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Análise Corporal da Relação, Comportamento, Geral, Reflexão

O MAIS IMPORTANTE AMOR

Hoje é dia dos namorados. Com certeza uma data em que o comércio aproveita para alavancar vendas. Para muitos vai ser um dia de celebração à dois, para outros uma data triste, seja pela saudade, seja pela solidão.

Gosto mais da ideia do Valentine’s Day americano, que vai além dos namorados e celebra o amor. No Valentine’s Day você pode dar um presente ou cartão para um amigo querido, para professora, para qualquer pessoa por quem você nutra um afeto especial, namorados e namoradas incluídos.

Uma amiga acaba de me convidar para irmos buscar o bolo do Santo Antônio. A crença é que se você encontrar a imagem do santo no seu pedaço de bolo encontrará o amor. É a tradição casamenteira do mês de Junho.

Acredito que o importante é celebrar o amor. Não somente o amor romântico, mas todo tipo de amor. O amor que sentimos em nossas famílias por nossos pais, irmão, avós, tios… Um amor que nos foi posto pela vida, que não escolhemos. A primeira experiência de amor é, ou pelo menos deveria ser, vivida neste núcleo. Muitos outros sentimentos se misturam nessas relações, às vezes bastante conflituosas. Pode não ser o maior, nem o melhor, mas foi o primeiro.

O amor que sentimos pelos amigos. São tantas as cores desse amor, quanto são as cores dos amigos. Alguns para todas as horas, alguns para todas as festas, alguns por um tempo, outros para vida toda. Também foram um presente da vida, mas aqui tivemos a possibilidade de escolha. Por isso esse amor se torna tão especial. Dentre tantas pessoas fui a escolhida para receber esse amor.

O amor romântico, para muitos aquele que dá sentido a vida, que completa. Para outros significado de frustração e tristeza. Muitas vezes começa como o fogo da paixão e vai aos poucos se transformando no calor aconchegante do amor construído na convivência, na cumplicidade, na parceria. Amor para vida toda, amor eterno enquanto dura. Amor que dá frutos e se multiplica. Amor que acaba e, muitas vezes, se transforma em rancor, amargura, ódio.

Mas de todos os tipos de amor, um é o mais importante. Sem ele todos os outros serão frágeis. O amor por nós mesmos, chamado de autoestima. Amor que começa a ser cultivado desde o nascimento, tendo como semente o amor dos pais, regado por todos os amores de nossa vida, mas que deve ser por nós cultivado, cuidado com todo o carinho a cada dia.

Quanto mais amor sinto por mim, mais segura me sinto, mais amor posso dar, mas sem prender, sem sufocar. Mais inteira, plena posso estar nas relações, sem medo da perda, de mim mesma ou do outro. Somos a única pessoa que estará presente em nossas vidas até o fim. Devemos cultivar com ela a relação mais amorosa de todas.

Amor maior do mundo
Comportamento, Geral, Reflexão

AMOR MAIOR DO MUNDO

Quero falar de amor. Quero falar do amor que pais e mães sentem por seus filhos. Esse é o amor maior do mundo, capaz de entrega, dedicação, sacrifício…, mas acima de tudo um amor incondicional. Pelo menos deveria ser.

Amor incondicional é aquele que permanece apesar dos erros, das decepções. A criança, e o adolescente também, precisa ter essa certeza. A certeza que não importa o que aconteça esse amor está assegurado. Não é um amor se. Se você tirar boas notas, se você obedecer, se você se comportar, se…

Amar incondicionalmente não significa aceitar tudo ou concordar com tudo. Pelo contrário. O que a criança e o adolescente precisam é de um amor que dá limite, que pontua os erros, que briga, mas que não se abala com isso. É incondicional exatamente por isso. Aguenta as decepções e frustrações e permanece firme.

