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Análise Corporal da Relação, Comportamento, Geral, Reflexão

PEIXE INTEIRO NÃO CABE NO FORNO.

 

A família de Julia gostava muito de comer peixe assado. Era uma tradição dos almoços de domingo. Um dia Julia perguntou à sua mãe porque elas sempre cortavam a cabeça e o rabo do peixe antes de assá-lo. A mãe explicou que aprendeu a fazer o peixe dessa forma com a avó de Julia. Ainda intrigada, Julia foi perguntar a sua avó porque cortavam a cabeça e o rabo do peixe. A avó explicou que quando se casou o seu forno era muito pequeno e o peixe inteiro não cabia, assim ela cortava a cabeça e o rabo para poder assar o peixe. Há muitos anos que o forno da avó de Julia, bem como o da mãe e o dela, tem tamanho suficiente para assar o peixe inteiro, mas eles continuavam a perder a cabeça e o rabo. Se Julia não fosse curiosa é provável que suas filhas e suas netas também assassem seus peixes sem cabeça ou rabo. E como a essa altura a avó já não estaria por perto, nunca saberiam porque era feito dessa forma.

Dando aula essa semana sobre percepção e paradigmas, lembrei dessa história que me foi contada alguns anos atrás. Tenho refletido muito sobre o tema nos últimos tempos (não sobre qual a melhor forma de assar peixes, mas sobre paradigmas). Quantas coisas fazemos todos os dias por hábito, porque aprendemos que era o jeito certo de fazer e não questionamos? Quantas oportunidades perdemos porque não arriscamos uma jeito diferente de fazer as coisas? Quantas experiências ricas, divertidas perdemos porque elas fogem do roteiro? Quantas pessoas inteligentes, interessantes deixamos de conhecer porque não correspondem ao padrão?

Nós seres humanos precisamos de uma certa rotina, de alguns referenciais de segurança para podermos viver. Não daríamos conta se a cada dia tudo fosse novo e diferente. Mas isso não significa que precisamos ficar presos a coisas que foram válidas e boas num dado momento, mas que hoje não são mais.

Alguém disse que não podemos mergulhar duas vezes no mesmo rio, porque ele não será o mesmo, nem nós seremos os mesmos. Isso é verdade. Aquilo que preciso, que gosto na minha infância, é diferente do que preciso e gosto na adolescência ou na vida adulta.

A minha ideia não é fazer tudo diferente, jogar para o alto todas as certezas e hábitos, mas .questionar para saber se ainda é válido, se ainda é bom, se ainda quero as coisas da mesma forma

Assisti essa semana uma fala de Ricardo Semler no Ted em 2015. Ele sugere que nos perguntemos “por que?” não uma, mas três vezes. Na primeira vez a resposta virá fácil e pronta. Na segunda já ficaremos em dúvida. Na terceira talvez não encontremos resposta. E depois ele sugere que façamos uma outra pergunta: “para que?”. Qual o propósito que isso tem na minha vida?

Questionar-se é complexo e, muitas vezes, incômodo. Acredito, no entanto, que é melhor do que acordar um dia e ver que tudo mudou a nossa volta, que a vida seguiu em frente, e nós ficamos parados, repetindo os mesmo erros, fazendo as mesmas coisas…

Existem coisas que não podem e não devem mudar. São poucas, muito poucas.

Desejo sinceramente que possamos comer peixe assado com rabo e cabeça ou sem, peixe frito, cozido, com diferentes molhos e temperos. Que possamos experimentar outros pratos, outros sabores, outras cores, outras músicas, outras formas, outros jeitos. E escolher as que mais gostamos, as que nos fazem sentir melhor, que nos fazem vibrar. Aquelas que fazem a vida valer a pena.

 

 

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Comportamento, Geral, Reflexão

TODAS AS CORES SÃO BELAS!

A ideia para esse artigo me veio a umas duas semanas. Comecei a escrever, mas achei que não estava conseguindo expressar o que queria e deixei a ideia de lado. Hoje, enquanto passeava com meus cachorros, a ideia voltou a rondar a minha cabeça e decidi escrever.

Muitas vezes afirmamos que queremos algo, mas nossas ações parecem querer outra coisa. Essa ambivalência que começa no indivíduo chega até a escola.

