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Comportamento, Geral, Infância, Reflexão

Conversas em tempos de Pandemia 1

Olá!

Espero que vocês estejam bem.

Estamos passando por um momento singular. O mundo vive uma pandemia e nós estamos reclusos em casa por conta da quarentena que nos foi imposta. Precisamos cuidar das pessoas que amamos, de nossa comunidade e de nós mesmos.

Vivemos uma crise e temos que lidar com uma série de emoções e sentimentos. Medo, ansiedade, raiva, solidão, entre outros. A mudança na rotina e a convivência num espaço limitado o dia inteiro é um desafio.

Como para a maioria de vocês minha rotina também mudou. As aulas da faculdade estão suspensas e tive que me adaptar. Aprendi a dar aula online, criei atividades diferentes para que os alunos possam continuar com seu processo de formação e aprendizagem. Deixei de ir ao consultório. Os pacientes adultos e adolescentes tenho atendido online, mas as crianças e os pré-adolescentes estavam sem atendimento até essa semana.

A quarentena fez com que pais e filhos tenham que conviver em novas condições e com uma intensidade muito maior. Essa pode ser uma situação muito boa, de resgate, de estreitamento de laços, de redescoberta, porém também pode ser um tanto difícil para todos.

Sabendo disso entrei em contato com os pais para saber como estavam e para dar um apoio, quem sabe uma orientação, sugestões de atividades.

Fui surpreendida, pois as crianças e pré-adolescentes quiseram conversar. Marcamos um horário e cada um, na privacidade de seu quarto, conversou comigo. Eles me mostraram que eles também estão tendo algumas dificuldades e incertezas nesse momento.

Nos próximos artigos vou falar sobre o que podemos fazer para ajudá-los a atravessar essa tempestade com mais tranquilidade.

Um carinhoso abraço.

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Análise Corporal da Relação, Comportamento, Geral, Reflexão

ONDE ESTÁ O HUMANO?

Hoje recebi um vídeo falando de todas as transformações que as novas tecnologias trarão às nossas vidas nos próximos anos. Algumas profissões que conhecemos deixarão de existir ou porque se tornaram desnecessárias, ou porque as pessoas foram substituídas por tecnologia (computadores, apps, inteligência artificial). Não precisaremos mais dirigir carros, haverá menos acidentes, menos vidas serão desnecessariamente perdidas. Poderemos imprimir nossos sapatos novos em casa! Ao mesmo tempo que tudo isso parece fantástico, me parece igualmente assustador.

Um dos motivos que me assustam é que essas transformações parecem tirar o humano, a relação, da equação. Somos seres sociais e foi a nossa capacidade de trabalharmos colaborativamente que nos tornou a espécie dominante no planeta, é o que nos ensina Harari no livro “Sapiens. Uma breve história da humanidade”. Somos seres sociais e necessitamos do outro, necessitamos das relações para nos desenvolvermos, para sobrevivermos.

Acho fantástico um software ou app que, acoplado ao meu celular pode verificar a minha retina, avaliar o meu sangue, a minha respiração e a partir daí analisar o meu estado geral, diagnosticar alguma desequilíbrio ou doença para que providencias possam ser tomadas. Ótimo! Isso vai salvar vidas, vai permitir o diagnóstico precoce de uma série de doenças e assim por diante. Mas não me parece que isso possa substituir a consulta a um médico. Porque para além do diagnóstico e tratamento o que precisamos é de alguém que nos escute, que se interesse por nós e que nos aconselhe, que cuide de nós. Precisamos da relação.

Comprar um par de sapatos é uma experiência. Ver vitrines, muitas vezes com uma amiga, experimentar, caminhar pela loja, conversar com a vendedora, etc. É muito mais do que simplesmente imprimir um sapato novo.

A experiência do humano não pode deixar de existir. Precisamos desse contato. Precisamos de pessoas. Isso não de forma virtual, mas de forma real e concreta. Precisamos do toque. Existem pesquisas científicas recentes que comprovam isso.

Estamos nos isolando cada vez mais. “Conversamos” todos os dias através do WhatsApp com nossos amigos, mas não conseguimos nos encontrar para um café. Sabemos notícias dos parentes que moram em outras cidades, mas passamos semanas sem ver os que moram por perto (tudo bem, em alguns casos isso pode ser uma benção!).

Os casos de depressão, de transtornos de ansiedade e outros aumentam a cada dia e até mesmo crianças têm sofrido com isso. Talvez uma das razões é que estamos diminuindo o convívio entre as pessoas. Um convívio sem interferência da tecnologia. O celular “senta-se” à mesa, as redes sociais tornam as relações virtuais e ocupam o tempo das relações reais.

