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Amor maior do mundo
Comportamento, Geral, Reflexão

AMOR MAIOR DO MUNDO

Quero falar de amor. Quero falar do amor que pais e mães sentem por seus filhos. Esse é o amor maior do mundo, capaz de entrega, dedicação, sacrifício…, mas acima de tudo um amor incondicional. Pelo menos deveria ser.

Amor incondicional é aquele que permanece apesar dos erros, das decepções. A criança, e o adolescente também, precisa ter essa certeza. A certeza que não importa o que aconteça esse amor está assegurado. Não é um amor se. Se você tirar boas notas, se você obedecer, se você se comportar, se…

Amar incondicionalmente não significa aceitar tudo ou concordar com tudo. Pelo contrário. O que a criança e o adolescente precisam é de um amor que dá limite, que pontua os erros, que briga, mas que não se abala com isso. É incondicional exatamente por isso. Aguenta as decepções e frustrações e permanece firme.

Amar incondicionalmente tampouco significa que os pais não terão momentos em que sentirão raiva, que terão vontade de gritar, de sumir ou de desistir, momentos de cansaço e desânimo. Afinal, antes de serem pais, são seres humanos. São só momentos. O amor incondicional dilui isso ao menor sorriso, ou lágrima.

No entanto, percebo, no meu dia-a-dia do consultório e como professora, que muitos pais confundem esse amor incondicional com colocar o filho como prioridade absoluta em suas vidas, para sempre. Não creio que esse seja o melhor caminho. A pessoa mais importante de nossas vidas, somos nós mesmos. É importante que os pais cuidem-se, priorizem-se em vários momentos por alguns motivos.

Pais são modelos, muito mais por ações do que por palavras, e é importante ensinar os filhos que é importante cuidar de si, colocar-se como prioridade.

Entendam que colocar-se como prioridade não significa egoísmo ou ignorar o outro, mas é ter um limite de até onde se vai pelo outro, do quanto se abre mão pelo outro. Porque é muito difícil dar quando se está esvaziado. E se não nos priorizamos é isso que acaba por acontecer. Escolhendo sempre o outro, acabamos por não nos nutrir e nos esvaziamos. Pais infelizes não são os melhores pais.

E por fim, mas não menos importante, porque se fazemos tamanho “sacrifício” acabamos por apresentar a conta em algum momento. E essa conta é impagável.

Ame seus filhos! Ame-os incondicionalmente!! Mas ame-se primeiro. Vocês e seus filhos merecem isso.

 

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CRIANÇA PRECISA BRINCAR!

Nada é por acaso. Queria escrever sobre crianças e a escola. Hoje quando fui ler o jornal me deparo com uma reportagem que fala de alguns mitos sobre o cérebro e aprendizagem. Foi muito bom ver que algumas das minhas crenças têm fundamento.

Um dos mitos de que o artigo fala é o de que quanto mais tempo na escola, maior é a aprendizagem. Falso. Quantidade não é qualidade!

Na minha prática profissional, atendendo crianças, sempre me incomodou a quantidade de horas envolvidas em estudos, seja na escola, seja em aulas extras. Outra coisa que sempre me choca é a quantidade de lição de casa que as crianças têm. Sem falar no peso das mochilas!!! E isso desde a Educação Infantil (só piora com o passar dos anos).

Criança precisa brincar! Precisa explorar e ter contato com o maior número e as mais variadas experiências. Ela é curiosa por natureza. Quer saber, quer experimentar, quer conhecer. E usa o seu corpo para isso. Precisa tocar, mexer, ouvir, ver, sentir. Ela aprende brincando, experimentando.

Os pais e a escola preocupados com o futuro acreditam que o quanto antes elas aprenderem a ler e escrever, souberem outro idioma, forem excelentes em matemática, etc., mais chances terão de sucesso no mercado de trabalho. Expõem a criança ao stress de que tanto reclamam. Justamente ao contrário.

Aprender, ao longo dos anos, vai se tornando uma coisa chata, piorando cada vez mais conforme a criança avança na escola. Dou aula de graduação e pós-graduação e é muito triste ver que os alunos não querem aprender, não são curiosos, não me desafiam como professora. Eles só querem tirar uma nota e passar. Um profissional que não gosta de aprender, que não se atualiza sempre, não é o que o mercado busca.

