Browsing Tag

felicidade

Feminina 2
Comportamento, Geral, Reflexão

FEMININA

Sou mulher e tenho a felicidade de conviver com muitas mulheres sejam elas de minha família, amigas, alunas, colegas, pacientes, colaboradoras…  Mulheres de todos os tipos. Algumas ainda são crianças, nem se sabem mulheres ainda. Outras jovens, algumas mais experientes e vividas. Vaidosas, peruas, despojadas, modernas, tradicionais. São todas diferentes, mas igualmente belas. Cada uma tem uma forma, um corpo, um jeito, um trejeito, uma maneira de ser. Todas únicas e, por isso, perfeitas na sua singularidade.

Observo os diversos papéis que elas assumiram em suas vidas. Todas são filhas. Umas desfrutam do cuidado de suas mães, outras tornaram-se mães de seus pais. Para algumas a maternidade é um sonho realizado, para outras desejado e para muitas não faz sentido. As relações de amor são de todos os tipos que a época em que vivemos permite. A grande maioria trabalha, cuidando da casa e da família, atuando nas mais diversas profissões ou as duas coisas.

Pobres, ricas ou da classe média todas fazem o possível para serem belas. Muitas não reconhecem a sua própria beleza e buscam o ideal inalcançável do fotoshop. Esquecem que são reais, que seus corpos contam sua história, que as marcas são das experiências vividas, dos encontros e desencontros.

Para mim são todas poderosas, ainda que algumas não se sintam dessa forma. Todas possuem o poder de ser mulher, do feminino. Um poder único.

Infelizmente esse poder não tem sido valorizado ou até mesmo reconhecido. Na luta pelo lugar de cidadã de direitos, pela liberdade de ser o que desejasse, de fazer as suas escolhas, de ir e vir, de realizar seu propósito de vida, de existir plenamente, muitas mulheres perderam o contato com esse poder que vem da essência do feminino. Confundiram ter os mesmos direitos que os homens, com ser iguais aos homens. Não somos.

Somos diferentes na forma, na textura, na biologia, na essência. Da mesma forma nosso poder, nossa força são diferentes. Nem melhor, nem pior. Nem mais, nem menos. Diferentes.

O poder feminino é o poder de gerar a vida em seu ventre e nutri-la em seu seio. O poder de conter afetivamente, não só o filho, mas todos a quem ama. De gerar ideias, de fazê-las crescer, dar frutos. De alimentar as relações, os sonhos – seus e de outros – com seu afeto, sua determinação.

O corpo de uma mulher foi nossa primeira morada e o feminino tem o poder de transformar em um lar a casa, onde somos bem-vindos, onde nossa dor é acolhida, nossas alegrias e realizações celebradas. Um lar onde podemos descansar, lamber as feridas, recuperar nossas forças. Lugar de onde saímos para o mundo e para onde podemos voltar.

A mulher tem o poder de criar vínculos, ligar os pontos, aproximar os distantes. Poder de tecer uma teia, não que aprisiona, mas que conecta, que sustenta, que protege. Da mesma forma que o filho se une ao seu corpo, ela tem o poder de unir as pessoas, fortalecer as relações.

É forte, capaz de defender seu filho, sua família, seus amigos, suas ideias.  E essa mesma força usa para realizar seus sonhos, construir a vida que deseja e merece, ir além.

Em alguns momentos emprestamos o poder masculino, pois a situação exige. Da mesma forma, eles emprestam nosso poder quando precisam. Tudo bem, desde que não renunciemos a nossa essência.

Quando entramos em contato com nosso poder, reconhecermos sua grandeza, sua força, sua beleza, quando o assumimos plenamente sem medo ou culpa, encontramos a paz e a felicidade de ser quem somos: mulheres.

Luiza Helena Rocha O Mais Importante Site
Comportamento, Geral, Infância, Reflexão

O MAIS IMPORTANTE DE TUDO

Este é o último artigo do mês das crianças. Nos artigos anteriores refleti sobre a infância, sua beleza, singularidade, sobre as preocupações dos pais, mas, acima de tudo, enfatizei a importância do brincar. Acredito que tenha ficado claro o papel que o brincar desempenha no desenvolvimento da criança.

Hoje quero falar de um momento de brincadeira que tem para criança uma relevância especial e que terá repercussões a longo prazo. Falo dos momentos de brincadeira vividos com o pai e com a mãe.