Toda essa transformação é um caminho sem volta. E traz, com certeza, muitos ganhos. Mas precisamos, como em tudo na vida, de equilíbrio. Aproveitar o que a tecnologia traz de melhoria e vantagem, sem perder o que nos distingue como raça, o que nos torna humanos.

 

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Comportamento, Geral, Reflexão

NAVEGAR É PRECISO… MUDAR TAMBÉM!

“O segredo da mudança está em centrar toda a sua energia, não em lutar contra o passado, mas em construir tudo novo”. – Sócrates

Li a frase acima num artigo da revista Pensar Contemporâneo. No artigo eles apresentam dez frases de crescimento pessoal de grandes filósofos. Elas me fizeram refletir e vão dar origem a alguns artigos. Esse é o primeiro.

Mudança e transformação estão presentes em nossa vida desde a fecundação, até a morte. Apesar disso muitos têm dificuldade para lidar com isso, têm medo da mudança.

Mudar é ir em direção ao incerto, é levantar âncora e abandonar o porto seguro do conhecido. Para alguns isso é impossível e permanecem, não sem mudar porque é impossível, mas sem ser o autor da mudança. Ficam em relacionamentos onde não são valorizados ou reconhecidos. Ficam em empregos onde não encontram propósito ou satisfação. Ficam ao sabor do vento, seguindo em direção à morte, olhando a vida passar através das janelas.

Às vezes não se sentem capazes ou com direito a transformar-se e à sua vida como desejam. Crenças em discursos antigos, em velhas histórias, em paradigmas caducos são paralisantes. Não querem decepcionar, não corresponder àquilo que acreditam os outros esperam deles. Acomodam-se nos ganhos secundários que toda situação, mesmo as mais difíceis, têm.

No consultório são muitos os casos de pessoas que repetem as histórias familiares, como se fossem um destino ao qual não podem fugir. Sofrem hoje por dores e culpas que não são suas, por feridas que já cicatrizaram.

Com o passar dos anos se perguntam o que aconteceu, se desesperam pelo tempo perdido. Culpam os outros e mais uma vez não mudam, pois agora a crença é de que não há mais tempo…

Sempre há tempo! Só é tarde demais, quando a vida se encerra.

O passado, nossa história, faz parte do que somos, mas não nos define. Sempre podemos mudar, transformar-nos, não num ideal inatingível de anúncios, mas no que podemos e desejamos ser. Lutar contra o passado de nada adianta. Não podemos mudá-lo. É preciso aceitar.

Quando embarcamos num processo terapêutico é isso que fazemos. Olhamos para nossa história, lidamos com as emoções, com os arrependimentos, perdoamos, aceitamos e… deixamos ficar. Levamos conosco o aprendizado, algumas boas lembranças e só.

Como fazer isso?

Alguns cortam as amarras e se lançam, movidos pelo desespero de nunca mudar. Mas sem a bússola da reflexão navegam em círculos e acabam por retornar ao ponto de partida.

Outros se enganam, repetindo o discurso da mudança, mas concretamente pouco fazem.

Os que conseguem são aqueles que diariamente renunciam ao que eram, abandonam os pesos inúteis, e seguem firmes em direção à mudança. Não fazem estardalhaço, nem tem planos mirabolantes. Entendem que chegar ao destino implica em caminhar todos os passos, navegar todas as ondas. Sabem do cansaço, dos tropeços, dos retrocessos, das tempestades, mas seguem em frente. Entendem que a mudança não é o destino, mas o caminhar, o navegar.

Desfrutam do processo, pois há tristeza, mas também alegria. Há dor, mas também beleza. Acima de tudo há a satisfação e o prazer de saber-se o responsável pela transformação.

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Comportamento, Geral, Reflexão

FELICIDADE

Alguns dias atrás me deparei com um vídeo da Casa do Saber onde o professor Oswaldo Giacoia Júnior, falava sobre a angústia e a esperança segundo o filósofo Kierkegaard. Como sempre os vídeos da Casa do Saber são muito interessantes. Não conheço o pensamento de Kierkegaard, mas uma frase do professor Oswaldo me chamou a atenção.

… Nós vivemos um tempo em que somos obrigados a ser felizes. (…) É um imperativo você ser feliz, ser bem sucedido”.