Fui ler um pouco mais sobre o assunto e num artigo na Universidade de Barcelona é reforçado o papel das emoções na aprendizagem. Quanto mais prazer, quanto mais alegres nos sentimos ao aprender, mais facilmente os conteúdos serão retidos e mais motivados estaremos para continuar a aprender.

Além de brincar a criança precisa de um tempo sem fazer nada, ocioso. Mas numa agenda lotada isso não é possível.

No artigo da semana passada falei que estamos encurtando a infância. A pressão por uma aprendizagem precoce, desvinculada dos interesses da criança, sem alegria tem contribuído para isso.

A infância é um pequeno período de nossas vidas. Ela deve ser vivida intensamente. É nela que se constrói a base que vai sustentar todo o restante. Portanto, deve ser respeitada, cuidada e protegida.

 

 

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SINAL DOS TEMPOS

A revista Veja desta semana tenta responder a pergunta: Conexão faz mal a saúde? Algumas pesquisas, segundo a revista, indicam que o uso da tecnologia acentua alguns problemas em jovens.

Essa é uma dúvida recorrente no consultório. O quanto os filhos podem ou não ficar conectados, se jogos de videogame são ruins e deveriam ser proibidos, a dificuldade de dar limite aos adolescentes no uso das redes sociais, etc.

Acredito que a maioria das coisas não são por si só nocivas. O uso que nós fazemos delas é que pode ser, e muito.

Existem vários jogos de videogame que são interessantes e divertidos. O que não pode é permitir que a criança fique horas a fio jogando. Ela precisa de uma multiplicidade de experiências para se desenvolver de forma saudável. Precisa brincar ao ar livre, jogar bola, faz de conta, jogos em grupo, etc. Precisa também um tempo para não fazer nada, ficar ociosa. Todas essas atividades contribuem para o seu desenvolvimento.

Isso é cada vez mais difícil. A agenda dos pequenos é cheia de uma infinidade de compromissos e o volume de lição de casa sempre me espanta. As crianças têm cada vez menos tempo de viver a infância. Além disso uma criança vidrada na tela do celular, tablete ou outro é uma criança entretida, que não pergunta, não incomoda, não atrapalha…

As redes sociais estão aí e não há como impedir um jovem de acessar o facebook, snap, instagram, whatsapp, etc. O importante é orientar o filho sobre o uso excessivo, sobre os riscos que ele corre, e ter acesso ao que ele posta e vê. Limite também é importante. Respeitar a hora das refeições, por exemplo.

Para isso, no entanto, é preciso que os pais deem o exemplo. Como exigir dos filhos um controle se o pai passa boa parte do seu tempo em casa jogando, ou se a mãe não fica longe do celular um instante?

Isso também é difícil. Refeição em família? Cada dia mais raro. Ocupar-se dos filhos, estar atento ao que eles veem, aonde vão, às suas companhias parece não ser mais importante. Percebo os jovens cada vez mais soltos. É preocupante. É importante que pais e filhos conectem-se uns aos outros, não através de aparelhos, mas ao vivo e a cores, partilhando de momentos juntos.

Tem sido dada às crianças e aos adolescentes uma liberdade precipitada sem responsabilidades em contrapartida. Assumem escolhas cada vez mais precocemente, sem necessariamente estarem preparados para isso.

É uma pena, porque estamos encurtando a infância, antecipando a adolescência, acelerando as coisas e depois tentamos retardar a velhice. Não seria melhor se pudéssemos viver plenamente cada uma das fases da vida, em toda sua riqueza e plenitude?

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RAZÕES PARA A BALEIA SER AZUL

O jogo da Baleia Azul e o seriado Thirteen Reasons Why, ambos dirigidos ao público adolescente, trazem a tona um tema difícil, mas que precisa ser tratado. Não acredito que nenhum deles tenha a capacidade de fazer com que um jovem atente contra a própria vida. Mas acredito que para aqueles que, envoltos em dor e desesperança, já pensam seriamente no assunto eles sirvam como a justificativa que falta.

Não quero falar do jogo ou do seriado, mas refletir sobre o que leva um adolescente a querer se matar.

A adolescência é um fase de transição, de mudanças profundas e, por isso, de fragilidade. O adolescente vive entre dois mundos. Passa pelo luto de abandonar a infância, as brincadeiras, a leveza. Não são mais crianças e, por isso, não lhes é mais permitido agir como tal.