Amar incondicionalmente tampouco significa que os pais não terão momentos em que sentirão raiva, que terão vontade de gritar, de sumir ou de desistir, momentos de cansaço e desânimo. Afinal, antes de serem pais, são seres humanos. São só momentos. O amor incondicional dilui isso ao menor sorriso, ou lágrima.

No entanto, percebo, no meu dia-a-dia do consultório e como professora, que muitos pais confundem esse amor incondicional com colocar o filho como prioridade absoluta em suas vidas, para sempre. Não creio que esse seja o melhor caminho. A pessoa mais importante de nossas vidas, somos nós mesmos. É importante que os pais cuidem-se, priorizem-se em vários momentos por alguns motivos.

Pais são modelos, muito mais por ações do que por palavras, e é importante ensinar os filhos que é importante cuidar de si, colocar-se como prioridade.

Entendam que colocar-se como prioridade não significa egoísmo ou ignorar o outro, mas é ter um limite de até onde se vai pelo outro, do quanto se abre mão pelo outro. Porque é muito difícil dar quando se está esvaziado. E se não nos priorizamos é isso que acaba por acontecer. Escolhendo sempre o outro, acabamos por não nos nutrir e nos esvaziamos. Pais infelizes não são os melhores pais.

E por fim, mas não menos importante, porque se fazemos tamanho “sacrifício” acabamos por apresentar a conta em algum momento. E essa conta é impagável.

Ame seus filhos! Ame-os incondicionalmente!! Mas ame-se primeiro. Vocês e seus filhos merecem isso.

 

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Comportamento, Geral, Reflexão

CRIANÇA PRECISA BRINCAR!

Nada é por acaso. Queria escrever sobre crianças e a escola. Hoje quando fui ler o jornal me deparo com uma reportagem que fala de alguns mitos sobre o cérebro e aprendizagem. Foi muito bom ver que algumas das minhas crenças têm fundamento.

Um dos mitos de que o artigo fala é o de que quanto mais tempo na escola, maior é a aprendizagem. Falso. Quantidade não é qualidade!

Na minha prática profissional, atendendo crianças, sempre me incomodou a quantidade de horas envolvidas em estudos, seja na escola, seja em aulas extras. Outra coisa que sempre me choca é a quantidade de lição de casa que as crianças têm. Sem falar no peso das mochilas!!! E isso desde a Educação Infantil (só piora com o passar dos anos).

Criança precisa brincar! Precisa explorar e ter contato com o maior número e as mais variadas experiências. Ela é curiosa por natureza. Quer saber, quer experimentar, quer conhecer. E usa o seu corpo para isso. Precisa tocar, mexer, ouvir, ver, sentir. Ela aprende brincando, experimentando.

Os pais e a escola preocupados com o futuro acreditam que o quanto antes elas aprenderem a ler e escrever, souberem outro idioma, forem excelentes em matemática, etc., mais chances terão de sucesso no mercado de trabalho. Expõem a criança ao stress de que tanto reclamam. Justamente ao contrário.

Aprender, ao longo dos anos, vai se tornando uma coisa chata, piorando cada vez mais conforme a criança avança na escola. Dou aula de graduação e pós-graduação e é muito triste ver que os alunos não querem aprender, não são curiosos, não me desafiam como professora. Eles só querem tirar uma nota e passar. Um profissional que não gosta de aprender, que não se atualiza sempre, não é o que o mercado busca.

Fui ler um pouco mais sobre o assunto e num artigo na Universidade de Barcelona é reforçado o papel das emoções na aprendizagem. Quanto mais prazer, quanto mais alegres nos sentimos ao aprender, mais facilmente os conteúdos serão retidos e mais motivados estaremos para continuar a aprender.

Além de brincar a criança precisa de um tempo sem fazer nada, ocioso. Mas numa agenda lotada isso não é possível.

No artigo da semana passada falei que estamos encurtando a infância. A pressão por uma aprendizagem precoce, desvinculada dos interesses da criança, sem alegria tem contribuído para isso.