Um paciente, que ainda não completou cinco anos, já “aprendeu” que os telhados das casas devem ser marrons, e que é preciso pintar sempre dentro dos espaços. Eu entendo a importância da coordenação motora para o aprendizado da escrita e que pintar dentro de um espaço limitado nos dá notícias que a criança está evoluindo em sua coordenação e controle motor. Existem uma série de exercícios e atividades que podem ser feitas para ajudar as crianças a se desenvolverem nesse aspecto.

O que me incomoda é padronizar tudo. Ensinamos o que é correto, como devem ser as coisas, segundo a ótica do adulto, desde muito cedo. Por que os telhados não podem ser coloridos? Por que a grama não pode ser azul? Por que eu tenho que pintar exatamente da cor que vejo e não da cor que imagino, que sinto, que me agrada? Se isso não fosse possível não teríamos a beleza dos quadros impressionistas.

O paradoxo maior é que treinamos as crianças para o padrão, mas quando elas crescem queremos que aprendam a aceitar a diversidade!! Queremos que olhem com naturalidade e aceitem as diferenças raciais, religiosas, de orientação sexual…, mas não queremos que meninos brinquem de boneca ou meninas de carrinho de rolimã!

Por vezes fui chamada a uma escola para falar sobre um paciente adolescente que apresenta alguns comportamentos “esquisitos”, diferentes da média. Insistiam em enquadrá-lo em uma patologia, solicitavam um diagnóstico, pois assim poderiam falar com a turma, explicar o porquê dos comportamentos e eles parariam com as gozações e bullying com o menino. Como assim?! Não gozar dos colegas, pregar peças constrangedoras, fazer bullying com um colega deveria ser norma, independentemente de uma patologia ou não. A diferença só pode ser aceita quando justificada por um diagnóstico médico? Se for assim como vou diagnosticar uma diferença de crença religiosa? Ou de raça?

Precisamos ficar atentos porque nosso discurso está muito distante de nossa prática. Se queremos um mundo melhor, menos preconceituoso no futuro temos que começar a ensinar hoje as crianças que diferente é só diferente, não é menos, não é mais, não é certo e não é errado. Sendo a escola o primeiro espaço de socialização, ela tem um papel fundamental nesse assunto.

Embora desejada, essa tarefa é complexa, pois a maioria dos agentes participantes da escola carregam dentro de si preconceitos. Despir-se deles é preciso, o quanto antes.

Que o sol possa ser cor-de-rosa, os telhados azuis e cada um aceito do jeito que é.

 

 

 

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Comportamento, Geral, Reflexão

TUDO BEM!

Não escrevo um artigo a mais de um mês. Uma crise de inspiração, talvez cansaço de final de semestre, preguiça, muitas podem ser as desculpas ou justificativas. Vários temas me passaram pela cabeça, comecei a escrever um ou dois textos, mas nada foi para frente. Inúmeras vezes me cobrei escrever, afinal estabeleci esse propósito: um texto por semana.

De um modo geral, a inspiração vem, e escrevo com certa tranquilidade, principalmente se considerarmos que não sou escritora, sou psicóloga. Mas nos últimos dias não consegui escrever.

Hoje acordei decidida: vou escrever! Chega de enrolação, autopiedade, desculpas e mãos a obra.

Estou a algum tempo encarando a tela do computador. Já comecei a escrever algumas vezes, mas nada me agradou. Então decidi compartilhar com vocês minha dificuldade e o que pensei a respeito dela.

Imagino que essa dificuldade não seja só minha. Vocês também devem passar por momentos assim, onde a inspiração não vem ou, mesmo gostando do que fazemos, não queremos fazer. Momentos em que uma série de outras coisas parecem muito mais interessantes e divertidas do que a tarefa que temos pela frente.

Isso é humano. Apesar do que os comerciais e anúncios quererem nos fazer acreditar, a vida não é uma eterna festa e o sucesso não vem fácil. É preciso uma luta diária, constante. E cansamos, desanimamos, desistimos ou paralisamos.

Opa! Esperem um pouco…

Relendo o parágrafo acima me questionei sobre duas palavras que escrevi.

