Browsing Tag

ajuda

Slide1
Análise Corporal da Relação, Comportamento, Geral, Reflexão

O IMPORTANTE É A PESSOA!

Nos últimos tempos muito tem sido falado, discutido, debatido sobre a identidade de gênero, e nesses últimos dias após a liminar de um juiz no Distrito Federal a “cura” gay voltou a pauta.

Como tem acontecido com as polêmicas, todo mundo tem uma opinião a respeito, mesmo sem ter tido acesso ao processo, ao texto da liminar, ou conversado com os agentes envolvidos. Algumas opiniões são bem argumentadas outras raivosas e preconceituosas.

A sexualidade humana não é minha especialidade como psicóloga, mas acredito que a homossexualidade não é nem doença, nem escolha, assim como a heterossexualidade. Pode-se dizer que são uma característica, uma orientação, uma inclinação… Não é sobre isso que quero escrever.

Percebo que nessa discussão o principal está sendo esquecido: o indivíduo e seu sofrimento, sua dor e o quanto isso afeta suas relações, sejam elas familiares ou sociais. E é só isso que importa.

Na minha prática clínica como psicóloga e analista corporal da relação aprendi que a verdade de cada um é única e particular. Não existe certo ou errado, existe o que faz sofrer, o que impede a realização e a felicidade e o que as propicia. O que é bom e funciona para um, não necessariamente será bom e funcionará para o outro.

Como psicóloga não me cabe julgar ou dar uma opinião e muito menos escolher o caminho que o indivíduo deve seguir. Eu como pessoa tenho minhas crenças, minhas convicções, meus princípios e sei o que me serve ou não. Mas em momento algum e sobre nenhum argumento posso manipular, seduzir ou impor minha verdade àquele que me procura como profissional.

Meu papel primeiro é o de escuta. Uma escuta livre de julgamento de valor, com aceitação e respeito incondicionais. Quem me procura deve ter no meu consultório um espaço para SER, sem medo, sem vergonha, sem restrição ou pudor. Um local onde tudo, absolutamente tudo pode ser dito por mais absurdo ou errado que possa parecer. A pessoa precisa ser acolhida e aceita.

Uma vez estabelecida a relação de confiança é meu papel como psicóloga questionar a pessoa, auxiliá-la a compreender o que acontece, quais os afetos envolvidos, quais as crenças que permeiam a história, enfim, ajudá-la a perceber-se e compreender-se para a partir daí fazer as suas escolhas, sejam elas quais forem, sempre respeitando o seu tempo, seus valores, suas crenças, suas verdades.

O mais importante nesse debate todo é a LIBERDADE. As pessoas precisam ser livres para serem o que são, para fazerem suas escolhas, mesmo que a escolha seja negar aquilo que se é. Toda vez que impomos a nossa verdade ao outro, por mais bem intencionados que somos, erramos.

Acredito ser muito importante debater o tema, trazer informação (fundamentadas em pesquisas e estudos sérios e não baseadas em achismos e palpites), para que as pessoas possam compreender e decidir. CONHECIMENTO é fundamental. Dessa forma evitamos que pessoas e grupos, com interesses e agendas pessoais, manipulem, deturpem os fatos, aprisionem as pessoas em papéis que não lhes cabem.

E por último, mas não menos importante, RESPEITO! Posso não concordar, posso achar uma loucura a escolha do outro, mas preciso respeitá-la.

 

 

Slide1
Comportamento, Geral, Reflexão

TUDO BEM!

Não escrevo um artigo a mais de um mês. Uma crise de inspiração, talvez cansaço de final de semestre, preguiça, muitas podem ser as desculpas ou justificativas. Vários temas me passaram pela cabeça, comecei a escrever um ou dois textos, mas nada foi para frente. Inúmeras vezes me cobrei escrever, afinal estabeleci esse propósito: um texto por semana.

De um modo geral, a inspiração vem, e escrevo com certa tranquilidade, principalmente se considerarmos que não sou escritora, sou psicóloga. Mas nos últimos dias não consegui escrever.

Hoje acordei decidida: vou escrever! Chega de enrolação, autopiedade, desculpas e mãos a obra.

