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Geral

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Comportamento, Geral, Reflexão

SER OU TER?

Ainda estamos em outubro e quero continuar falando sobre as crianças. Esses dias me deparei com um vídeo, que postei em minha página no face, que mostrava alguns pais e filhos brincando enquanto esperavam para experimentar um novo brinquedo que seria lançado no mercado. Brincavam de coisas muito simples que estavam a disposição: desenhavam, peão, telefone feito de lata e barbante, coisas de uma infância de antigamente. Quando finalmente foram chamados para conhecer o tal brinquedo puderam se ver enquanto brincavam juntos, pois este era, na realidade, o propósito. Pais e filhos se emocionam. Eu também me emocionei.

Percebo no meu dia-a-dia no consultório muitos pais e filhos que não estão brincando juntos, desfrutando verdadeiramente um da companhia do outro.

A correria do mundo moderno tem dificultado as coisas, sem dúvida. Mas creio que cabe aqui outra reflexão.

Vivemos num mundo que tem, insistentemente, priorizado o ter em relação ao ser.

Já me deparei com muitos homens e mulheres que querem ter filhos, mas não querem ser pais. Existe uma diferença enorme entre uma coisa e outra.

Se tenho filhos eles passam a ser um objeto para minha satisfação, para a realização de um propósito pessoal. Sendo assim, quando as coisas não saem como planejado, e nunca saem, fico bastante incomodado. Se os filhos não são como o planejado, se demandam de mim mais tempo e trabalho do que eu tinha planejado dispender nesse projeto, as coisas ficam difíceis para ambos os lados. E se não tenho tempo ou disposição, eu terceirizo o cuidado. Terceirizo para escola, babás, avós, etc.

Essas crianças, embora muito bem cuidadas, que ganham inúmeros presentes, etc., sofrem de um abandono silencioso, que lhes deixa um vazio na alma que pode ser revelado em comportamentos inadequados, dificuldades de aprendizagem, depressão, etc.

Sei que muitos pais realmente precisam dividir a tarefa com outras pessoas, mas isso não tira deles a responsabilidade. Eles são os pais!! E esses quando se reencontram com os filhos no final do dia, sentem profunda alegria e, apesar do cansaço, encontram tempo para eles.

Fica um pedido. Se uma mulher diz que não quer ser mãe, não insista! Isso não é o desejo de todas. E se ela resolve aceitar a tarefa para dar uma satisfação à sociedade ou à família as chances são grandes de que ela terá um filho, mas não necessariamente será mãe. O mesmo vale para os homens!

Quando resolvem ser pais, as pessoas assumem uma nova função em suas vidas, que em muitos momentos será prioritária. Assumem o cuidado, a responsabilidade pelo desenvolvimento de outra vida. Embora, naturalmente, todos tenham expectativas em relação aos filhos, quando algo não sai como o esperado isso não é tão incômodo, pois filhos não são um produto que veio com defeito ou que insiste em funcionar de um jeito diferente e, embora as coisas tenham que ser adaptadas, a realidade não muda: continuam sendo pais, de filhos diferentes do imaginado, mas pais.

Ser pai/mãe, muito mais do que brinquedos, aulas, roupas novas, etc., demanda tempo, presença, escuta, paciência. Demanda o seu ser conectando-se a outro ser. Porque o que toda criança quer é ser filho e não, ter pais.

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Análise Corporal da Relação, Comportamento, Geral, Reflexão

OUTUBRO É ROSA

Outubro é rosa!! Para lembrar-nos que devemos cuidar de nossa saúde, em especial para nos prevenirmos do câncer de mama.

O câncer de mama deve ser levado a sério. Primeiro por se tratar de um câncer, uma doença que se não for diagnosticada precocemente e tratada pode levar a morte.

Mas esta doença é feminina! Ela ataca os seios e dessa forma ataca a mulher na sua feminilidade, na sua possibilidade de ser desejada, na sua beleza. Ataca a mulher na maternidade, pois amamentar é um gesto de amor, é nutrir a vida e é, essencialmente, do feminino. O câncer nos fragiliza para além da doença, nos fragiliza em nossa essência.

