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Comportamento, Geral, Infância, Reflexão

Conversas em tempos de Pandemia 1

Olá!

Espero que vocês estejam bem.

Estamos passando por um momento singular. O mundo vive uma pandemia e nós estamos reclusos em casa por conta da quarentena que nos foi imposta. Precisamos cuidar das pessoas que amamos, de nossa comunidade e de nós mesmos.

Vivemos uma crise e temos que lidar com uma série de emoções e sentimentos. Medo, ansiedade, raiva, solidão, entre outros. A mudança na rotina e a convivência num espaço limitado o dia inteiro é um desafio.

Como para a maioria de vocês minha rotina também mudou. As aulas da faculdade estão suspensas e tive que me adaptar. Aprendi a dar aula online, criei atividades diferentes para que os alunos possam continuar com seu processo de formação e aprendizagem. Deixei de ir ao consultório. Os pacientes adultos e adolescentes tenho atendido online, mas as crianças e os pré-adolescentes estavam sem atendimento até essa semana.

A quarentena fez com que pais e filhos tenham que conviver em novas condições e com uma intensidade muito maior. Essa pode ser uma situação muito boa, de resgate, de estreitamento de laços, de redescoberta, porém também pode ser um tanto difícil para todos.

Sabendo disso entrei em contato com os pais para saber como estavam e para dar um apoio, quem sabe uma orientação, sugestões de atividades.

Fui surpreendida, pois as crianças e pré-adolescentes quiseram conversar. Marcamos um horário e cada um, na privacidade de seu quarto, conversou comigo. Eles me mostraram que eles também estão tendo algumas dificuldades e incertezas nesse momento.

Nos próximos artigos vou falar sobre o que podemos fazer para ajudá-los a atravessar essa tempestade com mais tranquilidade.

Um carinhoso abraço.

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Análise Corporal da Relação, Comportamento, Geral, Reflexão

ONDE ESTÁ O HUMANO?

Hoje recebi um vídeo falando de todas as transformações que as novas tecnologias trarão às nossas vidas nos próximos anos. Algumas profissões que conhecemos deixarão de existir ou porque se tornaram desnecessárias, ou porque as pessoas foram substituídas por tecnologia (computadores, apps, inteligência artificial). Não precisaremos mais dirigir carros, haverá menos acidentes, menos vidas serão desnecessariamente perdidas. Poderemos imprimir nossos sapatos novos em casa! Ao mesmo tempo que tudo isso parece fantástico, me parece igualmente assustador.

Um dos motivos que me assustam é que essas transformações parecem tirar o humano, a relação, da equação. Somos seres sociais e foi a nossa capacidade de trabalharmos colaborativamente que nos tornou a espécie dominante no planeta, é o que nos ensina Harari no livro “Sapiens. Uma breve história da humanidade”. Somos seres sociais e necessitamos do outro, necessitamos das relações para nos desenvolvermos, para sobrevivermos.

Acho fantástico um software ou app que, acoplado ao meu celular pode verificar a minha retina, avaliar o meu sangue, a minha respiração e a partir daí analisar o meu estado geral, diagnosticar alguma desequilíbrio ou doença para que providencias possam ser tomadas. Ótimo! Isso vai salvar vidas, vai permitir o diagnóstico precoce de uma série de doenças e assim por diante. Mas não me parece que isso possa substituir a consulta a um médico. Porque para além do diagnóstico e tratamento o que precisamos é de alguém que nos escute, que se interesse por nós e que nos aconselhe, que cuide de nós. Precisamos da relação.

Comprar um par de sapatos é uma experiência. Ver vitrines, muitas vezes com uma amiga, experimentar, caminhar pela loja, conversar com a vendedora, etc. É muito mais do que simplesmente imprimir um sapato novo.

A experiência do humano não pode deixar de existir. Precisamos desse contato. Precisamos de pessoas. Isso não de forma virtual, mas de forma real e concreta. Precisamos do toque. Existem pesquisas científicas recentes que comprovam isso.

Estamos nos isolando cada vez mais. “Conversamos” todos os dias através do WhatsApp com nossos amigos, mas não conseguimos nos encontrar para um café. Sabemos notícias dos parentes que moram em outras cidades, mas passamos semanas sem ver os que moram por perto (tudo bem, em alguns casos isso pode ser uma benção!).

Os casos de depressão, de transtornos de ansiedade e outros aumentam a cada dia e até mesmo crianças têm sofrido com isso. Talvez uma das razões é que estamos diminuindo o convívio entre as pessoas. Um convívio sem interferência da tecnologia. O celular “senta-se” à mesa, as redes sociais tornam as relações virtuais e ocupam o tempo das relações reais.

Toda essa transformação é um caminho sem volta. E traz, com certeza, muitos ganhos. Mas precisamos, como em tudo na vida, de equilíbrio. Aproveitar o que a tecnologia traz de melhoria e vantagem, sem perder o que nos distingue como raça, o que nos torna humanos.

