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Comportamento, Geral, Reflexão

A Menina do Cabelo Verde

Semana passada estive no jantar de aniversário de uma grande amiga. Uma de suas sobrinhas, uma adolescente de 14 anos, estava chamando a atenção de todos pelos seus cabelos pintados de verde claro e pelo piercing no nariz.

Não tinha quem não comentasse e a maioria criticava em tom de brincadeira. Pelo que entendi ela já teve o seu cabelo pintado de todas as cores do arco íris, o que enlouquece a família. Eu pessoalmente achei que ela estava linda, mas ela ficaria linda com qualquer cor no cabelo, até a cor natural.

Provavelmente essa não é a única atitude rebelde dela, mas com certeza a mais aparente.

O que me leva a falar sobre isso é que foi muito bom ver, ao vivo e a cores, a adolescência em seu estado mais puro. Um clássico onde cada um dos atores interpreta muito bem o seu papel.

A adolescência é um período cheio de desafios para o adolescente e, consequentemente, para os pais e familiares.

Um desses desafios é separar-se dos pais para ter a sua própria identidade ( e aos pais deixar os filhos irem se afastando). Alguns conseguem fazer isso de forma mais suave, menos agressiva. Outros, por motivos diversos, precisam ser mais contundentes. Precisam chocar. Piercings, cabelos coloridos, tatuagens, etc. Marcam a separação pelo contraste.

É o que essa menina está fazendo. Chocando a família com seus cabelos coloridos. O bom é ver a família fazendo a parte dela, ou seja fazendo o anteparo para a rebeldia. Fazem isso quando implicam com ela, quando criticam. Isso dá a ela a oportunidade de bater o pé e se afirmar, que é o que ela precisa fazer nessa fase.

Quando os pais simplesmente aceitam, acham tudo o que o filho faz lindo, dão apoio a eles, não fornecem essa barreira que é fundamental. Você já tentou brigar com alguém que não quer? É irritante e muito frustrante. Você pode até achar legal o cabelo verde (gostaria de ter feito o mesmo na sua época e não foi possível), mas alguns limites precisam ser colocados, para dar ao adolescente a oportunidade de lutar pelo que deseja. Argumentar, brigar, emburrar e, aos poucos, ir ampliando esses limites e ganhando autonomia.

E isso não só em relação a cor dos cabelos. Vale para horários de sair e voltar, lugares onde podem ou não ir, comparecimento obrigatório a compromissos “chatos “ de família, etc.

Esse é um exercício fundamental para a vida adulta. Assim eles aprendem melhor a lidar com a frustração (devem ter começado esse aprendizado desde bebês), a buscar argumentos e estratégias para conseguirem o que desejam, a fazer escolhas e arcar com as consequências delas, a suportar as coisas menos agradáveis do dia a dia. Isso tudo, ainda dentro dos limites afetivos da família. Onde os ímpetos mais exaltados encontram perdão e acolhida.

Depois ao entrarem no mercado de trabalho, por exemplo, serão capazes de expor de suas ideias, lutar por elas com argumentos, resistir as frustrações que certamente virão. Saberão esperar pelo momento certo de agir, e farão escolhas melhores também, cientes das consequências.

Duas situações me preocupam. Os adolescentes que não encontram nenhum limite, pois como precisam deles vão buscá-lo através de transgressões cada vez mais importantes, drogas por exemplo. E aqueles cujos limites são tão intensos que não deixam espaço para o crescimento, levando-os a depressão e outros problemas sérios.

É preciso buscar o limite equilibrado que, ao mesmo tempo que dá segurança e estrutura, permite o exercício da autonomia. Sei que essa não é uma tarefa simples, pelo contrário, é desafiadora e infelizmente não existe uma receita pronta. No entanto, os principais ingredientes são: bom senso, altas doses de paciência e muito, muito amor.

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Comportamento, Corporativo, Geral

Conheça a Psicomotricidade Relacional

Em vez de uma definição formal do que seja a Psicomotricidade Relacional, optei por escrever um pouco mais, usando como guia as palavras que norteiam o trabalho, facilitando a sua compreensão. (se você não quer ler todo o texto role a página e abaixo encontrará um trecho em destaque com uma definição)

Aceitação. Começamos assim, aceitando o que a criança nos traz, sua forma de agir no mundo, de se comunicar. Você é agitada e não consegue parar um minuto? Você é muito tímida e quer ficar num canto? Você está brava e quer brigar? Você tem dificuldades para lidar com a frustração? Tudo bem. Aqui nesse espaço você pode ser do jeito que você é, sem julgamentos.

Positivo. Nossa crença primordial é no potencial da criança. Nos interessamos profundamente por aquilo que ela tem de bom, por aquilo que ela gosta e sabe fazer. Sabemos que ela tem inúmeras coisas boas dentro dela, muito mais do que dificuldades. Queremos olhar para isso primeiro, pois é a partir daí que ela vai conseguir vencer os seus desafios e superar as suas dificuldades.

Parceria. O psicomotricista relacional se coloca como um parceiro, que está ao lado e se engaja verdadeiramente nas propostas e jogos que a criança traz. Ao se colocar como seu parceiro de atividade, caminhando ao seu lado, muito mais do que observar e constatar, ele vai sentir e compreender o que ela quer dizer com seu comportamento, com sua atitude e, a partir daí, poderá ajudá-la.

Jogo simbólico. Essa é uma das ferramentas principais que o psicomotricista relacional utiliza no seu trabalho. O brincar, o lúdico. Os materiais que são trazidos para sessão possibilitam e facilitam o surgimento do jogo simbólico e, é através dele, que a criança vai falar de si, vai contar sua história, vai mostrar o que sabe fazer, suas qualidades, mas também vai dizer de sua angústia, de sua dificuldade, de sua dor. O brincar ajuda a baixar as defesas possibilitando que a criança acesse e expresse o que tem de mais profundo.

Tudo isso acontece num espaço protegido, de segurança.

O corpo. O principal instrumento do psicomotricista relacional. O corpo é o local de existência. É através dele que nos relacionamos com o mundo, com os objetos, com o espaço e com os outros. É nele que sentimos e é através dele que nos expressamos. Assim, queremos escutar o que o corpo da criança tem a dizer.

É assim que a Psicomotricidade Relacional trabalha. Proporciona um espaço protegido e seguro, onde a criança pode se expressar livremente, sendo aceita na sua totalidade, por alguém que acredita no seu potencial e que, se colocando como parceiro no jogo simbólico, vai através de suas intervenções ajudá-la a superar as dificuldades. 

A Psicomotricidade Relacional foi criada por Andre Lapierre para trabalhar com crianças. Com o passar dos anos ela foi ampliando sua área de atuação. Por utilizar preferencialmente a linguagem não verbal é muito interessante para trabalhar com adolescentes, muitas vezes tão calados, e também com adultos. Por exemplo, nas empresas, a Psicomotricidade Relacional é uma ferramenta que pode ajudar na integração das equipes, na resolução de conflitos, na potencialização dos talentos levando a um aumento da produtividade e melhores resultados

Assim, a Psicomotricidade Relacional ajuda o indivíduo, seja ele criança, adolescente ou adulto, a superar os obstáculos que o impedem de reconhecer e assumir o seu poder, suas qualidades, de expressar o seu potencial criativo e utilizar tudo isso na construção de uma vida plena e feliz.