deixado fazer. Culpam-se porque muitas vezes precisam tomar decisões difíceis como impedir que dirijam, tirá-los de suas casas. Culpam-se pelas vezes que ficaram bravos pelo trabalho de cuidar deles o dos impactos disso na própria vida. Sentem culpa por terem ficado bravos por eles estarem envelhecendo e por não poderem ser mais o porto seguro que tinham como garantido.

Existe algo que todos têm em comum. Se não bastasse se culparem por tantas coisas, ainda são culpabilizados pelos outros. Todos têm uma ideia sobre como as coisas deveriam ser e são rápidos em apontar seus erros e trazer uma dose extra de culpa para a fatura.

— Essa criança está ficando demais no colo… ou você não está dando colo suficiente.
— Ela deveria ter uma rotina mais estabelecida… ou vocês são muito rígidos.
— A birra é culpa dos pais que não dão limite.
— A criança está acima do peso porque os pais não cuidam adequadamente da alimentação dela.

— Vocês não deveriam ter deixado esse jovem ir à festa… ou vocês precisam ser mais flexíveis.
— Não cobrem tanto… ou vocês cobram demais dele.
— Por que deixaram ele fazer a tatuagem?
— Por que não deixaram pintar o cabelo de verde?
— Deveriam ter deixado ele viajar com os amigos… ou como puderam deixá-lo ir nesse show?

Alguns desses comentários são bem-intencionados; a maioria, não. São críticas de quem não conhece a realidade cotidiana e o quanto é difícil tomar essas decisões. Não entendem que pais estão fazendo o melhor que podem com o que tem e sabem. Que se erram é por amar.

— Como você pode impedir seu pai de dirigir, tirar dele a autonomia?
— Como você permite que seu pai dirija com essa idade?
— Você deveria ter estado mais atento e levado seus pais mais cedo ao médico.
— Por que colocou uma empregada para cuidar da casa?
— Sua mãe não pode mais decidir as coisas na própria casa.
— Por que não coloca alguém para ajudar sua mãe em casa? Ela está sobrecarregada.
— Você está fazendo demais… você está fazendo de menos.

Mais uma vez alguns comentários são bem-intencionados; a maioria, não. Críticas que não levam em conta que esses filhos têm a sua família e seus filhos para cuidar, têm a própria vida, necessidades, sonhos e desejos. Não entendem que estão fazendo o melhor que podem com o que tem e sabem. Esquecem que as decisões tomadas hoje são influenciadas pela história construída entre eles e seus pais ao longo da vida.

O sentimento de culpa aponta o erro. O erro permite que reavaliemos nossas escolhas, nossa forma de pensar.

Só aprendemos quando erramos. O erro nos permite mudar.

Não errar, a perfeição… seria muito chata. Nada a aprender, nenhum conflito, uma vida sem sal e sem cor. Claro, estou falando de erros pequenos e médios como comprar algo que não precisávamos e apertar o orçamento. Como levantar um pouco a voz ou perder a paciência por algo simples porque estávamos muito cansados. Deixar de fazer algo por pura preguiça.

O erro leva ao perdão. O perdão pode aproximar as pessoas e fortalecer os vínculos.

Errar é humano, a culpa também. O importante é fazer o possível para não cometer grandes erros. Aprender com eles e, sempre que possível, repará-los e pedir desculpas.

Não tenha medo de errar, pois é inevitável. Faça o seu melhor para evitar grandes erros, que podem ter consequências graves para você e para os outros.

Em relação à culpa, ela é positiva quando sinaliza o erro e permite a mudança. Mas carregá-la por muito tempo não serve para nada. É um peso desnecessário que dificulta a caminhada.

Peça perdão e, acima de tudo, perdoe-se e deixe-a ir embora, pois já cumpriu sua função.

 

VÍDEO

Você se culpa muito?

Bem, se você é pai cuidando de filhos ou filho cuidando de pais com certeza você se culpa.

Culpa-se pelo que fez, pelo que deixou de fazer e pela forma como fez.

Culpa pelo que disse, pelo que não disse e pela forma como disse.

Se não bastasse isso, críticas externas, nem sempre bem-intencionadas, tornam esse peso maior ainda.

O sentimento de culpa nos aponta um erro. Errar é humano, faz parte do jogo. Só não erra quem não faz nada.