Isso me leva a duas reflexões. Muitas mulheres não praticam o autoexame apesar das inúmeras campanhas, apesar do outubro ser rosa. Por que? Será o medo de encontrar algo? É provável que sim. Mas me pergunto se não existe aí também uma dificuldade de lidar com a sua feminilidade, com a sensualidade e a sexualidade das quais os seios também fazem parte. Penso que a maior dificuldade seja tocar-se verdadeiramente.

Em muitos momentos do meu percurso profissional como Analista Corporal da Relação e psicóloga me deparei com mulheres que, apesar de uma vida sexual ativa e de terem filhos, não tinham intimidade com o próprio corpo, não o conheciam, não o tocavam de forma cuidadosa e afetiva. Não sentiam prazer.

As razões? As mais variadas. Por isso acredito que ao fazermos uma campanha de conscientização, maravilhosa por sinal, devemos também falar da importância da mulher apropriar-se do seu próprio corpo, amá-lo, senti-lo e cuidar dele com todo o afeto e atenção que ele merece.

O que me leva a segunda reflexão. Muitas vezes o tratamento do câncer de mama leva a necessidade da retirada de uma ou das duas mamas. Uma cicatriz que, mesmo após a reconstrução, marca a vida da mulher. Assim como já ouvi de mulheres que tiraram o útero, vem o sentimento de ser menos mulher. Como se toda a beleza, toda a essência do ser mulher estivesse depositada nessas duas partes de nosso corpo. E isso é mais difícil numa época em que o modelo de beleza é inatingível para a grande maioria de nós.

A beleza da mulher, de qualquer pessoa, está para além do corpo. Está na alma, nas atitudes, no cuidado, na alegria que ela tem. Todo corpo é belo! Cada um na sua forma e no seu tamanho. É o nosso lugar de existência, é ele que nos permite a relação com o outro e com o mundo. Não existe corpo errado ou feio, existe corpo mal cuidado, desrespeitado e não amado.

Que no outubro rosa e em todos os outros meses possamos olhar para nossos corpos com afeto, com delicadeza, de forma a enxergarmos quão maravilhoso e belo ele é.

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Comportamento, Geral, Reflexão

É HORA DE BRINCAR!!

Filhos não vêm com bula ou manual de instrução, o que torna a tarefa de ser pai/mãe mais complexa e desafiadora, mas também apaixonante.

É natural que os pais se preocupem e pensem no futuro de seus filhos e tentem garantir, de alguma forma, que ele seja o melhor e mais tranquilo possível.

Em épocas de globalização, de alta competitividade, num mundo em que as pessoas têm sido mais valorizadas pelo que têm do que pelo que são, a tarefa de garantir esse futuro tornou-se mais complexa ainda.

Essa necessidade de assegurar um futuro de sucesso para os filhos tem levado inúmeros pais a buscarem, desde muito cedo, investir na formação de seus filhos. Fazem sacrifícios financeiros e logísticos para assegurarem a eles a melhor educação possível. Assim a agenda das crianças é recheada de inúmeros compromissos: aula de inglês, balet, judô, natação, kumon, de algum instrumento musical, etc., etc., etc. Vemos hoje muitas crianças estressadas e deprimidas, com alterações de sono e comportamento (depressão, ansiedade), da mesma forma que muitos adultos.

Nada contra essas atividades. Fazer um esporte, aprender um instrumento, uma língua estrangeira é ótimo. O problema é que não está sobrando tempo para aquela que é a mais importante atividade da infância: brincar!

Brincar de forma espontânea, sem controle ou direção. Brincar pelo simples prazer de brincar. Brincar só e com os amigos. Brincar dentro e fora de casa. Brincar, brincar, brincar. É isso que a criança precisa fazer.

Quando brinca a criança se desenvolve, aprende, socializa, estrutura a base sobre a qual todo o resto será construído. Desenvolve a criatividade, lida com seus sentimentos, experimenta, investiga, descobre e aprimora seus talentos.