A infância é um pequeno período de nossas vidas. Ela deve ser vivida intensamente. É nela que se constrói a base que vai sustentar todo o restante. Portanto, deve ser respeitada, cuidada e protegida.

 

 

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Comportamento, Geral, Reflexão

SINAL DOS TEMPOS

A revista Veja desta semana tenta responder a pergunta: Conexão faz mal a saúde? Algumas pesquisas, segundo a revista, indicam que o uso da tecnologia acentua alguns problemas em jovens.

Essa é uma dúvida recorrente no consultório. O quanto os filhos podem ou não ficar conectados, se jogos de videogame são ruins e deveriam ser proibidos, a dificuldade de dar limite aos adolescentes no uso das redes sociais, etc.

Acredito que a maioria das coisas não são por si só nocivas. O uso que nós fazemos delas é que pode ser, e muito.

Existem vários jogos de videogame que são interessantes e divertidos. O que não pode é permitir que a criança fique horas a fio jogando. Ela precisa de uma multiplicidade de experiências para se desenvolver de forma saudável. Precisa brincar ao ar livre, jogar bola, faz de conta, jogos em grupo, etc. Precisa também um tempo para não fazer nada, ficar ociosa. Todas essas atividades contribuem para o seu desenvolvimento.

Isso é cada vez mais difícil. A agenda dos pequenos é cheia de uma infinidade de compromissos e o volume de lição de casa sempre me espanta. As crianças têm cada vez menos tempo de viver a infância. Além disso uma criança vidrada na tela do celular, tablete ou outro é uma criança entretida, que não pergunta, não incomoda, não atrapalha…

As redes sociais estão aí e não há como impedir um jovem de acessar o facebook, snap, instagram, whatsapp, etc. O importante é orientar o filho sobre o uso excessivo, sobre os riscos que ele corre, e ter acesso ao que ele posta e vê. Limite também é importante. Respeitar a hora das refeições, por exemplo.

Para isso, no entanto, é preciso que os pais deem o exemplo. Como exigir dos filhos um controle se o pai passa boa parte do seu tempo em casa jogando, ou se a mãe não fica longe do celular um instante?

Isso também é difícil. Refeição em família? Cada dia mais raro. Ocupar-se dos filhos, estar atento ao que eles veem, aonde vão, às suas companhias parece não ser mais importante. Percebo os jovens cada vez mais soltos. É preocupante. É importante que pais e filhos conectem-se uns aos outros, não através de aparelhos, mas ao vivo e a cores, partilhando de momentos juntos.

Tem sido dada às crianças e aos adolescentes uma liberdade precipitada sem responsabilidades em contrapartida. Assumem escolhas cada vez mais precocemente, sem necessariamente estarem preparados para isso.

É uma pena, porque estamos encurtando a infância, antecipando a adolescência, acelerando as coisas e depois tentamos retardar a velhice. Não seria melhor se pudéssemos viver plenamente cada uma das fases da vida, em toda sua riqueza e plenitude?

Pais e Autismo
Comportamento, Geral, Reflexão

ESCOLHENDO A ESPERANÇA

No dia 02 de abril foi o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. Todas as ações que levem as pessoas a falarem, refletirem, conhecerem e entenderem qualquer tipo de patologia são válidas e necessárias.

Receber um diagnóstico desses é devastador para os pais. O chão desmorona e junto com ele todos os sonhos a respeito do futuro do filho. Incerteza, medo, angústia, luto… são muitos os sentimentos.

Passado o primeiro impacto sobrevêm as dúvidas. Muitas. O que fazer? Que profissionais procurar? Qual a melhor linha de tratamento? Quem é o melhor especialista? A escola vai dar conta?

Hoje os pais têm uma especial ajuda da Internet e buscam, ávidos, informações. Vão participar de comunidades, vão conversar com outros pais.

Aos poucos as coisas se acalmam e é possível olhar para o filho e começar a fazer escolhas, priorizar trabalhos, adequar o orçamento e a rotina à nova realidade.