O erro abre a possibilidade de aprendizagem, mudança, reparação e perdão.

O erro acontece porque cuidar é uma tarefa complexa, exigente, para qual não tem manual e cujas regras mudam sempre. Quem tem mais de um filho sabe bem disso.

Procure estar atento para que o erro não seja enorme.

Acima de tudo não carregue a culpa com você. Isso não ajuda em nada, pelo contrário, é um peso desnecessário que só dificulta a caminhada.

Pela minha experiência pais e filhos erram tentando acertar e por amor.

 

 

Uma pequena pausa pode fazer uma grande diferença no seu dia.

Por serem pequenas você não precisa sentir culpa por tirar um tempo para você.

Cuidar é importante, mas cuidar do outro começa por cuidar de você.

Se você está exausto, estressado não vai conseguir cuidar do jeito que você deseja e a culpa vai aparecer.

Grandes pausas, um final de semana fora, férias nem sempre são possíveis. Algumas pequenas pausas ao longo do dia vão ajudar.

E você? Quais as pequenas pausas que você se permite ao longo de um dia?

 

 

Carrossel culpa

Você tem feito o melhor que sabe e consegue com o que tem.

Você segue perfis que falam sobre a educação de filhos, lê livros, conversa com outros pais, vai a palestras. Investe tempo e esforço para ser um bom pai.

Você se cobra pelo que fez e pelo que não fez. Pelo que falou e pelo que não falou. Se culpa.

Os outros te criticam e você se sente mais culpado.

Antes de ser pai você é humano e nós humanos erramos. A culpa surge quando nos damos conta do erro.

A culpa não é necessariamente ruim. Ela abre a possibilidade de aprender, de mudar, de reparar e de pedir perdão.

Por isso não faça da culpa um peso desnecessário. Aproveite o aprendizado, repare o que for possível, peça perdão se necessário e siga em frente com a certeza de que se tornou um pai um pouco melhor.

Lembre-se: cuide-se para cuidar de quem você ama.

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Entre Fraldas e Tarefas: Ainda Somos Nós Dois

Investir na relação de amor do casal é investir na família e no bem-estar dos filhos.
Se existe uma família, é porque antes existiu um casal. Ele é a base e a estrutura que sustentam a família.
Sim, é preciso cuidar dos filhos, mas, tão importante quanto isso, é cuidar do casal, dessa relação de amor.
O dia a dia corrido, cheio de demandas, acaba fazendo com que o cuidado com a relação do casal fique para depois — e depois. Isso não é bom para o casal, que se distancia sem perceber, mas é igualmente ruim para os filhos.

Os filhos precisam saber que, entre o pai e a mãe, existe algo do qual eles não fazem parte. Precisam saber que são muito, muito importantes, mas que não são a única relação que importa. Que existe outra, que começou antes deles, e que é tão importante quanto. Ser o centro da vida de uma pessoa é um lugar muito pesado para os filhos ocuparem.

A relação de casal dos pais é modelo para os filhos. Quando for a hora de formarem seu próprio casal, é esse modelo que eles vão, consciente ou inconscientemente, buscar.

Por isso, é muito importante que o casal encontre espaço, tempo e meios para cuidar da relação. A vida a dois já é desafiadora por si só — com filhos, o desafio é ainda maior.

Quando se tem uma rede de apoio — avós, tios, amigos, babás — que possam assumir, por um tempo (horas ou dias), o cuidado dos filhos, tudo se torna mais fácil. No entanto, quando não se tem uma rede de apoio, é preciso usar a criatividade para fazer com que momentos de conexão entre o casal aconteçam.

Cuidar da relação de amor não significa jantares à luz de velas, viagens românticas ou coisas do gênero. Sim, essas coisas são bem-vindas, mas não acontecem todos os dias — e não são suficientes para manter e fortalecer o vínculo entre o casal.

São os pequenos gestos cotidianos de carinho, cuidado, escuta e empatia que fazem a diferença.

Receber quem chega em casa com um abraço carinhoso, que dure mais do que dois segundos.

Perguntar sobre o dia e ouvir com atenção e real interesse. Olhar nos olhos.

Trazer para casa o doce preferido, uma cerveja diferente, uma rosa — algo simples que diga “lembrei de você, parei no meio da correria do meu dia e comprei algo que você gosta”.