Uma criança que brinca faz bagunça e barulho, se suja, mas se prepara para os desafios que a vida lhe trará. Uma criança que brinca é mais feliz!

Todas as etapas da vida têm sua beleza e sua dor. Em cada uma delas existe uma tarefa a ser executada, que se bem vivida prepara o indivíduo para a etapa seguinte. No ímpeto de preparar os filhos para a fase adulta muitos pais estão encurtando a infância, acelerando o processo. Isso é muito triste e perigoso. Cada criança tem o seu próprio ritmo que precisa ser respeitado. Ao acelerar corre-se o risco de construir uma estrutura frágil que não resistirá as pressões.

Se a estrutura for bem constituída todo o resto acontecerá naturalmente. Portanto, vamos deixar as crianças brincarem muito, livremente. Vamos permitir que elas desfrutem da infância ao máximo!!!

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Análise Corporal da Relação, Comportamento, Geral, Reflexão

ISSO É UM ABUSO!

Tomei conhecimento essa semana de um movimento chamado #relacionamentoAbusivo. Esse movimento procura mostrar às mulheres que outras ações, além da violência, são indicativas de que elas se encontram num relacionamento abusivo e dessa forma ajudá-las a perceber a realidade de seus relacionamentos. Iniciativas como essas são muito importantes e devem ser divulgadas.

Ainda que a maioria dos depoimentos que li se referiam a relacionamentos amorosos, acredito que essa realidade pode ser estendida para relacionamentos de trabalho, familiares e de amizade.

Os depoimentos falam sobre se sentir vigiada, sufocada, controlada, insegura, culpada, ridicularizada, etc. Afastar-se dos amigos, duvidar de sua capacidade, medo de ficar sozinha e não encontrar outra pessoa também fazem parte do discurso dessas mulheres.

Perceber que está num relacionamento abusivo é a primeira etapa de um processo que, para evitar repetir a história, deve ser mais profundo. As questões que precisam ser respondidas são: Por que me envolvi num relacionamento dessa natureza? Por que permaneço nele? Por que sempre me envolvo em relacionamentos assim?

Responder a essas perguntas pode ser uma tarefa complexa. Exige um despir-se para poder se ver de verdade.

Uma razão para se envolver nesse tipo de relacionamento pode ser uma autoestima baixa, uma insegurança em relação a sua capacidade de realização, de ser atraente e interessante, de ser amada. Insegurança em relação ao seu valor como mulher e como ser humano.

Toda pessoa passa por momentos em que tem dúvidas e que se sente por baixo. Faz parte. Mas isso não a leva a um relacionamento dessa natureza. Muitas vezes só o discurso de que merece o melhor, que é bonita, inteligente, etc. não é o suficiente para mudar as coisas. As raízes desse sentimento são mais profundas e foram crescendo ao longo dos anos, sem que ela se desse conta. Assim aceita um trabalho que não gosta ou que está aquém de sua capacidade, não vai atrás do que deseja aceitando o que lhe é dado e acaba por envolver-se em relacionamentos abusivos.

Para aquelas que desejam não só melhorar sua autoestima, mas compreender o porquê dessa sensação de menos valia e fazer mudanças, a Análise Corporal da Relação (ACR) é um caminho. Nesse processo é possível revisitar sua história, compreender o que aconteceu e fazer mudanças.

 

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Comportamento, Geral, Reflexão

UMA DOR MAIOR QUE A VIDA

Setembro é amarelo! Desde 2014 setembro se veste de amarelo em uma campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio. É um tema que a maioria prefere evitar, pois choca a ideia de que alguém tire a sua própria vida. Não compreendemos.

Quando alguém tentou o suicídio ou suicidou-se ouço alguns comentários como: quem tenta está querendo chamar a atenção, pois se quisesse mesmo teria se matado. Ou: é um covarde.

O fato é que notícias a esse respeito sempre causam alguma reação, mas nunca são ignoradas.

Não é minha área de atuação, mas já tive, em meu consultório, algumas pessoas que fizeram tentativas de tirar a própria vida. Quero refletir sobre o que aprendi com elas.

