Nosso corpo é o nosso lugar no mundo. Ele está conosco quando nascemos e conosco permanecerá até o fim. Sem ele não existimos, a não ser na memória daqueles que conosco conviveram e que marcamos de alguma forma.
É através dele que nos relacionamos com o mundo e com os outros. As percepções, as emoções, os sentimentos, o conhecimento… sem ele não saberíamos.
Conforme ele se desenvolve vamos construindo nossa inteligência, nosso psiquismo, nossa identidade. Sem o corpo não somos.
Apesar disso tudo, nem sempre o tratamos com o respeito e o carinho que ele, sem dúvida, merece.
O corpo é um tema do qual gosto muito, afinal como psicomotricista relacional é com ele que trabalho e seu discurso o que me interessa. E o corpo fala.
Comunica o tempo todo e se não escutamos ele grita. Grita através de dores, mal-estares, sintomas. Grita até ser ouvido.
Existe hoje uma grande preocupação com o corpo, com a saúde. Alimentos de verdade, funcionais, transgênicos, dietas revolucionárias. Exercícios com peso, corrida, pilates, funcional … a cada dia uma novidade. A medicina e a indústria farmacêutica evoluem e disponibilizam novos tratamentos e novos medicamentos. Técnicas de meditação e relaxamento as mais variadas. A tecnologia nos conecta com o mundo todo a um simples toque.
Apesar disso tudo os distúrbios alimentares, as depressões e outros transtornos psíquicos crescem quase de forma epidêmica. Estamos cada vez mais solitários e menos saudáveis.
Podemos responsabilizar a correria do dia-a-dia de um mundo que nos demanda rapidez, agilidade, conhecimento e que tenta nos enquadrar em padrões nos quais a maioria não se encaixa. Não acredito que seja só isso.
Talvez isso ocorra porque todas essas iniciativas sejam exteriores, vêm de fora do nosso corpo. Ele não tem sido escutado.
Cada um de nós é único e precisa de algo diferente. Precisamos silenciar e ouvir o que ele tem a nos dizer. Dar a ele o tempo necessário para se recuperar, para se adaptar. É preciso respeitá-lo, cuidar dele e amá-lo.
Um diálogo constante com nosso corpo, permite uma vida mais plena, saudável. Relações mais gratificantes. Nosso corpo é capaz de coisas incríveis, mas tem limites. Exceder esses limites constantemente é colocar em risco não só nossa existência, mas deixar de aproveitar e desfrutar de todo o universo de possibilidades que ele nos traz.





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