Concordo com essa frase e vejo todos os dias no consultório pessoas – adultos, crianças e adolescentes – buscando esse tipo de felicidade de anúncio de margarina.

O que me chama muito a atenção é que mais do que ser felizes as pessoas querem evitar a qualquer custo a tristeza. Os pais fazem de tudo para evitar que seus filhos lidem com qualquer tipo frustração ou dificuldade.

Bem, o mesmo muro que construímos para nos proteger da tristeza, nos impede a felicidade. Uma vida é plena quando experimentamos todas as emoções e sentimentos: alegria, tristeza, raiva, medo, gratidão, etc.

Se alguém pudesse ser feliz o tempo todo, se nunca tivesse sentido uma tristeza, não saberia disso. Porque nós nos percebemos felizes porque em algum momento estivemos tristes. Sabemos do doce porque experimentamos o amargo.

Ser feliz o tempo todo é viver uma vida de gráfico em linha reta. Num gráfico em linha reta não há vida. Para haver vida é preciso um gráfico com altos e baixos, marcando os batimentos cardíacos. Para haver vida é preciso experenciarmos tristeza e alegria, derrota e vitória, dor e amor.

Claro, faremos tudo para que os altos sejam em maior número, mas não é saudável ou desejável que os baixos nunca aconteçam.

E aí retomo algo que falo sempre: pais que evitam dizer não, dar limite, frustrar seus filhos estão impedido o aprendizado necessário. É preciso aprender a lidar com a frustração. Durante a vida seremos frustrados inúmeras vezes, pois não temos tudo que queremos, na hora e o jeito que queremos.

Quando as crianças encontram os limites dados pelos pais, experimentam a frustração permeada pelo amor. Os pais podem ajuda-los a lidar com isso. É um treino para a vida adulta. Eles se fortalecem, aprendem a não desistir, a superar, a seguir em frente ou, se for o caso, aceitar.

Pais que não dão limites aos filhos, não lhes permitem a frustração, estão plantando a semente de adultos frágeis, despreparados para a vida. Sofrerão muito mais do que o necessário. Essa frustração não será mediada pelo afeto e, muitas vezes, eles não terão os pais por perto para apoiá-los.

A busca pela felicidade duradoura nas coisas é nunca encontrá-la. Essa falta que nunca se completa é o que nos move, mas a felicidade está na busca.

A felicidade está nas relações, no propósito. Ela está em momentos como o que estou vivendo enquanto escrevo este artigo. Ao ar livre, num lindo dia de sol, junto com meus cachorros, que me interrompem para que eu brinque com eles ou faça um carinho. E neste instante… eu sou feliz!

 

 

 

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VIDA

Semana passada li duas reportagens que me impactaram. Ambas falavam de escolha.

A primeira trazia a notícia da morte da professora Ana Beatriz Cerisara. A escolha de Ana Beatriz foi a “Boa Morte”. Viver seus últimos dias de vida, em sua casa, perto das pessoas que ama. Escolheu viver o dia de sua morte. Escolheu acolher todos os sentimentos que esse tema traz: medo, angústia, saudade, alegria de estar com os seus, serenidade…

Ao vivenciar na família a experiência de uma doença progressiva nos questionamos inúmeras vezes até onde devemos investir na manutenção da vida. Ainda que não queiramos que as pessoas que amamos nos deixem, temos que considerar que a partida, inevitável, deve ser o mais tranquila e digna possível. Deve ser muito melhor ir no conforto de nossa casa, envolta em amor, do que na impessoalidade de um hospital, cercado de estranhos.

Nem sempre nos é dada a opção de escolha. Ana Beatriz pode escolher.

A segunda falava do ingresso no curso de arquitetura do Centro Universitário Barão de Mauá de Carlos Augusto Manço. O que torna essa notícia especial é a idade de Carlos Augusto: 90 anos!!

Outra escolha.

Normalmente as pessoas entram na faculdade para fazer ter uma profissão, entrarem no mercado de trabalho, construírem uma carreira. A princípio, esse não será o caso. Para ele é a realização de um sonho e pronto. Muitos poderiam pensar que com sua idade Carlos Augusto agora deveria aproveitar para descansar, não fazer nada. Escolheu estudar.

Uma de minhas avós dizia que enquanto você tiver um sonho você tem vida. Concordo com ela. Desejar algo e buscar a sua realização é o que nos mantém vivos.

A escolha de Ana Beatriz e Carlos Augusto foi pela vida! Por estar presente e desfrutar de tudo o que ela tem a oferecer até o último momento, inclusive da morte.