É sair sozinho com os filhos para dar ao outro um tempo sozinho, para não fazer nada, descansar, ler, ir ao banheiro sem ser interrompido, tomar um banho mais demorado. Um tempo para sair com os amigos, jogar conversa fora e recarregar as baterias.

É andar de mãos dadas no shopping ou durante o passeio no parque com os filhos.

Olhar para o outro e entender o que ele precisa naquele momento: uma xícara de chá, lavar a louça, guardar os brinquedos…

É realizar pequenos desejos que o outro tem.

É dormir cinco minutos mais tarde para ficar quietinhos, abraçados em silêncio. É namorar. Um beijo enquanto arrumam a mesa. Esquentar o lugar do outro na cama, no inverno.

São pequenas coisas que passam uma mensagem fundamental:
não importa quão corrida esteja a vida, você é prioridade, eu penso em você, me preocupo, cuido de você, continuo te amando.

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Conversas em tempos de Pandemia 1

Olá!

Espero que vocês estejam bem.

Estamos passando por um momento singular. O mundo vive uma pandemia e nós estamos reclusos em casa por conta da quarentena que nos foi imposta. Precisamos cuidar das pessoas que amamos, de nossa comunidade e de nós mesmos.

Vivemos uma crise e temos que lidar com uma série de emoções e sentimentos. Medo, ansiedade, raiva, solidão, entre outros. A mudança na rotina e a convivência num espaço limitado o dia inteiro é um desafio.

Como para a maioria de vocês minha rotina também mudou. As aulas da faculdade estão suspensas e tive que me adaptar. Aprendi a dar aula online, criei atividades diferentes para que os alunos possam continuar com seu processo de formação e aprendizagem. Deixei de ir ao consultório. Os pacientes adultos e adolescentes tenho atendido online, mas as crianças e os pré-adolescentes estavam sem atendimento até essa semana.

A quarentena fez com que pais e filhos tenham que conviver em novas condições e com uma intensidade muito maior. Essa pode ser uma situação muito boa, de resgate, de estreitamento de laços, de redescoberta, porém também pode ser um tanto difícil para todos.

Sabendo disso entrei em contato com os pais para saber como estavam e para dar um apoio, quem sabe uma orientação, sugestões de atividades.

Fui surpreendida, pois as crianças e pré-adolescentes quiseram conversar. Marcamos um horário e cada um, na privacidade de seu quarto, conversou comigo. Eles me mostraram que eles também estão tendo algumas dificuldades e incertezas nesse momento.

Nos próximos artigos vou falar sobre o que podemos fazer para ajudá-los a atravessar essa tempestade com mais tranquilidade.

Um carinhoso abraço.

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FEMININA

Sou mulher e tenho a felicidade de conviver com muitas mulheres sejam elas de minha família, amigas, alunas, colegas, pacientes, colaboradoras…  Mulheres de todos os tipos. Algumas ainda são crianças, nem se sabem mulheres ainda. Outras jovens, algumas mais experientes e vividas. Vaidosas, peruas, despojadas, modernas, tradicionais. São todas diferentes, mas igualmente belas. Cada uma tem uma forma, um corpo, um jeito, um trejeito, uma maneira de ser. Todas únicas e, por isso, perfeitas na sua singularidade.

Observo os diversos papéis que elas assumiram em suas vidas. Todas são filhas. Umas desfrutam do cuidado de suas mães, outras tornaram-se mães de seus pais. Para algumas a maternidade é um sonho realizado, para outras desejado e para muitas não faz sentido. As relações de amor são de todos os tipos que a época em que vivemos permite. A grande maioria trabalha, cuidando da casa e da família, atuando nas mais diversas profissões ou as duas coisas.

Pobres, ricas ou da classe média todas fazem o possível para serem belas. Muitas não reconhecem a sua própria beleza e buscam o ideal inalcançável do fotoshop. Esquecem que são reais, que seus corpos contam sua história, que as marcas são das experiências vividas, dos encontros e desencontros.

Para mim são todas poderosas, ainda que algumas não se sintam dessa forma. Todas possuem o poder de ser mulher, do feminino. Um poder único.