Seja qual for o motivo que as levem a pensar em atitude tão extrema, o fato é que elas se encontram num estado de profunda dor e desesperança. Não encontram, por mais que tentem, uma forma de lidar ou superar a sua dor. Sentem-se impotentes diante dela. E o suicídio passa a ser visto como uma solução, uma forma de terminar com tamanho sofrimento.

Muitas vezes se sentem sós. Como se ninguém visse ou compreendesse o seu sofrimento. E, para muitos, isso é um fato real.

Eu acredito que quando uma pessoa tenta o suicídio ela não está tentando chamar a atenção, mas está pedindo socorro! É preciso ouvir e levar a sério esse pedido. Pois ele será repetido e em algum momento essa tentativa pode dar certo.

Alguns sentem culpa, pois percebem que existem pessoas com problemas muito mais graves, em situações muito mais difíceis do que a sua e conseguem enfrentar. O fato é que a dor do outro não lateja em mim. E só eu sei como minha dor dói. Mas acima de tudo, não me parece que seja possível fazer uma comparação, pois muito mais que o tamanho ou gravidade do problema, o que conta aqui é a estrutura, a capacidade, o repertório que cada um construiu ao longo da vida para lidar com a dor.

O instinto mais forte do ser humano talvez seja o de sobrevivência. Basta olharmos para as inúmeras histórias de pessoas que sobreviveram em situações as mais difíceis de privação, de dor, de doença e sobreviveram. Sobrepujar esse instinto e acabar com a própria vida nos dá a dimensão da dor, do desespero e do desamparo em que essas pessoas se encontram.

Portanto, antes de julgarmos as pessoas que tentam ou se suicidam, vamos estender uma mão. Muitas vezes o que elas precisam é isso, alguém que fique ao seu lado e em silêncio ouça a sua dor.

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Comportamento, Geral, Reflexão

SER CHATO FAZ PARTE.

Engraçado como as conversas se desenvolvem. Começamos com um assunto, que leva a outro e a outro… Hoje na sala dos professores, no intervalo, começamos falando sobre a Ocktoebrfest de Blumenau e terminamos falando sobre como é importante ter pais chatos!

Alguns relatavam sua experiência como filhos, outros sua experiência como pais. Ouvi, relembrei, pensei em alguns pacientes e concordei. Os pais de hoje não são suficientemente chatos. Mais do que isso: eles precisam, demasiadamente, ser amados.

Por que chatos? Porque a tarefa de educar e preparar os filhos para a vida nem sempre é fácil ou agradável.

Ensinar a sentar-se direito, comer com a boca fechada, cumprimentar os mais velhos faz parte da tarefa de ser pai e, para que sejam integradas, serão repetidas infinitas vezes. Isso é chato (para as duas partes).

Mandar tomar banho, dormir, fazer a lição, desligar o joguinho e o Ipad é ser chato.

Dizer que não pode ficar mais um pouco na piscina, que não pode ir na festa porque tem prova no dia seguinte, que não pode sair porque você não conhece quem vai, porque não tem idade para ir na balada é ser chato.

Querer falar com a mãe do amigo para saber se vai ter algum adulto em casa na hora da festa, acompanhar até a porta, querer conhecer os amigos é ser chato.

Mas muito mais do que ser chato essa é a maior prova de amor que se pode dar a um filho. Ser chato é difícil, cansativo, trabalhoso. Ser legal é muito, mas muito, mais fácil. Só quem ama é chato.

Os filhos não pedem para nascer e é responsabilidade dos pais amá-los incondicionalmente, ao ponto de serem chatos. Amá-los ao ponto de aguentar ver a frustração, a dor que dizer não causa. Amá-los a ponto de aguentar cara emburrada, portas batendo, malcriação, cara feia. Aguentar comparações com tantos pais que são muito mais legais. Aguentar ser odiado em alguns momentos.

Amigos seus filhos terão muitos. Alguns os acompanharão a vida toda, outros passarão um fase com eles. Alguns serão verdadeiros e estarão sempre ao lado deles. Outros serão falsos e os decepcionarão.