É muito, muito importante que os pais brinquem com seus filhos. De boneca, de carrinho, de princesa e super-herói, dentro de casa e ao ar livre. Que possam entrar no mundo da fantasia e assumir os mais variados papéis, seja de mocinho ou de vilão, de filho, de aluno, do que a imaginação da criança precisar.

Esses são momentos especiais! Nesse brincar os laços afetivos se fortalecem e se estreitam, e é isso que vai dar sustentação aos momentos de dar limites, de ensinar coisas que os filhos precisarão para vida. São os laços construídos nessa fase que permitirão que os embates da adolescência aconteçam de forma saudável e sem rupturas.

Brincar com o filho é o melhor investimento que os pais podem fazer. Mas esse brincar exige presença. É preciso estar com a criança de verdade, por inteiro. Nesse momento precioso o celular deve estar desligado, é preciso estar desconectado das mídias sociais. Seu filho merece e precisa de sua atenção.

Muitos falam do “tempo de qualidade” que têm com os filhos. Que bom, mas não é suficiente. Eles precisam de quantidade também! Eles precisam sentir que são importantes, que são merecedores do seu tempo. Porque de todos os bens que nós temos, o único que é limitado (e ninguém sabe quanto tem), o único que não pode ser recuperado é o nosso tempo. É nosso bem mais precioso. Investir esse bem para brincar com seu filho é dar-lhe a dimensão do seu amor por ele.

A infância passa rápido. Participe, esteja presente, viva esses momentos com seu filho, seja testemunha de suas descobertas, de suas invenções, de suas “artes”. Construa com eles memórias, histórias, experiências… De todas as coisas que um pai e uma mãe podem dar para um filho, esses momentos de brincadeira são os mais importantes, pois são a base sobre a qual tudo o mais será construído ao longo do tempo.

Luiza Helena Rocha Brincar na Escola Site
Comportamento, Infância, Reflexão

BRINCAR NA ESCOLA

Nos artigos deste mês tenho repetido o quanto brincar é importante para o desenvolvimento das crianças, que é algo sério e que deve ser respeitado e incentivado, especialmente nos primeiros anos da infância. É através do brincar que a criança descobre o mundo e suas possibilidades. Descobre a si mesma e todas as suas capacidades, vence desafios que vão ser a base de todo o aprendizado formal.

As crianças vão cada vez mais cedo para escola. E percebo o quanto a escolha dessa primeira escola pode ser difícil. Muitas vezes pais me perguntam qual a melhor opção. Sempre respondo que a melhor escola é aquela em que o filho é feliz.

No entanto, quando se trata da Educação Infantil existem alguns pontos que considero fundamentais.

A escola tem que passar segurança e tranquilidade aos pais, pois as crianças são muito pequenas, ainda bastante dependentes e os pais precisam confiar muito na escola para deixar seu filho lá. Para que a criança fique bem, os pais precisam estar seguros.

É importante que as turmas sejam pequenas, para que o professor possa dar a devida atenção para todos.

Uma área externa onde a criança possa brincar livremente, possa explorar, com grama, terra, areia, árvores. Se uma criança chega da escola sem sujeira no uniforme, areia dentro do tênis, um arranhão de vez em quando, ela não brincou o suficiente.

Que a escola não se preocupe em alfabetizar a criança o quanto antes. Como psicóloga e psicomotricista insisto em dizer que uma criança de 5 anos ainda não precisa fazer nenhuma atividade em folhas A4 que envolvam o traçado das letras. Ela deve usar papeis maiores, tintas, argila, todo o material que favoreça o desenvolvimento da sua consciência corporal, da coordenação motora global e fina. Se ela tiver tido oportunidade de viver intensamente o prazer psicomotor, o traçado e o aprendizado das letras e números acontecerá naturalmente.

Sei que algumas crianças são curiosas nesse sentido. Devem ter a sua curiosidade atendida, mas não devem ser ensinadas precocemente.

Não tenham pressa em ver seus filhos escrevendo e lendo. Quanto mais eles brincarem, explorarem os materiais e o espaço, mais facilmente aprenderão.

A infância é um período único na vida. Deve ser vivida intensamente, saboreada lentamente, desfrutada em todas as suas possibilidades.