Infelizmente esse poder não tem sido valorizado ou até mesmo reconhecido. Na luta pelo lugar de cidadã de direitos, pela liberdade de ser o que desejasse, de fazer as suas escolhas, de ir e vir, de realizar seu propósito de vida, de existir plenamente, muitas mulheres perderam o contato com esse poder que vem da essência do feminino. Confundiram ter os mesmos direitos que os homens, com ser iguais aos homens. Não somos.

Somos diferentes na forma, na textura, na biologia, na essência. Da mesma forma nosso poder, nossa força são diferentes. Nem melhor, nem pior. Nem mais, nem menos. Diferentes.

O poder feminino é o poder de gerar a vida em seu ventre e nutri-la em seu seio. O poder de conter afetivamente, não só o filho, mas todos a quem ama. De gerar ideias, de fazê-las crescer, dar frutos. De alimentar as relações, os sonhos – seus e de outros – com seu afeto, sua determinação.

O corpo de uma mulher foi nossa primeira morada e o feminino tem o poder de transformar em um lar a casa, onde somos bem-vindos, onde nossa dor é acolhida, nossas alegrias e realizações celebradas. Um lar onde podemos descansar, lamber as feridas, recuperar nossas forças. Lugar de onde saímos para o mundo e para onde podemos voltar.

A mulher tem o poder de criar vínculos, ligar os pontos, aproximar os distantes. Poder de tecer uma teia, não que aprisiona, mas que conecta, que sustenta, que protege. Da mesma forma que o filho se une ao seu corpo, ela tem o poder de unir as pessoas, fortalecer as relações.

É forte, capaz de defender seu filho, sua família, seus amigos, suas ideias.  E essa mesma força usa para realizar seus sonhos, construir a vida que deseja e merece, ir além.

Em alguns momentos emprestamos o poder masculino, pois a situação exige. Da mesma forma, eles emprestam nosso poder quando precisam. Tudo bem, desde que não renunciemos a nossa essência.

Quando entramos em contato com nosso poder, reconhecermos sua grandeza, sua força, sua beleza, quando o assumimos plenamente sem medo ou culpa, encontramos a paz e a felicidade de ser quem somos: mulheres.

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O MAIS IMPORTANTE DE TUDO

Este é o último artigo do mês das crianças. Nos artigos anteriores refleti sobre a infância, sua beleza, singularidade, sobre as preocupações dos pais, mas, acima de tudo, enfatizei a importância do brincar. Acredito que tenha ficado claro o papel que o brincar desempenha no desenvolvimento da criança.

Hoje quero falar de um momento de brincadeira que tem para criança uma relevância especial e que terá repercussões a longo prazo. Falo dos momentos de brincadeira vividos com o pai e com a mãe.

É muito, muito importante que os pais brinquem com seus filhos. De boneca, de carrinho, de princesa e super-herói, dentro de casa e ao ar livre. Que possam entrar no mundo da fantasia e assumir os mais variados papéis, seja de mocinho ou de vilão, de filho, de aluno, do que a imaginação da criança precisar.

Esses são momentos especiais! Nesse brincar os laços afetivos se fortalecem e se estreitam, e é isso que vai dar sustentação aos momentos de dar limites, de ensinar coisas que os filhos precisarão para vida. São os laços construídos nessa fase que permitirão que os embates da adolescência aconteçam de forma saudável e sem rupturas.

Brincar com o filho é o melhor investimento que os pais podem fazer. Mas esse brincar exige presença. É preciso estar com a criança de verdade, por inteiro. Nesse momento precioso o celular deve estar desligado, é preciso estar desconectado das mídias sociais. Seu filho merece e precisa de sua atenção.

Muitos falam do “tempo de qualidade” que têm com os filhos. Que bom, mas não é suficiente. Eles precisam de quantidade também! Eles precisam sentir que são importantes, que são merecedores do seu tempo. Porque de todos os bens que nós temos, o único que é limitado (e ninguém sabe quanto tem), o único que não pode ser recuperado é o nosso tempo. É nosso bem mais precioso. Investir esse bem para brincar com seu filho é dar-lhe a dimensão do seu amor por ele.