Mas pai e mãe eles só terão um. Não abram mão desse lugar, tão especial. Não abram mão dessa tarefa que, embora complexa, é uma experiência única e gratificante. Amem seus filhos. Sejam chatos!!!

 

 

 

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EM CASO DE TRISTEZA: CHORE.

Vivemos numa época em que ser feliz é um imperativo. Todos precisamos ser felizes a cada minuto do dia, como num anúncio de margarina (além de jovens e sarados). Isso é impossível e indesejável.

Como sabemos que algo é doce? Porque experimentamos o amargo. Como sabemos que é frio? Porque já experimentamos o quente. Da mesma forma só poderemos reconhecer a alegria se tivermos experimentado a tristeza.

Muitos pais tentam poupar seus filhos das frustrações inerentes a vida, para que eles não sofram, não fiquem tristes. No entanto, isso é inevitável. Não temos tudo que queremos, na hora e do jeito que queremos. A frustração e o erro são certezas. E dependendo da importância que damos àquilo que não conseguimos ou perdemos ficaremos um pouco tristes, muito tristes ou não ligaremos. Faz parte da vida.

Quando permitimos que as crianças fiquem tristes, chorem, vivam a frustração e as acompanhamos de forma afetiva nesse processo, nós as fortalecemos e lhes preparamos para a vida adulta.

Na adolescência as tristezas são vividas intensa e dramaticamente (como quase tudo). Novamente é importante permitir-lhes viver suas dores de crescimento, seu luto existencial. Ajudá-los a lidar com isso e, mais uma vez, preparar para a vida adulta.

Uma das justificativas para tentar impedir que as crianças e adolescentes (e até mesmo os adultos) fiquem tristes é o medo da depressão.

Tristeza não é depressão. Depressão é uma doença séria, tristeza faz parte da vida.

A tristeza precisa ser vivida. Algumas passarão com um chocolate, um abraço apertado ou um passeio no parque. Outras precisarão de um pouco mais… As tristezas precisam ser choradas, precisam escorrer para fora e lavar a alma no processo. Dói? Dói, mas dói menos vivê-la do que fazer de conta que ela não existe ou sufocá-la com falsa alegria.

Um tristeza mal vivenciada, essa sim, pode se transformar em doença. Porque o nosso corpo trabalha assim. Ele precisa expressar as emoções e se não permitimos ele vai fazê-lo em forma de doença.

Existe uma analogia de que gosto muito. Quando monitoramos os batimentos cardíacos temos um gráfico com altos e baixos. Isso significa que há vida. Quando o gráfico é uma linha reta a vida acabou. E é assim. Para nos sentirmos vivos temos que alternar momentos de alegria e tristeza, raiva e amor, ânimo e desânimo. Um estado perene de qualquer sentimento, mesmo a alegria, seria insuportável. Muitas vezes é de uma crise, de uma tristeza profunda que damos o salto em direção à realização, que passamos a compreender o que realmente é importante para nós, que começamos a construir a felicidade que desejamos.

Portanto, em caso de tristeza: chore.

 

 

 

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ADOLESCER

Adolescer é deixar a infância para traz e saltar, sem saber onde vamos aterrissar.

Essa é a frase do meu post dessa semana. Procurei traduzir nela um pouco do sentimento do adolescente.

A adolescência é uma fase de incertezas, angustias, medos e lutos. O adolescente deseja deixar de ser criança o mais rápido possível, mas essa não é uma tarefa muito fácil.

Quando deixa a infância para traz, deixa junto uma identidade e um corpo conhecidos e mergulha num universo de mudanças e desafios. O corpo se modifica em forma e tamanho e se torna, por vezes, um estranho que lhe apresenta novas sensações e sentimentos, muitas vezes incompreensíveis e com os quais tem que aprender a lidar. Não é mais criança, mas o que é então?

Deixa para traz os pais da infância. Pais antes mais compreensivos, dispostos a perdoar os erros e achar engraçadas algumas travessuras, se tornam mais exigentes e parecem não achar mais graça nas transgressões. As cobranças aumentam, mas nem sempre vem acompanhadas dos ganhos desejados. É a fase do: “você não é mais criança para isso” e do “você ainda não tem idade para isso”.