Para mim os dois são um exemplo.

Estar vivo é uma dádiva que, por tomarmos como garantida, nem sempre desfrutamos como poderíamos. Vamos aproveitar esses exemplos para refletir sobre nossas escolhas, para aproveitarmos cada momento de nossa vida, desde hoje, desde agora.

Porque como dizia o poeta: “…é a vida, é bonita e é bonita!”

 

Nota 1: a senhora da foto que ilustra esse texto é minha madrinha. Tinha nessa foto 99 anos. Hoje com 101 ainda desfruta da vida plenamente, aproveitando todas as oportunidades para passear e viajar com sua filha e sua neta. Um exemplo para todos nós da família.

Nota 2: A foto é de autoria de Bebel Ritzmann.

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Comportamento, Geral, Reflexão

COMO FOI SEU DIA HOJE?

Li um post no facebook essa semana sugerindo uma série de perguntas alternativas ao clássico: “Como foi na escola hoje?”.

Perguntas diferentes como:

O que te fez sorrir hoje?

Qual foi o ponto mais alto do seu dia? E o mais baixo?

Achei bem interessante…

Mas pensei que uma boa conversa é uma troca, uma partilha.

Muitos adultos, pais, tentam poupar os filhos das dificuldades do dia-a-dia, e isso está certo. Não adianta apresentar a eles problemas que eles não têm, ainda, condições de compreender plenamente e, muito menos, de ajudar a resolver.

No entanto, acredito que é importante que eles saibam como é o dia-a-dia de trabalho dos pais. Que num determinado dia estão felizes porque fecharam um novo contrato, tiveram um projeto aprovado, receberam um reconhecimento do chefe ou dos colegas. Que em outro estão preocupados porque algo não saiu como esperavam, porque um colega está com problemas e não foi trabalhar.. Ou que noutro dia estão irritados porque um fornecedor perdeu o prazo, um cliente não pagou, etc.

Isso dá às crianças a perspectiva de que na vida existem dias bons, dias médios e dias não tão bons. Que isso faz parte, é natural.

Quando partilham esses momentos com os filhos, com algum filtro para que a realidade seja compreensível para eles, podem ensinar como lidar não só com as situações, mas, acima de tudo, com as emoções.

As crianças precisam aprender que os adultos sentem raiva às vezes, que ficam chateados, frustrados, felizes, orgulhosos assim como eles. Aprender que sentir orgulho pelo resultado dos esforços é bom, mas não dá o direito de contar vantagem sobre o colega. Que ficar frustrado é chato, dolorido até, mas que ficar se lamentando não resolve. Que o importante é aprender e fazer uma escolha: buscar outras formas de conseguir o que se quer, se preparar melhor; ou deixar para lá se a questão não é tão importante. Que a raiva é muito natural, que todos sentem raiva, mas que isso não dá direito a sermos grosseiros com os outros, que existem outras formas de lidar com ela. Que se estão felizes isso pode, e deve, ser partilhado com os amigos.

Mas o que de mais importante pode ser partilhado nesse momento é o sentimento de que, apesar de alguns percalços, trabalhar/produzir, assim como estudar/aprender, é algo bom, que traz satisfação, realização, que tem um propósito!

Porque uma das coisas mais tristes de hoje é ver as crianças começarem a vida escolar cheias de energia, sede de aprendizado, plenas de alegria e irem aos poucos “murchando”, perdendo o prazer… O mesmo que acontece com o adulto no trabalho.

Passamos grande parte da nossa vida ou na escola, ou no trabalho e se não encontramos em ambos um significado, um prazer, um propósito tornamos a vida sem sentido, aborrecida, sem cor.

Vamos aproveitar o trecho entre a escola e a casa, a hora de dormir, a refeição para partilhar experiências e aprendizados, para compartilhar a vida, fortalecer os vínculos, semear as cores que vão dar o tom da existência. Porque como foi o seu dia hoje é parte de como será sua vida amanhã.

 

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5 MINUTOS

Não escrevo já faz algum tempo…

É sobre o tempo que quero escrever.

Aproveitei que o dia está lindo, sol, e vim até o jardim do meu edifício junto com meus cachorros para escrever. Eles ficam soltos, aproveitam para brincar e correr e eu escrevo.

A inspiração não vinha e a Princesa queria brincar! Larguei tudo e fui correr com ela enquanto o Moringa, já um senhor, nos observava.

Corremos uns 5 minutos. Que delícia que é vê-la correndo!

Foi daí que me veio a inspiração.