A infância passa rápido. Participe, esteja presente, viva esses momentos com seu filho, seja testemunha de suas descobertas, de suas invenções, de suas “artes”. Construa com eles memórias, histórias, experiências… De todas as coisas que um pai e uma mãe podem dar para um filho, esses momentos de brincadeira são os mais importantes, pois são a base sobre a qual tudo o mais será construído ao longo do tempo.

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BRINCADEIRA DE CRIANÇA

Depois de muitos anos temos novamente uma criança na família! Como isso é bom. Uma criança renova, traz vida, alegria para a casa (e claro fraldas, noites insones, etc.).

Esses dias fiquei cuidando dela enquanto os pais saiam para resolver alguns assuntos. Imenso prazer!! Fiquei observando ela brincar. Ela está com 07 meses e já brinca com seus brinquedos, mas gosta muito de tudo o que não é brinquedo, ensaia engatinhar. O que mais me chamou a atenção é o seu olhar. Um olhar curioso, confiante, alegre, capaz de se surpreender. Um olhar de criança.

Toda criança é assim – ou deveria ser – explora o mundo através do olhar e do seu corpo. Vive a alegria da descoberta. Para ela nada está pronto, tudo é possibilidade.

Quando ficam um pouco mais velhas, e já conhecem a linguagem e o simbólico, essas possibilidades se ampliam enormemente.

No consultório, durante uma sessão de Psicomotricidade Relacional com crianças de 03, 04, 05 anos sou testemunha desse universo. Um bastão (macarrão de piscina) pode ser a espada do herói que luta contra o dinossauro, ou dragão, ou bandido (normalmente esse papel cabe a mim). Pode ser um microfone para o show da artista mais famosa do universo ou a guitarra de um astro de rock. Podem ser utilizados para construir pontes sobre rios caudalosos cheios de tubarões, ou casas, ou trilhas, ou fogueiras. As possibilidades são infinitas. E por mais que eu já tenha perdido a conta do número de sessões que já fiz com bastões, chega um dia e uma criança encontra uma nova forma de brincar com esse material. É surpreendente!!!!

E elas fazem isso com qualquer coisa. Pode ser uma pedra, uma folha, um graveto, o que elas encontrarem. Duas cadeiras e um lençol e temos uma cabana onde inúmeras aventuras podem ser vividas. Caixas de papelão? Castelos e fortalezas, berços, carros, barcos…

Em algum momento isso se perde. O olhar não é mais tão curioso, o mundo começa a ter um jeito certo de ser visto, a vida é colocada na caixa e lá deve ficar. Depois quando chegam na idade adulta querem que a pessoa seja criativa, pense fora da caixa. Desaprendeu.

Todo brinquedo (ou quase todo) é bom. Com os que reproduzem a realidade em miniatura as crianças brincam de faz de conta, mas de um modo geral uma panelinha é usada para fazer comidinha e só. Um boneco do homem de ferro permite viver uma série de batalhas, mas os superpoderes dele já estão determinados.

Isso é bom, mas quando as crianças encontram o brinquedo nos objetos mais improváveis tudo é possível! O limite é a imaginação delas. Elas podem criar as histórias mais incríveis, aquelas que nunca ninguém contou. Exercitam e desenvolvem a sua criatividade.

Vamos dar às crianças oportunidades diferentes de brincar e não deixemos nunca que sua curiosidade e sua criatividade sejam colocadas dentro de uma caixa.

Luiza Helena Rocha Brincar Site
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BRINCAR, BRINCAR E BRINCAR!

Todo pai, toda mãe quer o melhor para os filhos. Faz parte desse desejo dar a eles, e se possível garantir, um futuro promissor. Querem que seus filhos sejam bem sucedidos, que eles tenham sucesso, que possam ter uma independência financeira que lhes aumente as possibilidades de escolha, garanta uma vida tranquila e segura. Querem que eles sejam felizes. Esse desejo é legítimo e natural.

Nessa busca procuram dar aos filhos a melhor educação e o melhor treinamento possível. Escolhem a melhor escola que conseguem pagar. A que tenha o melhor ensino, bilíngue (a tendência do momento), maior acesso a tecnologia e a que proporcione as melhores chances de sucesso no vestibular, afinal a concorrência é cada vez maior e o futuro depende da entrada na Universidade. Para isso também investem em uma série de outras atividades como Kumon, esportes – os mais variados como natação, futebol, judô e outras lutas marciais – aulas de dança, teatro, circo, música.