Além disso os pais, até então vistos como sábios heróis, passam a ser enxergados como seres humanos, com muitas qualidades, mas muitos defeitos também. Passa a questionar os valores, as regras, tudo enfim. Isso é necessário para que possa separar-se desses pais e criar a sua própria identidade, onde muitos dos ensinamentos paternos serão integrados, enquanto outros serão descartados.

Na adolescência a tarefa a realizar é grande. É preciso sair dela com algumas questões já conhecidas: a identidade, a escolha profissional e a orientação sexual.

Mas nem tudo é dificuldade. É uma fase de descobertas, de mudanças, de crescimento, de novas experiências. O adolescente é corajoso, arrojado, se arrisca, e por isso conquista, cresce, transforma-se e transforma o mundo a sua volta.

Ele é intenso!! Tudo é vivido com muita intensidade, as experiências boas e as ruins também. Alguns tendem ao drama. São capazes de ir da tristeza mais profunda e alegria mais intensa em poucos minutos.

São barulhentos e muitas vezes muito silenciosos. Por vezes transparentes, outras um mistério.

Por tudo isso a adolescência é uma fase linda e desafiadora para todos os envolvidos no processo.

Aos pais eu digo: muita paciência, muito amor e firmeza. O adolescente precisa do seu olhar e de sua presença. Precisa do seu limite, para ter segurança e para poder transgredir. Ele acha que sabe tudo, mas você sabe que não é assim.

Adolescência apesar dos desafios pode ser uma fase de muita felicidade. E se for bem vivida o prelúdio de uma vida adulta igualmente feliz e próspera.

No entanto, se ela estiver sendo muito difícil ou conturbada, é importante procurar ajuda. A Psicomotricidade Relacional trabalha muito bem com a adolescência, pois ele encontra um lugar de aceitação, em que pode se expressar livremente. Por ser uma atividade em grupo percebe que não está só. E como o adolescente pode ser muito calado, por privilegiar a linguagem não verbal e o jogo simbólico, torna mais fácil para ele falar de si.

 

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AI QUE SONO…

Hoje quero falar de um assunto que tem sido recorrente em meu consultório: o sono das crianças. As crianças hoje em dia dormem pouco! E isso não é saudável.

O sono é muito importante para o desenvolvimento das crianças e o ideal é que durmam de 09 a 10 horas por dia. Enquanto elas dormem elas crescem, o corpo se prepara para as aventuras do dia seguinte, o cérebro processa as aprendizagens do dia, armazena as mais significativas e muito mais.

Noites mal dormidas ou poucas horas de sono podem interferir no aprendizado. Crianças que dormem pouco podem ficar irritadiças, ter dificuldade para prestar atenção na aula, ter alterações de humor (podendo chegar a depressão), etc. Algumas pesquisas apontam que crianças que não tem rotina para dormir e dormem poucas horas têm um desempenho pior em testes escolares e um empobrecimento emocional, cognitivo e na sua criatividade, além de uma diminuição da capacidade de armazenamento de informações.

Estabelecer uma rotina com horário para ir dormir, ir baixando os estímulos um pouco antes (diminuir as luzes, desligar a TV, etc.), deixar o banho para o final do dia, um leitinho quente são atitudes que podem ajudar.

No entanto, existe um outro fenômeno ligado ao sono que me preocupa. Crianças de dois, três, sete anos que dormem no quarto e até mesmo na cama dos pais!! Isso é muito não é saudável, nem para criança nem para o casal.

Para o casal é ruim porque além de prejudicar o sono atrapalha a intimidade do casal. Para muitos pais a pergunta a ser feita é: Por que vocês precisam que seu filho fique entre vocês dois?

Para a criança é ruim por vários motivos. Porque impede ela de crescer emocionalmente. Os bebês podem dormir no quarto dos pais, as crianças maiores, os adolescentes e os adultos dormem no seus quartos.

É ruim porque gera insegurança, pois se os pais mantêm o filho no quarto é porque ele não tem condições de dormir sozinho.