Estou a algum tempo encarando a tela do computador. Já comecei a escrever algumas vezes, mas nada me agradou. Então decidi compartilhar com vocês minha dificuldade e o que pensei a respeito dela.

Imagino que essa dificuldade não seja só minha. Vocês também devem passar por momentos assim, onde a inspiração não vem ou, mesmo gostando do que fazemos, não queremos fazer. Momentos em que uma série de outras coisas parecem muito mais interessantes e divertidas do que a tarefa que temos pela frente.

Isso é humano. Apesar do que os comerciais e anúncios quererem nos fazer acreditar, a vida não é uma eterna festa e o sucesso não vem fácil. É preciso uma luta diária, constante. E cansamos, desanimamos, desistimos ou paralisamos.

Opa! Esperem um pouco…

Relendo o parágrafo acima me questionei sobre duas palavras que escrevi.

Sucesso. O que representa isso para mim? Será que é o mesmo que para você? Tudo parece apontar para que sucesso seja traduzido por dinheiro, fama, posição social. Para alguns deve ser, mas não para todos. Mas todos os dias somos levados a acreditar que se não ganharmos mais dinheiro, não formos promovidos, não seguirmos subindo não estamos tendo sucesso. Acabamos por entrar nesse movimento de forma inconsciente e nos impor uma rotina estressante, de correria em busca de algo que nem sabemos ao certo se queremos. Nada contra ganhar dinheiro. Gosto bastante. A questão é estabelecer prioridades, e definir do que estamos dispostos a abrir mão para isso. O que me leva a segunda palavra.

Luta. Porque temos que estar sempre em guerra? Contra o tempo, por exemplo. Para fazer tudo que “precisamos”. Academia, sair com os amigos, namorar, cuidar dos filhos, passear o cachorro, ler o livro, assistir o filme, entregar o relatório, fazer o curso, conseguir a promoção, conquistar mais um cliente, escrever o artigo, e por aí vai.

Vou reescrever parte do parágrafo. (…) a vida é boa e pode ser melhor, conquistar o que desejamos está ao alcance de todos nós. Todos os dias podemos recomeçar, fazer novas escolhas ou renovar as que já fizemos. Todos os dias temos coisas pelas quais agradecer. Todos os dias aprendemos algo, nos modificamos. Nem sempre vamos conseguir tudo o que queremos, ou dar conta de fazer tudo a que nos propomos, mas podemos ser gratos por tudo o que conseguimos realizar e acreditar que podemos continuar fazendo.

Melhor assim, não acham?

De fevereiro do ano passado até agora escrevi 50 artigos, sobre os mais variados temas. Para mim isso é um sucesso. Tem gente que escreveu muito mais do que eu, talvez melhor do que eu. Tem gente que escreveu muito menos do que eu. Tudo bem.

Eu estou fazendo o meu melhor e se nesses últimos dias não consegui escrever não tem problema, pois não escrevi artigos, mas fiz inúmeras outras coisas a que me propus.

O que estou querendo dizer é que vamos nos cobrar um pouco menos, reconhecer e celebrar o que temos realizado, perdoar as falhas e seguir em frente. Porque viver é isso: seguir em frente, um dia de cada vez.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Pais e Autismo
Comportamento, Geral, Reflexão

ESCOLHENDO A ESPERANÇA

No dia 02 de abril foi o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. Todas as ações que levem as pessoas a falarem, refletirem, conhecerem e entenderem qualquer tipo de patologia são válidas e necessárias.

Receber um diagnóstico desses é devastador para os pais. O chão desmorona e junto com ele todos os sonhos a respeito do futuro do filho. Incerteza, medo, angústia, luto… são muitos os sentimentos.

Passado o primeiro impacto sobrevêm as dúvidas. Muitas. O que fazer? Que profissionais procurar? Qual a melhor linha de tratamento? Quem é o melhor especialista? A escola vai dar conta?

Hoje os pais têm uma especial ajuda da Internet e buscam, ávidos, informações. Vão participar de comunidades, vão conversar com outros pais.