 

Pais e Autismo
Comportamento, Geral, Reflexão

ESCOLHENDO A ESPERANÇA

No dia 02 de abril foi o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. Todas as ações que levem as pessoas a falarem, refletirem, conhecerem e entenderem qualquer tipo de patologia são válidas e necessárias.

Receber um diagnóstico desses é devastador para os pais. O chão desmorona e junto com ele todos os sonhos a respeito do futuro do filho. Incerteza, medo, angústia, luto… são muitos os sentimentos.

Passado o primeiro impacto sobrevêm as dúvidas. Muitas. O que fazer? Que profissionais procurar? Qual a melhor linha de tratamento? Quem é o melhor especialista? A escola vai dar conta?

Hoje os pais têm uma especial ajuda da Internet e buscam, ávidos, informações. Vão participar de comunidades, vão conversar com outros pais.

Aos poucos as coisas se acalmam e é possível olhar para o filho e começar a fazer escolhas, priorizar trabalhos, adequar o orçamento e a rotina à nova realidade.

E é nesse momento que os pais fazem, de forma inconsciente na maioria das vezes, a principal escolha. Aquela que vai ser determinante para o tratamento e para o futuro do filho. Os pais vão escolher entre ter pena do filho, e de si mesmos em certa medida, ou acreditar que ele tem um futuro rico de possibilidades pela frente.

Vão escolher entre superproteger o filho ou acreditar no seu potencial e construir, pouco a pouco, a sua autonomia.

Parece lugar comum, mas é escolher entre o copo meio vazio ou o copo meio cheio. Porque não importa quão grave e limitante seja o diagnóstico, sempre existem possibilidades e o ser humano tem uma capacidade incrível de superação e de se reinventar.

E é essa escolha que vai determinar o futuro do filho. Existem inúmeros exemplos de superação e realização de pessoas com as mais diferentes limitações físicas, intelectuais ou psíquicas. Em todas elas existem pais que, apesar das incertezas e da dor, escolheram aceitar, amar e acreditar no seu filho, olhando sempre para as possibilidades e focando no desenvolvimento daquilo que a criança tem de melhor.

Criança
Comportamento, Geral, Reflexão

EU ACREDITO NA CRIANÇA!

Todos queremos saúde, ninguém quer estar doente. Quando se trata dos filhos então, mais ainda. Por isso é tão difícil quando se tem algum diagnóstico de um transtorno, de uma síndrome ou doença.

Inicialmente é o choque com a notícia, incredulidade. Não pode ser!! Não está certo!! Vamos buscar uma segunda opinião enquanto nos informamos o máximo possível sobre o assunto. Viva o Dr. Google!

Confirmado o diagnóstico entra-se numa outra fase. É preciso parar de chorar e partir para ação. Buscar toda a ajuda possível, todos os tratamentos, todos os profissionais.

É isso mesmo. É preciso buscar todos os recursos para que a criança possa se desenvolver e superar as dificuldades e limitações que o diagnóstico lhe aponta.

No entanto, é preciso tomar cuidado para que a criança não seja determinada e enxergada somente através de sua doença. Quando fazemos isso corremos o risco de exigir menos do que ela pode ou de encarar qualquer situação como parte do quadro. Recentemente atendendo uma família que se confrontava com um diagnóstico difícil os pais apontaram para o fato do filho não andar de bicicleta. Muitas crianças não andam ou demoram a andar de bicicleta pelos mais variados motivos: não tem uma bicicleta, não tem onde andar, não tem com quem andar ou simplesmente não tem interesse nisso, sem que isso seja um sintoma.

Por conta de minha formação como psicomotricista relacional tenho uma forma um pouco diferente de encarar a situação. Sem desconsiderar o diagnóstico, procuro olhar para a saúde. Toda criança, independente de sua condição, tem um potencial, tem coisas que é capaz de realizar, tem habilidades e potencialidades. É para isso que dirijo meu olhar em primeiro lugar. Quero saber o que ela sabe, o que ela faz e partir daí para ajuda-la a desenvolver-se. É a experiência do sucesso que a fortalece para enfrentar os desafios mais difíceis. Insistir somente no que falta é expor a criança a um histórico de fracassos sucessivos e dificuldades que a levam a questionar a sua capacidade de realizar.

Ao contrário, quando a criança é reconhecida pelas suas habilidades, aumenta sua autoestima e se torna fortalecida e empoderada para enfrentar e superar os desafios.

É preciso tomar cuidado para não encerrar a criança numa patologia, para que o diagnóstico não seja uma justificativa para comportamentos e atitudes.

Recentemente me perguntaram se eu trabalhava com uma determinada patologia. Embora já tenha tido em meu consultório várias crianças com o mesmo diagnóstico, minha resposta foi não. Porque não cuido de patologias, eu cuido de crianças, de pessoas e acredito profundamente que, mais do que dificuldades, elas tem possibilidades, habilidades e é isso que me interessa acima de tudo