E é nesse momento que os pais fazem, de forma inconsciente na maioria das vezes, a principal escolha. Aquela que vai ser determinante para o tratamento e para o futuro do filho. Os pais vão escolher entre ter pena do filho, e de si mesmos em certa medida, ou acreditar que ele tem um futuro rico de possibilidades pela frente.

Vão escolher entre superproteger o filho ou acreditar no seu potencial e construir, pouco a pouco, a sua autonomia.

Parece lugar comum, mas é escolher entre o copo meio vazio ou o copo meio cheio. Porque não importa quão grave e limitante seja o diagnóstico, sempre existem possibilidades e o ser humano tem uma capacidade incrível de superação e de se reinventar.

E é essa escolha que vai determinar o futuro do filho. Existem inúmeros exemplos de superação e realização de pessoas com as mais diferentes limitações físicas, intelectuais ou psíquicas. Em todas elas existem pais que, apesar das incertezas e da dor, escolheram aceitar, amar e acreditar no seu filho, olhando sempre para as possibilidades e focando no desenvolvimento daquilo que a criança tem de melhor.

Criança
Comportamento, Geral, Reflexão

EU ACREDITO NA CRIANÇA!

Todos queremos saúde, ninguém quer estar doente. Quando se trata dos filhos então, mais ainda. Por isso é tão difícil quando se tem algum diagnóstico de um transtorno, de uma síndrome ou doença.

Inicialmente é o choque com a notícia, incredulidade. Não pode ser!! Não está certo!! Vamos buscar uma segunda opinião enquanto nos informamos o máximo possível sobre o assunto. Viva o Dr. Google!

Confirmado o diagnóstico entra-se numa outra fase. É preciso parar de chorar e partir para ação. Buscar toda a ajuda possível, todos os tratamentos, todos os profissionais.

É isso mesmo. É preciso buscar todos os recursos para que a criança possa se desenvolver e superar as dificuldades e limitações que o diagnóstico lhe aponta.

No entanto, é preciso tomar cuidado para que a criança não seja determinada e enxergada somente através de sua doença. Quando fazemos isso corremos o risco de exigir menos do que ela pode ou de encarar qualquer situação como parte do quadro. Recentemente atendendo uma família que se confrontava com um diagnóstico difícil os pais apontaram para o fato do filho não andar de bicicleta. Muitas crianças não andam ou demoram a andar de bicicleta pelos mais variados motivos: não tem uma bicicleta, não tem onde andar, não tem com quem andar ou simplesmente não tem interesse nisso, sem que isso seja um sintoma.

Por conta de minha formação como psicomotricista relacional tenho uma forma um pouco diferente de encarar a situação. Sem desconsiderar o diagnóstico, procuro olhar para a saúde. Toda criança, independente de sua condição, tem um potencial, tem coisas que é capaz de realizar, tem habilidades e potencialidades. É para isso que dirijo meu olhar em primeiro lugar. Quero saber o que ela sabe, o que ela faz e partir daí para ajuda-la a desenvolver-se. É a experiência do sucesso que a fortalece para enfrentar os desafios mais difíceis. Insistir somente no que falta é expor a criança a um histórico de fracassos sucessivos e dificuldades que a levam a questionar a sua capacidade de realizar.

Ao contrário, quando a criança é reconhecida pelas suas habilidades, aumenta sua autoestima e se torna fortalecida e empoderada para enfrentar e superar os desafios.

É preciso tomar cuidado para não encerrar a criança numa patologia, para que o diagnóstico não seja uma justificativa para comportamentos e atitudes.

Recentemente me perguntaram se eu trabalhava com uma determinada patologia. Embora já tenha tido em meu consultório várias crianças com o mesmo diagnóstico, minha resposta foi não. Porque não cuido de patologias, eu cuido de crianças, de pessoas e acredito profundamente que, mais do que dificuldades, elas tem possibilidades, habilidades e é isso que me interessa acima de tudo