Sucesso. O que representa isso para mim? Será que é o mesmo que para você? Tudo parece apontar para que sucesso seja traduzido por dinheiro, fama, posição social. Para alguns deve ser, mas não para todos. Mas todos os dias somos levados a acreditar que se não ganharmos mais dinheiro, não formos promovidos, não seguirmos subindo não estamos tendo sucesso. Acabamos por entrar nesse movimento de forma inconsciente e nos impor uma rotina estressante, de correria em busca de algo que nem sabemos ao certo se queremos. Nada contra ganhar dinheiro. Gosto bastante. A questão é estabelecer prioridades, e definir do que estamos dispostos a abrir mão para isso. O que me leva a segunda palavra.

Luta. Porque temos que estar sempre em guerra? Contra o tempo, por exemplo. Para fazer tudo que “precisamos”. Academia, sair com os amigos, namorar, cuidar dos filhos, passear o cachorro, ler o livro, assistir o filme, entregar o relatório, fazer o curso, conseguir a promoção, conquistar mais um cliente, escrever o artigo, e por aí vai.

Vou reescrever parte do parágrafo. (…) a vida é boa e pode ser melhor, conquistar o que desejamos está ao alcance de todos nós. Todos os dias podemos recomeçar, fazer novas escolhas ou renovar as que já fizemos. Todos os dias temos coisas pelas quais agradecer. Todos os dias aprendemos algo, nos modificamos. Nem sempre vamos conseguir tudo o que queremos, ou dar conta de fazer tudo a que nos propomos, mas podemos ser gratos por tudo o que conseguimos realizar e acreditar que podemos continuar fazendo.

Melhor assim, não acham?

De fevereiro do ano passado até agora escrevi 50 artigos, sobre os mais variados temas. Para mim isso é um sucesso. Tem gente que escreveu muito mais do que eu, talvez melhor do que eu. Tem gente que escreveu muito menos do que eu. Tudo bem.

Eu estou fazendo o meu melhor e se nesses últimos dias não consegui escrever não tem problema, pois não escrevi artigos, mas fiz inúmeras outras coisas a que me propus.

O que estou querendo dizer é que vamos nos cobrar um pouco menos, reconhecer e celebrar o que temos realizado, perdoar as falhas e seguir em frente. Porque viver é isso: seguir em frente, um dia de cada vez.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Análise Corporal da Relação, Comportamento, Geral, Reflexão

O MAIS IMPORTANTE AMOR

Hoje é dia dos namorados. Com certeza uma data em que o comércio aproveita para alavancar vendas. Para muitos vai ser um dia de celebração à dois, para outros uma data triste, seja pela saudade, seja pela solidão.

Gosto mais da ideia do Valentine’s Day americano, que vai além dos namorados e celebra o amor. No Valentine’s Day você pode dar um presente ou cartão para um amigo querido, para professora, para qualquer pessoa por quem você nutra um afeto especial, namorados e namoradas incluídos.

Uma amiga acaba de me convidar para irmos buscar o bolo do Santo Antônio. A crença é que se você encontrar a imagem do santo no seu pedaço de bolo encontrará o amor. É a tradição casamenteira do mês de Junho.

Acredito que o importante é celebrar o amor. Não somente o amor romântico, mas todo tipo de amor. O amor que sentimos em nossas famílias por nossos pais, irmão, avós, tios… Um amor que nos foi posto pela vida, que não escolhemos. A primeira experiência de amor é, ou pelo menos deveria ser, vivida neste núcleo. Muitos outros sentimentos se misturam nessas relações, às vezes bastante conflituosas. Pode não ser o maior, nem o melhor, mas foi o primeiro.

O amor que sentimos pelos amigos. São tantas as cores desse amor, quanto são as cores dos amigos. Alguns para todas as horas, alguns para todas as festas, alguns por um tempo, outros para vida toda. Também foram um presente da vida, mas aqui tivemos a possibilidade de escolha. Por isso esse amor se torna tão especial. Dentre tantas pessoas fui a escolhida para receber esse amor.

O amor romântico, para muitos aquele que dá sentido a vida, que completa. Para outros significado de frustração e tristeza. Muitas vezes começa como o fogo da paixão e vai aos poucos se transformando no calor aconchegante do amor construído na convivência, na cumplicidade, na parceria. Amor para vida toda, amor eterno enquanto dura. Amor que dá frutos e se multiplica. Amor que acaba e, muitas vezes, se transforma em rancor, amargura, ódio.

Mas de todos os tipos de amor, um é o mais importante. Sem ele todos os outros serão frágeis. O amor por nós mesmos, chamado de autoestima. Amor que começa a ser cultivado desde o nascimento, tendo como semente o amor dos pais, regado por todos os amores de nossa vida, mas que deve ser por nós cultivado, cuidado com todo o carinho a cada dia.

