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Culpa artigo
Comportamento, Geral, Reflexão

A culpa é minha, a culpa é sua

Existem algumas coisas que nos unem como humanidade. Todos nós morreremos, pagaremos impostos e… erraremos!

Não há quem não erre. Erros pequenos, grandes, conscientes e inconscientes.

Não há quem goste de errar.

E o erro na maioria das vezes vem acompanhado de culpa.

A emoção básica por trás da culpa é a tristeza. Ficamos tristes quando cometemos um erro – dependendo do erro, com raiva também – principalmente se ele envolve alguém que amamos.

Sentimos culpa por ter feito ou dito algo que não deveríamos. Sentimos culpa quando deixamos de fazer ou dizer algo que deveríamos.

Na maioria das vezes nos arrependemos; às vezes não. Se é possível reparar o erro é mais fácil lidar com a culpa. Se não é possível repará-lo, dependendo do seu tamanho, lidaremos com a culpa por muito tempo.

No entanto, existem algumas pessoas que lidam com mais frequência com o sentimento de culpa: os pais quando cuidam dos  filhos e os filhos quando cuidam dos pais. A culpa é maior quando envolve uma relação de amor, seja ela entre pais e filhos, entre o casal, entre amigos.

Os pais têm um compromisso muito grande com o acerto. Não querem errar de jeito nenhum, porque sabem que seus erros afetam aqueles que tanto amam e que podem, muitas vezes, impactar fortemente em seus filhos.

Como psicóloga (e ser humano também), sei bem disso, pois não há pessoa que eu atenda que, em algum momento, não fale de sua relação com seus pais. Todos carregamos algum trauma, seja ele pequeno ou grande, dessa relação.

Os pais se culpam por não estarem presentes o suficiente, por não poderem dar tudo aquilo que desejariam a seus filhos (seja o tênis da moda, a aula de patinação ou a viagem de formatura), por terem dito palavras duras ou aumentado o tom da voz na hora de dar um limite. Por terem abraçado de menos, terem sido rígidos demais. Às vezes se arrependem na hora; às vezes após uma reflexão; outras vezes, muitos anos depois, quando a sabedoria que a vida traz leva a uma percepção diferente sobre o que era ou não importante.

Os filhos que cuidam dos pais envelhecidos ou adoentados culpam-se por não terem tido paciência para ouvir, pela enésima vez, a mesma história; por terem impedido os pais de fazerem algo ou por tê-los deixado fazer. Culpam-se porque muitas vezes precisam tomar decisões difíceis como impedir que dirijam, tirá-los de suas casas. Culpam-se pelas vezes que ficaram bravos pelo trabalho de cuidar deles o dos impactos disso na própria vida. Sentem culpa por terem ficado bravos por eles estarem envelhecendo e por não poderem ser mais o porto seguro que tinham como garantido.

Existe algo que todos têm em comum. Se não bastasse se culparem por tantas coisas, ainda são culpabilizados pelos outros. Todos têm uma ideia sobre como as coisas deveriam ser e são rápidos em apontar seus erros e trazer uma dose extra de culpa para a fatura.

— Essa criança está ficando demais no colo… ou você não está dando colo suficiente.
— Ela deveria ter uma rotina mais estabelecida… ou vocês são muito rígidos.
— A birra é culpa dos pais que não dão limite.
— A criança está acima do peso porque os pais não cuidam adequadamente da alimentação dela.

— Vocês não deveriam ter deixado esse jovem ir à festa… ou vocês precisam ser mais flexíveis.
— Não cobrem tanto… ou vocês cobram demais dele.
— Por que deixaram ele fazer a tatuagem?
— Por que não deixaram pintar o cabelo de verde?
— Deveriam ter deixado ele viajar com os amigos… ou como puderam deixá-lo ir nesse show?

Alguns desses comentários são bem-intencionados; a maioria, não. São críticas de quem não conhece a realidade cotidiana e o quanto é difícil tomar essas decisões. Não entendem que pais estão fazendo o melhor que podem com o que tem e sabem. Que se erram é por amar.