No entanto, ainda não são adultos. Não tem a autonomia e a liberdade que os adultos têm de determinar a sua vida. Aquilo que, a princípio, lhes parece o melhor da vida adulta, lhes é negado. Por outro lado, lhes cobram um comportamento mais responsável e congruente.

O corpo muda, os pais mudam sua forma de tratá-los, os amigos mudam, o mundo a sua volta muda. Ao término dessa fase precisam ter definido sua identidade, sua sexualidade, sua profissão.

Para lidar com tudo isso o adolescente torna-se rebelde ou se isola, questiona e critica. Momento complexo para todos os envolvidos.

Uma das principais tarefas a realizar nesse período é separar-se dos pais. Não fisicamente, mas afetivamente. É perceber que os pais são humanos e não heróis. É discordar deles, pensar diferente, encontrar o seu repertório de atitudes e valores. É lapidar e dar contornos ao adulto que virá a ser.

Para fazer isso o adolescente tem a necessidade de contrapor-se, de confrontar.

Para que todas essas mudanças aconteçam da forma mais tranquila possível é preciso que o adolescente sinta-se protegido e seguro. Ele precisa de limite!!

Um limite amoroso que faça com que ele se sinta cuidado. Ele está se transformando, enfrentando um universo de novidades e precisa sentir que existe uma rede de segurança a sua volta.

Essa rede tem nome: pais. Infelizmente, muitos jovens não podem contar com ela, pois muitos pais estão abrindo mão do seu papel para se tornarem “amigos” dos filhos. Amigos eles têm muitos! Pai só um. Mãe só uma.

Ser pai de adolescente implica em ser chato, antiquado, retrógrado. Implica em críticas, mau humor, cara amarrada, birra, portas batendo, etc. Implica em ser a rede da qual o jovem vai, aos poucos, afrouxando os nós, mas que está ali para lhes dar segurança e, por isso mesmo, leva o maior impacto.

Quando os pais abandonam o seu lugar deixam o adolescente desprotegido. Ele não está preparado psiquicamente, neurologicamente para lidar com isso. Não está suficientemente amadurecido. Precisa de orientação, de cuidado. Não poder contar com essa rede pode ser desesperador e angustiante. É enfrentar uma batalha sem estar preparado, sem ter as armas necessárias, sem ter orientação.

Não ser a rede que dá sustentação e segurança é deixar essa posição livre para ser ocupada por outro agente. Uma gangue de adolescentes, as drogas e o álcool, adultos abusadores, etc. O adolescente precisa de limite e vai buscá-lo até encontrar. Se não encontra na família, encontrará na polícia, no hospital psiquiátrico, na morte.

Ser pai de adolescente é desafiador, mas é rico em aprendizado. Viver esse período de forma um pouco mais tranquila é fruto de todo um investimento afetivo, e de limite também, feito ao longo da infância.

A recompensa é ver os filhos se tornarem adultos responsáveis, produtivos. Com escolhas diferentes, mas igualmente ricas em possibilidades. É saber-se nem expectador, nem diretor. Talvez ajudante de palco, que dá ao ator principal a condição necessária para brilhar.

Parceria
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O VERDADEIRO SENTIDO DE UMA PARCERIA

Estive no Rio Grande do Sul, em Nova Petrópolis, este final de semana participando do 4° Encontro de Facilitadores Experenciais. Fui convidada a participar e mostrar um pouco do meu trabalho.

Foi um final de semana muito produtivo, de muito aprendizado e muita troca. Foi bom conhecer profissionais que desenvolvem um trabalho sério e estão comprometidos com a qualidade do serviço e do produto a ser entregue. Um final de semana de ideias, debates, encontros, laços, enfim de parceria.

Considero-me uma pessoa de sorte, pois tenho encontrado, ao longo da minha vida profissional, pessoas fantásticas com quem tenho estabelecido parcerias produtivas e amizades duradouras.

Fala-se bastante sobre parceria, como é importante, principalmente quando estamos falando de trabalho e organizações.

Tenho dúvidas se as pessoas realmente entendem o que significa parceria. Procurando no dicionário encontramos: relação de colaboração entre duas ou mais pessoas com vista à realização de um objetivo comum.

Parceria é colaboração, cooperação, ajudar, participar, apoiar.

Para que uma parceria aconteça eu acredito que algumas condições precisam estar presentes. Primeiro ter um objetivo em comum. Algo que se deseje realizar e que será melhor, mais prazeroso ou mais facilmente realizado em conjunto. Seguir numa mesma direção.