Quanto mais amor sinto por mim, mais segura me sinto, mais amor posso dar, mas sem prender, sem sufocar. Mais inteira, plena posso estar nas relações, sem medo da perda, de mim mesma ou do outro. Somos a única pessoa que estará presente em nossas vidas até o fim. Devemos cultivar com ela a relação mais amorosa de todas.

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Comportamento, Geral, Reflexão

ESPERANÇA

Vivemos um momento tenso no Brasil. Não sabemos como isso vai terminar…

Tenho ouvido muitas pessoas desesperançadas com o destino de nosso país. De fato a situação é um tanto desanimadora. É muita corrupção, muito dinheiro envolvido, muita indignação.

Tenho, por força de minha formação, o hábito de procurar algo de bom em cada situação. Pelo menos um aprendizado.

Conversando com um amigo ele me fez ver um outro lado disso tudo. A corrupção existe no Brasil desde sua fundação. Ela é algo cultural até. O nosso famoso jeitinho muitas vezes leva à isso. Talvez em outra proporção, mas é só isso, uma questão de proporção.

Mas pela primeira vez essa ferida está sendo aberta. Estamos olhando para ela de frente e nos assustamos com o que vemos. Ela é maior e muito mais profunda do que nossa imaginação nos fazia crer.

E pela primeira vez estamos tratando essa ferida. Começamos a limpá-la. Esse processo não será fácil, afinal ela ficou sem cuidados por muito tempo. A infecção tentará voltar. Será preciso redobrado cuidado. Outras lesões poderão ser encontradas.

No entanto, o mais importante está sendo feito: começamos a enfrentar a situação. Isso nunca tinha sido feito antes. E, usando a mesma metáfora, ainda que saibamos que o tratamento é longo e doloroso, é preciso ter renovada a cada dia a esperança da cura.

A nós brasileiros, não diretamente ligados ao tratamento, nos cabe uma tarefa: mudar. Abandonar o hábito do jeitinho e abraçar a ética como princípio de vida em sociedade. Porque por melhor que sejam os tratamentos, se os hábitos permanecerem os mesmos, tudo voltará a ser como antes.

Vi esses dias uma palestra do TED em que Matt Cutts (https://www.ted.com/talks/matt_cutts_try_something_new_for_30_days) conta sua experiência de tentar algo novo por 30 dias. Pois é exatamente isso que proponho a todos nós brasileiros. Vamos tentar mudar uma atitude por 30 dias. Passar 30 dias sem usar o celular enquanto dirigimos, por exemplo. Ou não sentar no lugar do idoso no ônibus.

Porque, afinal, somos todos responsáveis por transformar o Brasil no país que queremos.

 

Amor maior do mundo
Comportamento, Geral, Reflexão

AMOR MAIOR DO MUNDO

Quero falar de amor. Quero falar do amor que pais e mães sentem por seus filhos. Esse é o amor maior do mundo, capaz de entrega, dedicação, sacrifício…, mas acima de tudo um amor incondicional. Pelo menos deveria ser.

Amor incondicional é aquele que permanece apesar dos erros, das decepções. A criança, e o adolescente também, precisa ter essa certeza. A certeza que não importa o que aconteça esse amor está assegurado. Não é um amor se. Se você tirar boas notas, se você obedecer, se você se comportar, se…

Amar incondicionalmente não significa aceitar tudo ou concordar com tudo. Pelo contrário. O que a criança e o adolescente precisam é de um amor que dá limite, que pontua os erros, que briga, mas que não se abala com isso. É incondicional exatamente por isso. Aguenta as decepções e frustrações e permanece firme.

Amar incondicionalmente tampouco significa que os pais não terão momentos em que sentirão raiva, que terão vontade de gritar, de sumir ou de desistir, momentos de cansaço e desânimo. Afinal, antes de serem pais, são seres humanos. São só momentos. O amor incondicional dilui isso ao menor sorriso, ou lágrima.

No entanto, percebo, no meu dia-a-dia do consultório e como professora, que muitos pais confundem esse amor incondicional com colocar o filho como prioridade absoluta em suas vidas, para sempre. Não creio que esse seja o melhor caminho. A pessoa mais importante de nossas vidas, somos nós mesmos. É importante que os pais cuidem-se, priorizem-se em vários momentos por alguns motivos.