Dessa forma a melhor escola é aquela que respeita a infância e permite que ela floresça, sem pressa, respeitando o ritmo de cada criança. Aquela onde o brincar é uma prioridade.

Luiza Helena Rocha Brincadeira de Criança Site
Comportamento, Geral, Infância, Reflexão

BRINCADEIRA DE CRIANÇA

Depois de muitos anos temos novamente uma criança na família! Como isso é bom. Uma criança renova, traz vida, alegria para a casa (e claro fraldas, noites insones, etc.).

Esses dias fiquei cuidando dela enquanto os pais saiam para resolver alguns assuntos. Imenso prazer!! Fiquei observando ela brincar. Ela está com 07 meses e já brinca com seus brinquedos, mas gosta muito de tudo o que não é brinquedo, ensaia engatinhar. O que mais me chamou a atenção é o seu olhar. Um olhar curioso, confiante, alegre, capaz de se surpreender. Um olhar de criança.

Toda criança é assim – ou deveria ser – explora o mundo através do olhar e do seu corpo. Vive a alegria da descoberta. Para ela nada está pronto, tudo é possibilidade.

Quando ficam um pouco mais velhas, e já conhecem a linguagem e o simbólico, essas possibilidades se ampliam enormemente.

No consultório, durante uma sessão de Psicomotricidade Relacional com crianças de 03, 04, 05 anos sou testemunha desse universo. Um bastão (macarrão de piscina) pode ser a espada do herói que luta contra o dinossauro, ou dragão, ou bandido (normalmente esse papel cabe a mim). Pode ser um microfone para o show da artista mais famosa do universo ou a guitarra de um astro de rock. Podem ser utilizados para construir pontes sobre rios caudalosos cheios de tubarões, ou casas, ou trilhas, ou fogueiras. As possibilidades são infinitas. E por mais que eu já tenha perdido a conta do número de sessões que já fiz com bastões, chega um dia e uma criança encontra uma nova forma de brincar com esse material. É surpreendente!!!!

E elas fazem isso com qualquer coisa. Pode ser uma pedra, uma folha, um graveto, o que elas encontrarem. Duas cadeiras e um lençol e temos uma cabana onde inúmeras aventuras podem ser vividas. Caixas de papelão? Castelos e fortalezas, berços, carros, barcos…

Em algum momento isso se perde. O olhar não é mais tão curioso, o mundo começa a ter um jeito certo de ser visto, a vida é colocada na caixa e lá deve ficar. Depois quando chegam na idade adulta querem que a pessoa seja criativa, pense fora da caixa. Desaprendeu.

Todo brinquedo (ou quase todo) é bom. Com os que reproduzem a realidade em miniatura as crianças brincam de faz de conta, mas de um modo geral uma panelinha é usada para fazer comidinha e só. Um boneco do homem de ferro permite viver uma série de batalhas, mas os superpoderes dele já estão determinados.

Isso é bom, mas quando as crianças encontram o brinquedo nos objetos mais improváveis tudo é possível! O limite é a imaginação delas. Elas podem criar as histórias mais incríveis, aquelas que nunca ninguém contou. Exercitam e desenvolvem a sua criatividade.

Vamos dar às crianças oportunidades diferentes de brincar e não deixemos nunca que sua curiosidade e sua criatividade sejam colocadas dentro de uma caixa.

Luiza Helena Rocha Brincar Site
Comportamento, Geral, Infância, Reflexão

BRINCAR, BRINCAR E BRINCAR!

Todo pai, toda mãe quer o melhor para os filhos. Faz parte desse desejo dar a eles, e se possível garantir, um futuro promissor. Querem que seus filhos sejam bem sucedidos, que eles tenham sucesso, que possam ter uma independência financeira que lhes aumente as possibilidades de escolha, garanta uma vida tranquila e segura. Querem que eles sejam felizes. Esse desejo é legítimo e natural.

Nessa busca procuram dar aos filhos a melhor educação e o melhor treinamento possível. Escolhem a melhor escola que conseguem pagar. A que tenha o melhor ensino, bilíngue (a tendência do momento), maior acesso a tecnologia e a que proporcione as melhores chances de sucesso no vestibular, afinal a concorrência é cada vez maior e o futuro depende da entrada na Universidade. Para isso também investem em uma série de outras atividades como Kumon, esportes – os mais variados como natação, futebol, judô e outras lutas marciais – aulas de dança, teatro, circo, música.