É importante estar disponível para o outro. Para verdadeiramente escutar o outro (suas ideias, receios), aceitar o outro (com suas qualidades e limitações). Estar aberto não só para receber, mas para entregar ao outro o que você tem de melhor. Uma parceria não acontece se uma das partes não está por inteiro, ou tem reservas, ou sejam, é necessário confiar. Sem confiar no outro uma verdadeira parceria não se estabelece. Uma relação franca, onde a comunicação flui, sem entraves. Onde se pode dizer o que se pensa e acredita.

É preciso fortalecer os laços para que eles suportem as divergências e os conflitos que irão ocorrer.

Talvez não seja a forma mais fácil de atingir um objetivo ou realizar algo, mas com certeza é uma forma mais rica em possibilidades e aprendizado.

Eu adoro trabalhar em parceria, onde o outro faz com que eu brilhe no que tenho de melhor, me complementa no que me falta e me permite fazer o mesmo por ele.

Pais e Autismo
Comportamento, Geral, Reflexão

ESCOLHENDO A ESPERANÇA

No dia 02 de abril foi o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. Todas as ações que levem as pessoas a falarem, refletirem, conhecerem e entenderem qualquer tipo de patologia são válidas e necessárias.

Receber um diagnóstico desses é devastador para os pais. O chão desmorona e junto com ele todos os sonhos a respeito do futuro do filho. Incerteza, medo, angústia, luto… são muitos os sentimentos.

Passado o primeiro impacto sobrevêm as dúvidas. Muitas. O que fazer? Que profissionais procurar? Qual a melhor linha de tratamento? Quem é o melhor especialista? A escola vai dar conta?

Hoje os pais têm uma especial ajuda da Internet e buscam, ávidos, informações. Vão participar de comunidades, vão conversar com outros pais.

Aos poucos as coisas se acalmam e é possível olhar para o filho e começar a fazer escolhas, priorizar trabalhos, adequar o orçamento e a rotina à nova realidade.

E é nesse momento que os pais fazem, de forma inconsciente na maioria das vezes, a principal escolha. Aquela que vai ser determinante para o tratamento e para o futuro do filho. Os pais vão escolher entre ter pena do filho, e de si mesmos em certa medida, ou acreditar que ele tem um futuro rico de possibilidades pela frente.

Vão escolher entre superproteger o filho ou acreditar no seu potencial e construir, pouco a pouco, a sua autonomia.

Parece lugar comum, mas é escolher entre o copo meio vazio ou o copo meio cheio. Porque não importa quão grave e limitante seja o diagnóstico, sempre existem possibilidades e o ser humano tem uma capacidade incrível de superação e de se reinventar.

E é essa escolha que vai determinar o futuro do filho. Existem inúmeros exemplos de superação e realização de pessoas com as mais diferentes limitações físicas, intelectuais ou psíquicas. Em todas elas existem pais que, apesar das incertezas e da dor, escolheram aceitar, amar e acreditar no seu filho, olhando sempre para as possibilidades e focando no desenvolvimento daquilo que a criança tem de melhor.

Criança
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EU ACREDITO NA CRIANÇA!

Todos queremos saúde, ninguém quer estar doente. Quando se trata dos filhos então, mais ainda. Por isso é tão difícil quando se tem algum diagnóstico de um transtorno, de uma síndrome ou doença.

Inicialmente é o choque com a notícia, incredulidade. Não pode ser!! Não está certo!! Vamos buscar uma segunda opinião enquanto nos informamos o máximo possível sobre o assunto. Viva o Dr. Google!

Confirmado o diagnóstico entra-se numa outra fase. É preciso parar de chorar e partir para ação. Buscar toda a ajuda possível, todos os tratamentos, todos os profissionais.

É isso mesmo. É preciso buscar todos os recursos para que a criança possa se desenvolver e superar as dificuldades e limitações que o diagnóstico lhe aponta.

No entanto, é preciso tomar cuidado para que a criança não seja determinada e enxergada somente através de sua doença. Quando fazemos isso corremos o risco de exigir menos do que ela pode ou de encarar qualquer situação como parte do quadro. Recentemente atendendo uma família que se confrontava com um diagnóstico difícil os pais apontaram para o fato do filho não andar de bicicleta. Muitas crianças não andam ou demoram a andar de bicicleta pelos mais variados motivos: não tem uma bicicleta, não tem onde andar, não tem com quem andar ou simplesmente não tem interesse nisso, sem que isso seja um sintoma.