Esse excesso de atividades tem consequências sobre as quais quero refletir nesse e nos próximos artigos.

Crianças precisam de uma agenda, como os adultos, para organizar a quantidade de compromissos que elas têm. Infelizmente, sobra pouco espaço para o que é mais importante para elas: brincar.

Crianças precisam de tempo para brincar!

Quanto menores elas forem, mais tempo precisam. As maiores e os adolescentes também precisam de tempo livre para não fazer nada, para estar com os amigos, etc.

Por que é tão importante brincar? Porque enquanto brincam livres as crianças desenvolvem uma série de competências psicomotoras que são a base necessária para o aprendizado formal, sem as quais ele pode ser dificultado. E muito!

Através do simbolismo presente no faz de conta de suas brincadeiras as crianças treinam para vários papéis que exercerão ao longo da vida, aprendem a lidar com as emoções e processam alguns dos acontecimentos de sua vida real.

Através de seus jogos aprendem a vencer desafios, negociar, colaborar, estabelecer parcerias, defender seus pontos de vista. Exercitam a criatividade, descobrem o mundo, experimentam, afirmam-se. Brincar é uma das experiências mais ricas e importantes da infância!

Os adolescentes precisam de tempos livres para sonhar, para processar todas as mudanças pelas quais estão passando, para poderem, aos poucos, irem definindo o que querem para o seu futuro, fazendo suas escolhas.

Muitos autores atestam a importância de momentos de tédio, de não fazer nada. De olhar para o teto e sonhar…

Infelizmente com tantas atividades isso não é possível.

Soma-se a isso a onipresença dos celulares e tablets. Não sou contra a tecnologia, elas vieram para ficar e podem contribuir e muito com a educação e o desenvolvimento das crianças. O problema é a forma que ela está sendo utilizada. A falta de equilíbrio. Mas isso é assunto para outro artigo.

Por enquanto um apelo a todos os pais e mães: deixem tempo livre para que seus filhos possam brincar. Isso vai prepara-los para a vida feliz e realizada que vocês tanto desejam para eles.

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DO QUE UMA CRIANÇA PRECISA PARA CRESCER FELIZ?

As sementes se encontram e porque o sol e a chuva nutrem a planta, ela germina. Começa como pequeno botão, que vai se encorpando até que brota em bela e exuberante flor, com sua beleza e perfumes únicos, cheia de vida e alegria. Assim é a criança. Assim é a infância. Época de desabrochar, de desenvolver, de crescer. Época de alegria, curiosidade, de busca incessante pela vida, pelo conhecimento.

Essa analogia pode ser um pouco piegas, brega até, mas como as estações do ano e suas semelhanças com as etapas da vida foi o tema do último artigo, foi assim que esse se impôs em minha mente.

O fato é que a infância é uma época muito especial na vida de nós seres humanos. Da mais profunda dependência, que não nos permite sobreviver sem que alguém de nós se ocupe, vamos nos desenvolvendo e crescendo, aprendendo e aperfeiçoando até chegarmos a autonomia possível.

Algumas condições são necessárias para que tudo corra da melhor forma e todo o potencial se desenvolva. Alimentação, higiene, sono, etc., mas uma de fundamental importância para que esse processo siga na direção de um adulto feliz é o amor incondicional dos pais.

Toda criança precisa se saber, se sentir amada incondicionalmente. Isso não significa aceitar e atender todos os seus desejos, valorizar, como grande feito, qualquer de suas ações.

Esse amor do qual estou falando é aquele que aponta os erros, que reconhece os acertos. Que condena o mal feito, mas que não se apequena por causa deles. Não é o amor do se. Se você for bonzinho, se você se comportar, se você tirar boas notas, se você for como idealizei, se…

O amor incondicional protege, mas não coloca a criança numa redoma de vidro, que impede qualquer sofrimento, mas a impede de aprender, de conhecer o mundo, de experimentar… Porque é assim, proteção demais impede a dor, mas não permite o amor, as alegrias.

Ele protege, mas não sufoca. Acompanha, observa, permitindo que a criança vá construindo aos poucos a sua identidade, vá descobrindo o mundo e todas as suas possibilidades.