Pode expor a criança a sexualidade dos pais o que não é bom para o seu desenvolvimento psíquico.

Quando a criança é mais velha pode trazer dificuldades na sua socialização, pois ela se envergonhará de contar isso na escola e muitas vezes não poderá ir dormir na casa de um amigo (ou convidar um para dormir na sua casa) porque não consegue dormir longe dos pais.

A tarefa de tirar o filho do quarto (e da cama) dos pais não é fácil. É um processo doloroso para todos e tanto mais doloroso quanto mais velha é a criança.

Por isso a criança deve dormir desde bebê no seu berço e depois na sua cama e no seu quarto. Ser pai e mãe é uma tarefa cheia de encantos e prazeres, mas também é trabalhosa. E isso incluí levantar algumas vezes a noite para cobrir o filho, atender seu chamado, etc. Faz parte.

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CONHECE-TE A TI MESMO

Essa célebre frase, a princípio atribuída ao sábio grego Tales de Mileto, encerra um dos grandes desafios que temos em nossa vida: conhecer-nos verdadeiramente. Essa é uma tarefa complexa, mas muito importante.

Sempre que pergunto para uma pessoa, seja aluno ou cliente, se ele se conhece recebo, na maioria das vezes, uma resposta afirmativa. Essa é uma ilusão que muitos têm. Não nos conhecemos profundamente. Nossa vida é tão agitada que muitas vezes não temos tempo de olhar para nós mesmos, entrar em contato com nossas emoções e sentimentos. Conhecer alguém demanda tempo…

Por que é tão difícil o autoconhecimento? Porque este é um processo que só termina quando nossa vida termina. Nós crescemos, passamos de uma fase do ciclo vital para outra, evoluímos, mudamos. Eu não sou a mesma mulher que era a dois anos e espero ser diferente daqui a dois anos. Não apenas mais velha, mas diferente, melhor, mais sábia, aprimorada…

E por que é tão importante se conhecer? Primeiro porque para conhecer o mundo a nossa volta e para conhecer os outros primeiro precisamos nos conhecer.

É importante para podermos fazer escolhas mais acertadas em nossa vida. Se eu não sei o que desejo para minha vida, se não sei onde quero chegar, se não sei quais são minhas maiores habilidades e as minhas limitações, se não sei o que preciso numa relação de amor, se não sei o que possa dar é muito provável que eu chegue a lugares que não me agradam, que escolha um trabalho onde as minhas chances de sucesso e realização sejam pequenas, que eu me envolva em relações afetivas que não me fazem feliz e assim por diante. É possível que eu fique repetindo os mesmos erros.

Outra razão para investirmos no autoconhecimento é que se sabemos quem somos verdadeiramente passamos a dar menos importância ao que os outros pensam de nós. Nossa autoestima melhora, pois é muito difícil amar o que não se conhece. Nossa autoconfiança também melhora, pois temos mais chances de fazer escolhas que nos levem a experimentar o sucesso.

Mas como me conhecer melhor? Volte seu olhar para você mesmo, procure se escutar, sentir o que o seu corpo lhe diz. Dedique um tempo a isso.

Uma outra possibilidade é um processo psicoterapêutico. Normalmente as pessoas buscam a psicoterapia para aprender a lidar com uma situação que lhes causa dor, angústia. Mas ao longo do processo acabam se conhecendo melhor. Entendendo porque aquilo lhe angustiava, porque chegou ao ponto de se envolver em tal situação, quais as suas ferramentas para lidar com ela e o que fazer para que o fato não se repita. Isso é conhecer-se.

Nesse sentido a ACR – Análise Corporal da Relação apresenta-se como uma metodologia diferenciada, que permite não só o profundo conhecimento de si mesmo, mas a ressignificação de experiências marcantes, libertando-nos de amarras que nos prendem a acontecimentos passados e nos permitindo a realização de nosso potencial afetivo e criativo, nos tornando mais autônomos, capazes de fazer melhores escolhas e acima de tudo nos ajudando a conquistar a vida plena e feliz que tanto desejamos.