Por conta de minha formação como psicomotricista relacional tenho uma forma um pouco diferente de encarar a situação. Sem desconsiderar o diagnóstico, procuro olhar para a saúde. Toda criança, independente de sua condição, tem um potencial, tem coisas que é capaz de realizar, tem habilidades e potencialidades. É para isso que dirijo meu olhar em primeiro lugar. Quero saber o que ela sabe, o que ela faz e partir daí para ajuda-la a desenvolver-se. É a experiência do sucesso que a fortalece para enfrentar os desafios mais difíceis. Insistir somente no que falta é expor a criança a um histórico de fracassos sucessivos e dificuldades que a levam a questionar a sua capacidade de realizar.

Ao contrário, quando a criança é reconhecida pelas suas habilidades, aumenta sua autoestima e se torna fortalecida e empoderada para enfrentar e superar os desafios.

É preciso tomar cuidado para não encerrar a criança numa patologia, para que o diagnóstico não seja uma justificativa para comportamentos e atitudes.

Recentemente me perguntaram se eu trabalhava com uma determinada patologia. Embora já tenha tido em meu consultório várias crianças com o mesmo diagnóstico, minha resposta foi não. Porque não cuido de patologias, eu cuido de crianças, de pessoas e acredito profundamente que, mais do que dificuldades, elas tem possibilidades, habilidades e é isso que me interessa acima de tudo

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EM CASO DE TRISTEZA: CHORE.

Vivemos numa época em que ser feliz é um imperativo. Todos precisamos ser felizes a cada minuto do dia, como num anúncio de margarina (além de jovens e sarados). Isso é impossível e indesejável.

Como sabemos que algo é doce? Porque experimentamos o amargo. Como sabemos que é frio? Porque já experimentamos o quente. Da mesma forma só poderemos reconhecer a alegria se tivermos experimentado a tristeza.

Muitos pais tentam poupar seus filhos das frustrações inerentes a vida, para que eles não sofram, não fiquem tristes. No entanto, isso é inevitável. Não temos tudo que queremos, na hora e do jeito que queremos. A frustração e o erro são certezas. E dependendo da importância que damos àquilo que não conseguimos ou perdemos ficaremos um pouco tristes, muito tristes ou não ligaremos. Faz parte da vida.

Quando permitimos que as crianças fiquem tristes, chorem, vivam a frustração e as acompanhamos de forma afetiva nesse processo, nós as fortalecemos e lhes preparamos para a vida adulta.

Na adolescência as tristezas são vividas intensa e dramaticamente (como quase tudo). Novamente é importante permitir-lhes viver suas dores de crescimento, seu luto existencial. Ajudá-los a lidar com isso e, mais uma vez, preparar para a vida adulta.

Uma das justificativas para tentar impedir que as crianças e adolescentes (e até mesmo os adultos) fiquem tristes é o medo da depressão.

Tristeza não é depressão. Depressão é uma doença séria, tristeza faz parte da vida.

A tristeza precisa ser vivida. Algumas passarão com um chocolate, um abraço apertado ou um passeio no parque. Outras precisarão de um pouco mais… As tristezas precisam ser choradas, precisam escorrer para fora e lavar a alma no processo. Dói? Dói, mas dói menos vivê-la do que fazer de conta que ela não existe ou sufocá-la com falsa alegria.

Um tristeza mal vivenciada, essa sim, pode se transformar em doença. Porque o nosso corpo trabalha assim. Ele precisa expressar as emoções e se não permitimos ele vai fazê-lo em forma de doença.

Existe uma analogia de que gosto muito. Quando monitoramos os batimentos cardíacos temos um gráfico com altos e baixos. Isso significa que há vida. Quando o gráfico é uma linha reta a vida acabou. E é assim. Para nos sentirmos vivos temos que alternar momentos de alegria e tristeza, raiva e amor, ânimo e desânimo. Um estado perene de qualquer sentimento, mesmo a alegria, seria insuportável. Muitas vezes é de uma crise, de uma tristeza profunda que damos o salto em direção à realização, que passamos a compreender o que realmente é importante para nós, que começamos a construir a felicidade que desejamos.

Portanto, em caso de tristeza: chore.