A grande queixa dos nossos tempos é a falta de tempo. Além do trabalho, de todas as atividades, ainda tempos as inúmeras redes sociais para acompanhar, postar, etc.

Muitas vezes ouvi que tempo é uma questão de preferência.

Não sei se preferência, mas de escolha. Escolher aquilo que é mais importante e ao que vamos dedicar o nosso tempo.

Tempo é o nosso bem mais precioso. Temos uma quantidade finita de tempo e ninguém sabe quanto tem. É justamente por isso que ele deve ser bem empregado.

A dificuldade que temos com a escolha, e não só em relação ao tempo, é que para cada escolha são inúmeras a renúncias que fazemos. Se escolho brincar com meu cachorro, esse é um tempo que não dedico ao Facebook, ao Instagram, ao Whatsapp. É um tempo que não leio, não escrevo, não produzo.

Foram 5 minutos. Ela ficou feliz, eu fiquei feliz! Hoje a noite quando for escrever no meu diário de gratidão, com certeza escreverei sobre esse momento. Não vou escrever sobre o que li e escrevi nas redes sociais ou sobre o que vi na televisão.

Acredito que precisamos pensar um pouco mais sobre nossas escolhas. Precisamos fazer escolhas mais sábias, baseadas no que é realmente importante para nós e não aquilo que é importante para os outros. Precisamos fazer isso já e não quando o tempo tiver passado e momentos preciosos tenham sido perdidos. O tempo que passou não volta.

Pense nisso quando seu filho pedir para você ler uma história, brincar um pouco.

Pense nisso quando seus pais quiserem conversar, contar novamente a mesma história.

Pense nisso quando um amigo quiser tomar um café.

Pense nisso quando seu amor quiser mais um beijo ou demorar-se um pouco mais num abraço.

5 minutos talvez sejam suficientes e vão fazer um grande diferença.

Pense nas boas memórias que você tem. Quantas delas são de um instante, de um momento, de 5 minutos…

Não importa o que você faça o tempo não para. Escolha bem.

Você tem 5 minutos!

 

 

 

 

 

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O IMPORTANTE É A PESSOA!

Nos últimos tempos muito tem sido falado, discutido, debatido sobre a identidade de gênero, e nesses últimos dias após a liminar de um juiz no Distrito Federal a “cura” gay voltou a pauta.

Como tem acontecido com as polêmicas, todo mundo tem uma opinião a respeito, mesmo sem ter tido acesso ao processo, ao texto da liminar, ou conversado com os agentes envolvidos. Algumas opiniões são bem argumentadas outras raivosas e preconceituosas.

A sexualidade humana não é minha especialidade como psicóloga, mas acredito que a homossexualidade não é nem doença, nem escolha, assim como a heterossexualidade. Pode-se dizer que são uma característica, uma orientação, uma inclinação… Não é sobre isso que quero escrever.

Percebo que nessa discussão o principal está sendo esquecido: o indivíduo e seu sofrimento, sua dor e o quanto isso afeta suas relações, sejam elas familiares ou sociais. E é só isso que importa.

Na minha prática clínica como psicóloga e analista corporal da relação aprendi que a verdade de cada um é única e particular. Não existe certo ou errado, existe o que faz sofrer, o que impede a realização e a felicidade e o que as propicia. O que é bom e funciona para um, não necessariamente será bom e funcionará para o outro.

Como psicóloga não me cabe julgar ou dar uma opinião e muito menos escolher o caminho que o indivíduo deve seguir. Eu como pessoa tenho minhas crenças, minhas convicções, meus princípios e sei o que me serve ou não. Mas em momento algum e sobre nenhum argumento posso manipular, seduzir ou impor minha verdade àquele que me procura como profissional.

Meu papel primeiro é o de escuta. Uma escuta livre de julgamento de valor, com aceitação e respeito incondicionais. Quem me procura deve ter no meu consultório um espaço para SER, sem medo, sem vergonha, sem restrição ou pudor. Um local onde tudo, absolutamente tudo pode ser dito por mais absurdo ou errado que possa parecer. A pessoa precisa ser acolhida e aceita.

Uma vez estabelecida a relação de confiança é meu papel como psicóloga questionar a pessoa, auxiliá-la a compreender o que acontece, quais os afetos envolvidos, quais as crenças que permeiam a história, enfim, ajudá-la a perceber-se e compreender-se para a partir daí fazer as suas escolhas, sejam elas quais forem, sempre respeitando o seu tempo, seus valores, suas crenças, suas verdades.