Está atento e se ela se aproxima de algo que vai colocar a sua vida em risco: a protege. Está ao seu lado para compartilhar de suas descobertas, para vibrar com ela, para aprender com ela, mas também para dar conforto, colo, cuidar dos arranhados e “galos” que são inevitáveis, mas não para impedi-los a qualquer custo. São eles que a fortalecem, que ajudam a criança a desenvolver a resiliência de que ela precisará quando for adulta.

Esse equilíbrio entre proteger e deixar viver é complexo. As crianças não nascem com manual de instrução. No momento em que elas nascem, também nasce um pai e uma mãe. Assim como a criança, os pais vão aprendendo e se desenvolvendo a cada dia. Ao longo dessa caminhada vão ser surpreendidos com belas paisagens, alguns obstáculos. Vão errar e acertar, mas se existir amor, a probabilidade maior é de que tudo corra bem.

Não existe uma receita de bolo para ser um bom pai ou uma boa mãe. Existem inúmeros ingredientes, sabores e formas, e cada um vai descobrir o seu jeito. No entanto, existem alguns princípios que norteiam esse processo.

Estamos no mês de outubro e vou aproveitar o mês dedicado às crianças para refletir sobre isso, na intenção de ajudar os pais a encontrarem os seus caminhos, a sua forma única e especial de exercer a paternidade e a maternidade.

Luiza Helena Rocha As estações e a vida Site
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AS ESTAÇÕES E A VIDA

A primavera chegou e com ela as flores, os dias de sol, mais pássaros…

Para muitos na vida humana também existem as quatro estações. A infância seria representada pela primavera, época de flores, de alegrias, de desabrochar. O verão seria a adolescência, com suas temperaturas altas, muito sol, muita energia, uma época vibrante. O outono seria a vida adulta. Uma bela estação, de cores douradas, temperaturas amenas, uma época de serenidade. O inverno representaria a velhice, quando as folhas e as temperaturas caem, tudo fica cinzento.

Talvez seja assim, mas esses dias ao caminhar pensei que na realidade as estações acontecem o tempo todo em nossa vida, às vezes num mesmo dia. Pensei que a vida é como Curitiba, todos os climas podem acontecer num mesmo dia. Saia de casaco e guarda-chuva mesmo num dia quente e com sol, porque tudo pode mudar a qualquer momento.

E assim é a vida. Um dia estamos em plena primavera, cheios de planos, alegres, leves. É a alegria tranquila, serena de quem sabe o que quer, aonde vai.

Noutros dias estamos verão, as emoções são intensas, sejam elas quais forem. Estamos entusiasmados, cheios de energia, com uma sensação de que podemos conquistar o mundo! Talvez não o mundo, mas tudo o que desejamos. Estamos mais destemidos.

Muitas vezes estamos outono. Meio preguiçosos, mais caseiros, querendo desfrutar com tranquilidade da vida e do que conquistamos. Queremos estar perto dos que amamos em silêncio, pois nada precisa ser dito, tudo é simplesmente sentido e compreendido.

E em vários momentos estamos inverno. Nossas folhas caem, nossas esperanças vão embora, nossos dias ficam cinzentos, estamos tristes. Nossos planos não dão certo, as frustrações são grandes, os amores vão embora e levam parte do nosso coração…

Muitos acham que o inverno é doença, é depressão. Tristeza não é doença. Em alguns momentos precisamos nos recolher, olhar para dentro, lamber nossas feridas. Quem olha de fora fica preocupado, parece que a vida está indo embora de nós. Engano. Ela está tomando fôlego, para brotar mais bela e exuberante como uma primavera.

Muitos querem fugir do inverno, esquecem que só existe primavera porque houve inverno, que as pragas são mortas no frio das geadas o que permite o brotar saudável das flores e frutos.

Em alguns momentos o inverno é mais rigoroso. Aí sim é preciso tomar cuidado. Nesses momentos temos que recorrer as estufas ou outro tipo de proteção sejam elas os amigos, uma terapia, um remédio.

Mas como acontece na natureza, mesmo após o mais longo e forte inverno a primavera, com suas cores e vida, chega novamente.

Todos temos a nossa estação preferida. A minha é o outono. No entanto, precisamos aprender a desfrutar da beleza de todas elas. Assim como na vida podemos não querer o inverno, mas é ele que nos permite reconhecer a beleza das outras estações.