— Como você pode impedir seu pai de dirigir, tirar dele a autonomia?
— Como você permite que seu pai dirija com essa idade?
— Você deveria ter estado mais atento e levado seus pais mais cedo ao médico.
— Por que colocou uma empregada para cuidar da casa?
— Sua mãe não pode mais decidir as coisas na própria casa.
— Por que não coloca alguém para ajudar sua mãe em casa? Ela está sobrecarregada.
— Você está fazendo demais… você está fazendo de menos.

Mais uma vez alguns comentários são bem-intencionados; a maioria, não. Críticas que não levam em conta que esses filhos têm a sua família e seus filhos para cuidar, têm a própria vida, necessidades, sonhos e desejos. Não entendem que estão fazendo o melhor que podem com o que tem e sabem. Esquecem que as decisões tomadas hoje são influenciadas pela história construída entre eles e seus pais ao longo da vida.

O sentimento de culpa aponta o erro. O erro permite que reavaliemos nossas escolhas, nossa forma de pensar.

Só aprendemos quando erramos. O erro nos permite mudar.

Não errar, a perfeição… seria muito chata. Nada a aprender, nenhum conflito, uma vida sem sal e sem cor. Claro, estou falando de erros pequenos e médios como comprar algo que não precisávamos e apertar o orçamento. Como levantar um pouco a voz ou perder a paciência por algo simples porque estávamos muito cansados. Deixar de fazer algo por pura preguiça.

O erro leva ao perdão. O perdão pode aproximar as pessoas e fortalecer os vínculos.

Errar é humano, a culpa também. O importante é fazer o possível para não cometer grandes erros. Aprender com eles e, sempre que possível, repará-los e pedir desculpas.

Não tenha medo de errar, pois é inevitável. Faça o seu melhor para evitar grandes erros, que podem ter consequências graves para você e para os outros.

Em relação à culpa, ela é positiva quando sinaliza o erro e permite a mudança. Mas carregá-la por muito tempo não serve para nada. É um peso desnecessário que dificulta a caminhada.

Peça perdão e, acima de tudo, perdoe-se e deixe-a ir embora, pois já cumpriu sua função.

 

VÍDEO

Você se culpa muito?

Bem, se você é pai cuidando de filhos ou filho cuidando de pais com certeza você se culpa.

Culpa-se pelo que fez, pelo que deixou de fazer e pela forma como fez.

Culpa pelo que disse, pelo que não disse e pela forma como disse.

Se não bastasse isso, críticas externas, nem sempre bem-intencionadas, tornam esse peso maior ainda.

O sentimento de culpa nos aponta um erro. Errar é humano, faz parte do jogo. Só não erra quem não faz nada.

O erro abre a possibilidade de aprendizagem, mudança, reparação e perdão.

O erro acontece porque cuidar é uma tarefa complexa, exigente, para qual não tem manual e cujas regras mudam sempre. Quem tem mais de um filho sabe bem disso.

Procure estar atento para que o erro não seja enorme.

Acima de tudo não carregue a culpa com você. Isso não ajuda em nada, pelo contrário, é um peso desnecessário que só dificulta a caminhada.

Pela minha experiência pais e filhos erram tentando acertar e por amor.

 

 

Uma pequena pausa pode fazer uma grande diferença no seu dia.

Por serem pequenas você não precisa sentir culpa por tirar um tempo para você.

Cuidar é importante, mas cuidar do outro começa por cuidar de você.

Se você está exausto, estressado não vai conseguir cuidar do jeito que você deseja e a culpa vai aparecer.

Grandes pausas, um final de semana fora, férias nem sempre são possíveis. Algumas pequenas pausas ao longo do dia vão ajudar.

E você? Quais as pequenas pausas que você se permite ao longo de um dia?

 

 

Carrossel culpa

Você tem feito o melhor que sabe e consegue com o que tem.

Você segue perfis que falam sobre a educação de filhos, lê livros, conversa com outros pais, vai a palestras. Investe tempo e esforço para ser um bom pai.