O mais importante nesse debate todo é a LIBERDADE. As pessoas precisam ser livres para serem o que são, para fazerem suas escolhas, mesmo que a escolha seja negar aquilo que se é. Toda vez que impomos a nossa verdade ao outro, por mais bem intencionados que somos, erramos.

Acredito ser muito importante debater o tema, trazer informação (fundamentadas em pesquisas e estudos sérios e não baseadas em achismos e palpites), para que as pessoas possam compreender e decidir. CONHECIMENTO é fundamental. Dessa forma evitamos que pessoas e grupos, com interesses e agendas pessoais, manipulem, deturpem os fatos, aprisionem as pessoas em papéis que não lhes cabem.

E por último, mas não menos importante, RESPEITO! Posso não concordar, posso achar uma loucura a escolha do outro, mas preciso respeitá-la.

 

 

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PEIXE INTEIRO NÃO CABE NO FORNO.

 

A família de Julia gostava muito de comer peixe assado. Era uma tradição dos almoços de domingo. Um dia Julia perguntou à sua mãe porque elas sempre cortavam a cabeça e o rabo do peixe antes de assá-lo. A mãe explicou que aprendeu a fazer o peixe dessa forma com a avó de Julia. Ainda intrigada, Julia foi perguntar a sua avó porque cortavam a cabeça e o rabo do peixe. A avó explicou que quando se casou o seu forno era muito pequeno e o peixe inteiro não cabia, assim ela cortava a cabeça e o rabo para poder assar o peixe. Há muitos anos que o forno da avó de Julia, bem como o da mãe e o dela, tem tamanho suficiente para assar o peixe inteiro, mas eles continuavam a perder a cabeça e o rabo. Se Julia não fosse curiosa é provável que suas filhas e suas netas também assassem seus peixes sem cabeça ou rabo. E como a essa altura a avó já não estaria por perto, nunca saberiam porque era feito dessa forma.

Dando aula essa semana sobre percepção e paradigmas, lembrei dessa história que me foi contada alguns anos atrás. Tenho refletido muito sobre o tema nos últimos tempos (não sobre qual a melhor forma de assar peixes, mas sobre paradigmas). Quantas coisas fazemos todos os dias por hábito, porque aprendemos que era o jeito certo de fazer e não questionamos? Quantas oportunidades perdemos porque não arriscamos uma jeito diferente de fazer as coisas? Quantas experiências ricas, divertidas perdemos porque elas fogem do roteiro? Quantas pessoas inteligentes, interessantes deixamos de conhecer porque não correspondem ao padrão?

Nós seres humanos precisamos de uma certa rotina, de alguns referenciais de segurança para podermos viver. Não daríamos conta se a cada dia tudo fosse novo e diferente. Mas isso não significa que precisamos ficar presos a coisas que foram válidas e boas num dado momento, mas que hoje não são mais.

Alguém disse que não podemos mergulhar duas vezes no mesmo rio, porque ele não será o mesmo, nem nós seremos os mesmos. Isso é verdade. Aquilo que preciso, que gosto na minha infância, é diferente do que preciso e gosto na adolescência ou na vida adulta.

A minha ideia não é fazer tudo diferente, jogar para o alto todas as certezas e hábitos, mas .questionar para saber se ainda é válido, se ainda é bom, se ainda quero as coisas da mesma forma

Assisti essa semana uma fala de Ricardo Semler no Ted em 2015. Ele sugere que nos perguntemos “por que?” não uma, mas três vezes. Na primeira vez a resposta virá fácil e pronta. Na segunda já ficaremos em dúvida. Na terceira talvez não encontremos resposta. E depois ele sugere que façamos uma outra pergunta: “para que?”. Qual o propósito que isso tem na minha vida?

Questionar-se é complexo e, muitas vezes, incômodo. Acredito, no entanto, que é melhor do que acordar um dia e ver que tudo mudou a nossa volta, que a vida seguiu em frente, e nós ficamos parados, repetindo os mesmo erros, fazendo as mesmas coisas…

Existem coisas que não podem e não devem mudar. São poucas, muito poucas.

Desejo sinceramente que possamos comer peixe assado com rabo e cabeça ou sem, peixe frito, cozido, com diferentes molhos e temperos. Que possamos experimentar outros pratos, outros sabores, outras cores, outras músicas, outras formas, outros jeitos. E escolher as que mais gostamos, as que nos fazem sentir melhor, que nos fazem vibrar. Aquelas que fazem a vida valer a pena.