Esse excesso de atividades tem consequências sobre as quais quero refletir nesse e nos próximos artigos.

Crianças precisam de uma agenda, como os adultos, para organizar a quantidade de compromissos que elas têm. Infelizmente, sobra pouco espaço para o que é mais importante para elas: brincar.

Crianças precisam de tempo para brincar!

Quanto menores elas forem, mais tempo precisam. As maiores e os adolescentes também precisam de tempo livre para não fazer nada, para estar com os amigos, etc.

Por que é tão importante brincar? Porque enquanto brincam livres as crianças desenvolvem uma série de competências psicomotoras que são a base necessária para o aprendizado formal, sem as quais ele pode ser dificultado. E muito!

Através do simbolismo presente no faz de conta de suas brincadeiras as crianças treinam para vários papéis que exercerão ao longo da vida, aprendem a lidar com as emoções e processam alguns dos acontecimentos de sua vida real.

Através de seus jogos aprendem a vencer desafios, negociar, colaborar, estabelecer parcerias, defender seus pontos de vista. Exercitam a criatividade, descobrem o mundo, experimentam, afirmam-se. Brincar é uma das experiências mais ricas e importantes da infância!

Os adolescentes precisam de tempos livres para sonhar, para processar todas as mudanças pelas quais estão passando, para poderem, aos poucos, irem definindo o que querem para o seu futuro, fazendo suas escolhas.

Muitos autores atestam a importância de momentos de tédio, de não fazer nada. De olhar para o teto e sonhar…

Infelizmente com tantas atividades isso não é possível.

Soma-se a isso a onipresença dos celulares e tablets. Não sou contra a tecnologia, elas vieram para ficar e podem contribuir e muito com a educação e o desenvolvimento das crianças. O problema é a forma que ela está sendo utilizada. A falta de equilíbrio. Mas isso é assunto para outro artigo.

Por enquanto um apelo a todos os pais e mães: deixem tempo livre para que seus filhos possam brincar. Isso vai prepara-los para a vida feliz e realizada que vocês tanto desejam para eles.

Luiza Helena Rocha Infância 1 Site
Comportamento, Geral, Infância, Reflexão

DO QUE UMA CRIANÇA PRECISA PARA CRESCER FELIZ?

As sementes se encontram e porque o sol e a chuva nutrem a planta, ela germina. Começa como pequeno botão, que vai se encorpando até que brota em bela e exuberante flor, com sua beleza e perfumes únicos, cheia de vida e alegria. Assim é a criança. Assim é a infância. Época de desabrochar, de desenvolver, de crescer. Época de alegria, curiosidade, de busca incessante pela vida, pelo conhecimento.

Essa analogia pode ser um pouco piegas, brega até, mas como as estações do ano e suas semelhanças com as etapas da vida foi o tema do último artigo, foi assim que esse se impôs em minha mente.

O fato é que a infância é uma época muito especial na vida de nós seres humanos. Da mais profunda dependência, que não nos permite sobreviver sem que alguém de nós se ocupe, vamos nos desenvolvendo e crescendo, aprendendo e aperfeiçoando até chegarmos a autonomia possível.

Algumas condições são necessárias para que tudo corra da melhor forma e todo o potencial se desenvolva. Alimentação, higiene, sono, etc., mas uma de fundamental importância para que esse processo siga na direção de um adulto feliz é o amor incondicional dos pais.

Toda criança precisa se saber, se sentir amada incondicionalmente. Isso não significa aceitar e atender todos os seus desejos, valorizar, como grande feito, qualquer de suas ações.

Esse amor do qual estou falando é aquele que aponta os erros, que reconhece os acertos. Que condena o mal feito, mas que não se apequena por causa deles. Não é o amor do se. Se você for bonzinho, se você se comportar, se você tirar boas notas, se você for como idealizei, se…

O amor incondicional protege, mas não coloca a criança numa redoma de vidro, que impede qualquer sofrimento, mas a impede de aprender, de conhecer o mundo, de experimentar… Porque é assim, proteção demais impede a dor, mas não permite o amor, as alegrias.

Ele protege, mas não sufoca. Acompanha, observa, permitindo que a criança vá construindo aos poucos a sua identidade, vá descobrindo o mundo e todas as suas possibilidades.