Pais são modelos, muito mais por ações do que por palavras, e é importante ensinar os filhos que é importante cuidar de si, colocar-se como prioridade.

Entendam que colocar-se como prioridade não significa egoísmo ou ignorar o outro, mas é ter um limite de até onde se vai pelo outro, do quanto se abre mão pelo outro. Porque é muito difícil dar quando se está esvaziado. E se não nos priorizamos é isso que acaba por acontecer. Escolhendo sempre o outro, acabamos por não nos nutrir e nos esvaziamos. Pais infelizes não são os melhores pais.

E por fim, mas não menos importante, porque se fazemos tamanho “sacrifício” acabamos por apresentar a conta em algum momento. E essa conta é impagável.

Ame seus filhos! Ame-os incondicionalmente!! Mas ame-se primeiro. Vocês e seus filhos merecem isso.

 

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Comportamento, Geral, Reflexão

CRIANÇA PRECISA BRINCAR!

Nada é por acaso. Queria escrever sobre crianças e a escola. Hoje quando fui ler o jornal me deparo com uma reportagem que fala de alguns mitos sobre o cérebro e aprendizagem. Foi muito bom ver que algumas das minhas crenças têm fundamento.

Um dos mitos de que o artigo fala é o de que quanto mais tempo na escola, maior é a aprendizagem. Falso. Quantidade não é qualidade!

Na minha prática profissional, atendendo crianças, sempre me incomodou a quantidade de horas envolvidas em estudos, seja na escola, seja em aulas extras. Outra coisa que sempre me choca é a quantidade de lição de casa que as crianças têm. Sem falar no peso das mochilas!!! E isso desde a Educação Infantil (só piora com o passar dos anos).

Criança precisa brincar! Precisa explorar e ter contato com o maior número e as mais variadas experiências. Ela é curiosa por natureza. Quer saber, quer experimentar, quer conhecer. E usa o seu corpo para isso. Precisa tocar, mexer, ouvir, ver, sentir. Ela aprende brincando, experimentando.

Os pais e a escola preocupados com o futuro acreditam que o quanto antes elas aprenderem a ler e escrever, souberem outro idioma, forem excelentes em matemática, etc., mais chances terão de sucesso no mercado de trabalho. Expõem a criança ao stress de que tanto reclamam. Justamente ao contrário.

Aprender, ao longo dos anos, vai se tornando uma coisa chata, piorando cada vez mais conforme a criança avança na escola. Dou aula de graduação e pós-graduação e é muito triste ver que os alunos não querem aprender, não são curiosos, não me desafiam como professora. Eles só querem tirar uma nota e passar. Um profissional que não gosta de aprender, que não se atualiza sempre, não é o que o mercado busca.

Fui ler um pouco mais sobre o assunto e num artigo na Universidade de Barcelona é reforçado o papel das emoções na aprendizagem. Quanto mais prazer, quanto mais alegres nos sentimos ao aprender, mais facilmente os conteúdos serão retidos e mais motivados estaremos para continuar a aprender.

Além de brincar a criança precisa de um tempo sem fazer nada, ocioso. Mas numa agenda lotada isso não é possível.

No artigo da semana passada falei que estamos encurtando a infância. A pressão por uma aprendizagem precoce, desvinculada dos interesses da criança, sem alegria tem contribuído para isso.

A infância é um pequeno período de nossas vidas. Ela deve ser vivida intensamente. É nela que se constrói a base que vai sustentar todo o restante. Portanto, deve ser respeitada, cuidada e protegida.

 

 

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Comportamento, Geral, Reflexão

SINAL DOS TEMPOS

A revista Veja desta semana tenta responder a pergunta: Conexão faz mal a saúde? Algumas pesquisas, segundo a revista, indicam que o uso da tecnologia acentua alguns problemas em jovens.

Essa é uma dúvida recorrente no consultório. O quanto os filhos podem ou não ficar conectados, se jogos de videogame são ruins e deveriam ser proibidos, a dificuldade de dar limite aos adolescentes no uso das redes sociais, etc.

Acredito que a maioria das coisas não são por si só nocivas. O uso que nós fazemos delas é que pode ser, e muito.