Você se cobra pelo que fez e pelo que não fez. Pelo que falou e pelo que não falou. Se culpa.

Os outros te criticam e você se sente mais culpado.

Antes de ser pai você é humano e nós humanos erramos. A culpa surge quando nos damos conta do erro.

A culpa não é necessariamente ruim. Ela abre a possibilidade de aprender, de mudar, de reparar e de pedir perdão.

Por isso não faça da culpa um peso desnecessário. Aproveite o aprendizado, repare o que for possível, peça perdão se necessário e siga em frente com a certeza de que se tornou um pai um pouco melhor.

Lembre-se: cuide-se para cuidar de quem você ama.

Foto casal
Comportamento, Geral, Reflexão

Entre Fraldas e Tarefas: Ainda Somos Nós Dois

Investir na relação de amor do casal é investir na família e no bem-estar dos filhos.
Se existe uma família, é porque antes existiu um casal. Ele é a base e a estrutura que sustentam a família.
Sim, é preciso cuidar dos filhos, mas, tão importante quanto isso, é cuidar do casal, dessa relação de amor.
O dia a dia corrido, cheio de demandas, acaba fazendo com que o cuidado com a relação do casal fique para depois — e depois. Isso não é bom para o casal, que se distancia sem perceber, mas é igualmente ruim para os filhos.

Os filhos precisam saber que, entre o pai e a mãe, existe algo do qual eles não fazem parte. Precisam saber que são muito, muito importantes, mas que não são a única relação que importa. Que existe outra, que começou antes deles, e que é tão importante quanto. Ser o centro da vida de uma pessoa é um lugar muito pesado para os filhos ocuparem.

A relação de casal dos pais é modelo para os filhos. Quando for a hora de formarem seu próprio casal, é esse modelo que eles vão, consciente ou inconscientemente, buscar.

Por isso, é muito importante que o casal encontre espaço, tempo e meios para cuidar da relação. A vida a dois já é desafiadora por si só — com filhos, o desafio é ainda maior.

Quando se tem uma rede de apoio — avós, tios, amigos, babás — que possam assumir, por um tempo (horas ou dias), o cuidado dos filhos, tudo se torna mais fácil. No entanto, quando não se tem uma rede de apoio, é preciso usar a criatividade para fazer com que momentos de conexão entre o casal aconteçam.

Cuidar da relação de amor não significa jantares à luz de velas, viagens românticas ou coisas do gênero. Sim, essas coisas são bem-vindas, mas não acontecem todos os dias — e não são suficientes para manter e fortalecer o vínculo entre o casal.

São os pequenos gestos cotidianos de carinho, cuidado, escuta e empatia que fazem a diferença.

Receber quem chega em casa com um abraço carinhoso, que dure mais do que dois segundos.

Perguntar sobre o dia e ouvir com atenção e real interesse. Olhar nos olhos.

Trazer para casa o doce preferido, uma cerveja diferente, uma rosa — algo simples que diga “lembrei de você, parei no meio da correria do meu dia e comprei algo que você gosta”.

É sair sozinho com os filhos para dar ao outro um tempo sozinho, para não fazer nada, descansar, ler, ir ao banheiro sem ser interrompido, tomar um banho mais demorado. Um tempo para sair com os amigos, jogar conversa fora e recarregar as baterias.

É andar de mãos dadas no shopping ou durante o passeio no parque com os filhos.

Olhar para o outro e entender o que ele precisa naquele momento: uma xícara de chá, lavar a louça, guardar os brinquedos…

É realizar pequenos desejos que o outro tem.

É dormir cinco minutos mais tarde para ficar quietinhos, abraçados em silêncio. É namorar. Um beijo enquanto arrumam a mesa. Esquentar o lugar do outro na cama, no inverno.

São pequenas coisas que passam uma mensagem fundamental:
não importa quão corrida esteja a vida, você é prioridade, eu penso em você, me preocupo, cuido de você, continuo te amando.