Está atento e se ela se aproxima de algo que vai colocar a sua vida em risco: a protege. Está ao seu lado para compartilhar de suas descobertas, para vibrar com ela, para aprender com ela, mas também para dar conforto, colo, cuidar dos arranhados e “galos” que são inevitáveis, mas não para impedi-los a qualquer custo. São eles que a fortalecem, que ajudam a criança a desenvolver a resiliência de que ela precisará quando for adulta.

Esse equilíbrio entre proteger e deixar viver é complexo. As crianças não nascem com manual de instrução. No momento em que elas nascem, também nasce um pai e uma mãe. Assim como a criança, os pais vão aprendendo e se desenvolvendo a cada dia. Ao longo dessa caminhada vão ser surpreendidos com belas paisagens, alguns obstáculos. Vão errar e acertar, mas se existir amor, a probabilidade maior é de que tudo corra bem.

Não existe uma receita de bolo para ser um bom pai ou uma boa mãe. Existem inúmeros ingredientes, sabores e formas, e cada um vai descobrir o seu jeito. No entanto, existem alguns princípios que norteiam esse processo.

Estamos no mês de outubro e vou aproveitar o mês dedicado às crianças para refletir sobre isso, na intenção de ajudar os pais a encontrarem os seus caminhos, a sua forma única e especial de exercer a paternidade e a maternidade.

Luiza Helena Rocha As estações e a vida Site
Comportamento, Geral, Reflexão

AS ESTAÇÕES E A VIDA

A primavera chegou e com ela as flores, os dias de sol, mais pássaros…

Para muitos na vida humana também existem as quatro estações. A infância seria representada pela primavera, época de flores, de alegrias, de desabrochar. O verão seria a adolescência, com suas temperaturas altas, muito sol, muita energia, uma época vibrante. O outono seria a vida adulta. Uma bela estação, de cores douradas, temperaturas amenas, uma época de serenidade. O inverno representaria a velhice, quando as folhas e as temperaturas caem, tudo fica cinzento.

Talvez seja assim, mas esses dias ao caminhar pensei que na realidade as estações acontecem o tempo todo em nossa vida, às vezes num mesmo dia. Pensei que a vida é como Curitiba, todos os climas podem acontecer num mesmo dia. Saia de casaco e guarda-chuva mesmo num dia quente e com sol, porque tudo pode mudar a qualquer momento.

E assim é a vida. Um dia estamos em plena primavera, cheios de planos, alegres, leves. É a alegria tranquila, serena de quem sabe o que quer, aonde vai.

Noutros dias estamos verão, as emoções são intensas, sejam elas quais forem. Estamos entusiasmados, cheios de energia, com uma sensação de que podemos conquistar o mundo! Talvez não o mundo, mas tudo o que desejamos. Estamos mais destemidos.

Muitas vezes estamos outono. Meio preguiçosos, mais caseiros, querendo desfrutar com tranquilidade da vida e do que conquistamos. Queremos estar perto dos que amamos em silêncio, pois nada precisa ser dito, tudo é simplesmente sentido e compreendido.

E em vários momentos estamos inverno. Nossas folhas caem, nossas esperanças vão embora, nossos dias ficam cinzentos, estamos tristes. Nossos planos não dão certo, as frustrações são grandes, os amores vão embora e levam parte do nosso coração…

Muitos acham que o inverno é doença, é depressão. Tristeza não é doença. Em alguns momentos precisamos nos recolher, olhar para dentro, lamber nossas feridas. Quem olha de fora fica preocupado, parece que a vida está indo embora de nós. Engano. Ela está tomando fôlego, para brotar mais bela e exuberante como uma primavera.

Muitos querem fugir do inverno, esquecem que só existe primavera porque houve inverno, que as pragas são mortas no frio das geadas o que permite o brotar saudável das flores e frutos.

Em alguns momentos o inverno é mais rigoroso. Aí sim é preciso tomar cuidado. Nesses momentos temos que recorrer as estufas ou outro tipo de proteção sejam elas os amigos, uma terapia, um remédio.

Mas como acontece na natureza, mesmo após o mais longo e forte inverno a primavera, com suas cores e vida, chega novamente.

Todos temos a nossa estação preferida. A minha é o outono. No entanto, precisamos aprender a desfrutar da beleza de todas elas. Assim como na vida podemos não querer o inverno, mas é ele que nos permite reconhecer a beleza das outras estações.