Existem vários jogos de videogame que são interessantes e divertidos. O que não pode é permitir que a criança fique horas a fio jogando. Ela precisa de uma multiplicidade de experiências para se desenvolver de forma saudável. Precisa brincar ao ar livre, jogar bola, faz de conta, jogos em grupo, etc. Precisa também um tempo para não fazer nada, ficar ociosa. Todas essas atividades contribuem para o seu desenvolvimento.

Isso é cada vez mais difícil. A agenda dos pequenos é cheia de uma infinidade de compromissos e o volume de lição de casa sempre me espanta. As crianças têm cada vez menos tempo de viver a infância. Além disso uma criança vidrada na tela do celular, tablete ou outro é uma criança entretida, que não pergunta, não incomoda, não atrapalha…

As redes sociais estão aí e não há como impedir um jovem de acessar o facebook, snap, instagram, whatsapp, etc. O importante é orientar o filho sobre o uso excessivo, sobre os riscos que ele corre, e ter acesso ao que ele posta e vê. Limite também é importante. Respeitar a hora das refeições, por exemplo.

Para isso, no entanto, é preciso que os pais deem o exemplo. Como exigir dos filhos um controle se o pai passa boa parte do seu tempo em casa jogando, ou se a mãe não fica longe do celular um instante?

Isso também é difícil. Refeição em família? Cada dia mais raro. Ocupar-se dos filhos, estar atento ao que eles veem, aonde vão, às suas companhias parece não ser mais importante. Percebo os jovens cada vez mais soltos. É preocupante. É importante que pais e filhos conectem-se uns aos outros, não através de aparelhos, mas ao vivo e a cores, partilhando de momentos juntos.

Tem sido dada às crianças e aos adolescentes uma liberdade precipitada sem responsabilidades em contrapartida. Assumem escolhas cada vez mais precocemente, sem necessariamente estarem preparados para isso.

É uma pena, porque estamos encurtando a infância, antecipando a adolescência, acelerando as coisas e depois tentamos retardar a velhice. Não seria melhor se pudéssemos viver plenamente cada uma das fases da vida, em toda sua riqueza e plenitude?

Parceria
Comportamento, Geral, Reflexão

O VERDADEIRO SENTIDO DE UMA PARCERIA

Estive no Rio Grande do Sul, em Nova Petrópolis, este final de semana participando do 4° Encontro de Facilitadores Experenciais. Fui convidada a participar e mostrar um pouco do meu trabalho.

Foi um final de semana muito produtivo, de muito aprendizado e muita troca. Foi bom conhecer profissionais que desenvolvem um trabalho sério e estão comprometidos com a qualidade do serviço e do produto a ser entregue. Um final de semana de ideias, debates, encontros, laços, enfim de parceria.

Considero-me uma pessoa de sorte, pois tenho encontrado, ao longo da minha vida profissional, pessoas fantásticas com quem tenho estabelecido parcerias produtivas e amizades duradouras.

Fala-se bastante sobre parceria, como é importante, principalmente quando estamos falando de trabalho e organizações.

Tenho dúvidas se as pessoas realmente entendem o que significa parceria. Procurando no dicionário encontramos: relação de colaboração entre duas ou mais pessoas com vista à realização de um objetivo comum.

Parceria é colaboração, cooperação, ajudar, participar, apoiar.

Para que uma parceria aconteça eu acredito que algumas condições precisam estar presentes. Primeiro ter um objetivo em comum. Algo que se deseje realizar e que será melhor, mais prazeroso ou mais facilmente realizado em conjunto. Seguir numa mesma direção.

É importante estar disponível para o outro. Para verdadeiramente escutar o outro (suas ideias, receios), aceitar o outro (com suas qualidades e limitações). Estar aberto não só para receber, mas para entregar ao outro o que você tem de melhor. Uma parceria não acontece se uma das partes não está por inteiro, ou tem reservas, ou sejam, é necessário confiar. Sem confiar no outro uma verdadeira parceria não se estabelece. Uma relação franca, onde a comunicação flui, sem entraves. Onde se pode dizer o que se pensa e acredita.

É preciso fortalecer os laços para que eles suportem as divergências e os conflitos que irão ocorrer.

Talvez não seja a forma mais fácil de atingir um objetivo ou realizar algo, mas com certeza é uma forma mais rica em possibilidades e aprendizado.

Eu adoro trabalhar em parceria, onde o outro faz com que eu brilhe no que tenho de melhor, me complementa no que me falta e me permite fazer o mesmo por ele.