Aos poucos as coisas se acalmam e é possível olhar para o filho e começar a fazer escolhas, priorizar trabalhos, adequar o orçamento e a rotina à nova realidade.

E é nesse momento que os pais fazem, de forma inconsciente na maioria das vezes, a principal escolha. Aquela que vai ser determinante para o tratamento e para o futuro do filho. Os pais vão escolher entre ter pena do filho, e de si mesmos em certa medida, ou acreditar que ele tem um futuro rico de possibilidades pela frente.

Vão escolher entre superproteger o filho ou acreditar no seu potencial e construir, pouco a pouco, a sua autonomia.

Parece lugar comum, mas é escolher entre o copo meio vazio ou o copo meio cheio. Porque não importa quão grave e limitante seja o diagnóstico, sempre existem possibilidades e o ser humano tem uma capacidade incrível de superação e de se reinventar.

E é essa escolha que vai determinar o futuro do filho. Existem inúmeros exemplos de superação e realização de pessoas com as mais diferentes limitações físicas, intelectuais ou psíquicas. Em todas elas existem pais que, apesar das incertezas e da dor, escolheram aceitar, amar e acreditar no seu filho, olhando sempre para as possibilidades e focando no desenvolvimento daquilo que a criança tem de melhor.

Criança
Comportamento, Geral, Reflexão

EU ACREDITO NA CRIANÇA!

Todos queremos saúde, ninguém quer estar doente. Quando se trata dos filhos então, mais ainda. Por isso é tão difícil quando se tem algum diagnóstico de um transtorno, de uma síndrome ou doença.

Inicialmente é o choque com a notícia, incredulidade. Não pode ser!! Não está certo!! Vamos buscar uma segunda opinião enquanto nos informamos o máximo possível sobre o assunto. Viva o Dr. Google!

Confirmado o diagnóstico entra-se numa outra fase. É preciso parar de chorar e partir para ação. Buscar toda a ajuda possível, todos os tratamentos, todos os profissionais.

É isso mesmo. É preciso buscar todos os recursos para que a criança possa se desenvolver e superar as dificuldades e limitações que o diagnóstico lhe aponta.

No entanto, é preciso tomar cuidado para que a criança não seja determinada e enxergada somente através de sua doença. Quando fazemos isso corremos o risco de exigir menos do que ela pode ou de encarar qualquer situação como parte do quadro. Recentemente atendendo uma família que se confrontava com um diagnóstico difícil os pais apontaram para o fato do filho não andar de bicicleta. Muitas crianças não andam ou demoram a andar de bicicleta pelos mais variados motivos: não tem uma bicicleta, não tem onde andar, não tem com quem andar ou simplesmente não tem interesse nisso, sem que isso seja um sintoma.

Por conta de minha formação como psicomotricista relacional tenho uma forma um pouco diferente de encarar a situação. Sem desconsiderar o diagnóstico, procuro olhar para a saúde. Toda criança, independente de sua condição, tem um potencial, tem coisas que é capaz de realizar, tem habilidades e potencialidades. É para isso que dirijo meu olhar em primeiro lugar. Quero saber o que ela sabe, o que ela faz e partir daí para ajuda-la a desenvolver-se. É a experiência do sucesso que a fortalece para enfrentar os desafios mais difíceis. Insistir somente no que falta é expor a criança a um histórico de fracassos sucessivos e dificuldades que a levam a questionar a sua capacidade de realizar.

Ao contrário, quando a criança é reconhecida pelas suas habilidades, aumenta sua autoestima e se torna fortalecida e empoderada para enfrentar e superar os desafios.

É preciso tomar cuidado para não encerrar a criança numa patologia, para que o diagnóstico não seja uma justificativa para comportamentos e atitudes.

Recentemente me perguntaram se eu trabalhava com uma determinada patologia. Embora já tenha tido em meu consultório várias crianças com o mesmo diagnóstico, minha resposta foi não. Porque não cuido de patologias, eu cuido de crianças, de pessoas e acredito profundamente que, mais do que dificuldades, elas tem possibilidades, habilidades e é isso que me interessa acima de tudo