Slide5
Comportamento, Geral, Reflexão

FELICIDADE

Alguns dias atrás me deparei com um vídeo da Casa do Saber onde o professor Oswaldo Giacoia Júnior, falava sobre a angústia e a esperança segundo o filósofo Kierkegaard. Como sempre os vídeos da Casa do Saber são muito interessantes. Não conheço o pensamento de Kierkegaard, mas uma frase do professor Oswaldo me chamou a atenção.

… Nós vivemos um tempo em que somos obrigados a ser felizes. (…) É um imperativo você ser feliz, ser bem sucedido”.

Concordo com essa frase e vejo todos os dias no consultório pessoas – adultos, crianças e adolescentes – buscando esse tipo de felicidade de anúncio de margarina.

O que me chama muito a atenção é que mais do que ser felizes as pessoas querem evitar a qualquer custo a tristeza. Os pais fazem de tudo para evitar que seus filhos lidem com qualquer tipo frustração ou dificuldade.

Bem, o mesmo muro que construímos para nos proteger da tristeza, nos impede a felicidade. Uma vida é plena quando experimentamos todas as emoções e sentimentos: alegria, tristeza, raiva, medo, gratidão, etc.

Se alguém pudesse ser feliz o tempo todo, se nunca tivesse sentido uma tristeza, não saberia disso. Porque nós nos percebemos felizes porque em algum momento estivemos tristes. Sabemos do doce porque experimentamos o amargo.

Ser feliz o tempo todo é viver uma vida de gráfico em linha reta. Num gráfico em linha reta não há vida. Para haver vida é preciso um gráfico com altos e baixos, marcando os batimentos cardíacos. Para haver vida é preciso experenciarmos tristeza e alegria, derrota e vitória, dor e amor.

Claro, faremos tudo para que os altos sejam em maior número, mas não é saudável ou desejável que os baixos nunca aconteçam.

E aí retomo algo que falo sempre: pais que evitam dizer não, dar limite, frustrar seus filhos estão impedido o aprendizado necessário. É preciso aprender a lidar com a frustração. Durante a vida seremos frustrados inúmeras vezes, pois não temos tudo que queremos, na hora e o jeito que queremos.

Quando as crianças encontram os limites dados pelos pais, experimentam a frustração permeada pelo amor. Os pais podem ajuda-los a lidar com isso. É um treino para a vida adulta. Eles se fortalecem, aprendem a não desistir, a superar, a seguir em frente ou, se for o caso, aceitar.

Pais que não dão limites aos filhos, não lhes permitem a frustração, estão plantando a semente de adultos frágeis, despreparados para a vida. Sofrerão muito mais do que o necessário. Essa frustração não será mediada pelo afeto e, muitas vezes, eles não terão os pais por perto para apoiá-los.

A busca pela felicidade duradoura nas coisas é nunca encontrá-la. Essa falta que nunca se completa é o que nos move, mas a felicidade está na busca.

A felicidade está nas relações, no propósito. Ela está em momentos como o que estou vivendo enquanto escrevo este artigo. Ao ar livre, num lindo dia de sol, junto com meus cachorros, que me interrompem para que eu brinque com eles ou faça um carinho. E neste instante… eu sou feliz!

 

 

 

Slide1
Comportamento, Geral, Reflexão

VIDA

Semana passada li duas reportagens que me impactaram. Ambas falavam de escolha.

A primeira trazia a notícia da morte da professora Ana Beatriz Cerisara. A escolha de Ana Beatriz foi a “Boa Morte”. Viver seus últimos dias de vida, em sua casa, perto das pessoas que ama. Escolheu viver o dia de sua morte. Escolheu acolher todos os sentimentos que esse tema traz: medo, angústia, saudade, alegria de estar com os seus, serenidade…

Ao vivenciar na família a experiência de uma doença progressiva nos questionamos inúmeras vezes até onde devemos investir na manutenção da vida. Ainda que não queiramos que as pessoas que amamos nos deixem, temos que considerar que a partida, inevitável, deve ser o mais tranquila e digna possível. Deve ser muito melhor ir no conforto de nossa casa, envolta em amor, do que na impessoalidade de um hospital, cercado de estranhos.

Nem sempre nos é dada a opção de escolha. Ana Beatriz pode escolher.

A segunda falava do ingresso no curso de arquitetura do Centro Universitário Barão de Mauá de Carlos Augusto Manço. O que torna essa notícia especial é a idade de Carlos Augusto: 90 anos!!

Outra escolha.

Normalmente as pessoas entram na faculdade para fazer ter uma profissão, entrarem no mercado de trabalho, construírem uma carreira. A princípio, esse não será o caso. Para ele é a realização de um sonho e pronto. Muitos poderiam pensar que com sua idade Carlos Augusto agora deveria aproveitar para descansar, não fazer nada. Escolheu estudar.

Uma de minhas avós dizia que enquanto você tiver um sonho você tem vida. Concordo com ela. Desejar algo e buscar a sua realização é o que nos mantém vivos.

A escolha de Ana Beatriz e Carlos Augusto foi pela vida! Por estar presente e desfrutar de tudo o que ela tem a oferecer até o último momento, inclusive da morte.

Para mim os dois são um exemplo.

Estar vivo é uma dádiva que, por tomarmos como garantida, nem sempre desfrutamos como poderíamos. Vamos aproveitar esses exemplos para refletir sobre nossas escolhas, para aproveitarmos cada momento de nossa vida, desde hoje, desde agora.

Porque como dizia o poeta: “…é a vida, é bonita e é bonita!”

 

Nota 1: a senhora da foto que ilustra esse texto é minha madrinha. Tinha nessa foto 99 anos. Hoje com 101 ainda desfruta da vida plenamente, aproveitando todas as oportunidades para passear e viajar com sua filha e sua neta. Um exemplo para todos nós da família.

Nota 2: A foto é de autoria de Bebel Ritzmann.

Slide1
Análise Corporal da Relação, Comportamento, Geral, Reflexão

5 MINUTOS

Não escrevo já faz algum tempo…

É sobre o tempo que quero escrever.

Aproveitei que o dia está lindo, sol, e vim até o jardim do meu edifício junto com meus cachorros para escrever. Eles ficam soltos, aproveitam para brincar e correr e eu escrevo.

A inspiração não vinha e a Princesa queria brincar! Larguei tudo e fui correr com ela enquanto o Moringa, já um senhor, nos observava.

Corremos uns 5 minutos. Que delícia que é vê-la correndo!

Foi daí que me veio a inspiração.

A grande queixa dos nossos tempos é a falta de tempo. Além do trabalho, de todas as atividades, ainda tempos as inúmeras redes sociais para acompanhar, postar, etc.

Muitas vezes ouvi que tempo é uma questão de preferência.

Não sei se preferência, mas de escolha. Escolher aquilo que é mais importante e ao que vamos dedicar o nosso tempo.

Tempo é o nosso bem mais precioso. Temos uma quantidade finita de tempo e ninguém sabe quanto tem. É justamente por isso que ele deve ser bem empregado.

A dificuldade que temos com a escolha, e não só em relação ao tempo, é que para cada escolha são inúmeras a renúncias que fazemos. Se escolho brincar com meu cachorro, esse é um tempo que não dedico ao Facebook, ao Instagram, ao Whatsapp. É um tempo que não leio, não escrevo, não produzo.

Foram 5 minutos. Ela ficou feliz, eu fiquei feliz! Hoje a noite quando for escrever no meu diário de gratidão, com certeza escreverei sobre esse momento. Não vou escrever sobre o que li e escrevi nas redes sociais ou sobre o que vi na televisão.

Acredito que precisamos pensar um pouco mais sobre nossas escolhas. Precisamos fazer escolhas mais sábias, baseadas no que é realmente importante para nós e não aquilo que é importante para os outros. Precisamos fazer isso já e não quando o tempo tiver passado e momentos preciosos tenham sido perdidos. O tempo que passou não volta.

Pense nisso quando seu filho pedir para você ler uma história, brincar um pouco.

Pense nisso quando seus pais quiserem conversar, contar novamente a mesma história.

Pense nisso quando um amigo quiser tomar um café.

Pense nisso quando seu amor quiser mais um beijo ou demorar-se um pouco mais num abraço.

5 minutos talvez sejam suficientes e vão fazer um grande diferença.

Pense nas boas memórias que você tem. Quantas delas são de um instante, de um momento, de 5 minutos…

Não importa o que você faça o tempo não para. Escolha bem.

Você tem 5 minutos!