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Comportamento, Geral, Infância, Reflexão

Conversas em tempos de Pandemia 1

Olá!

Espero que vocês estejam bem.

Estamos passando por um momento singular. O mundo vive uma pandemia e nós estamos reclusos em casa por conta da quarentena que nos foi imposta. Precisamos cuidar das pessoas que amamos, de nossa comunidade e de nós mesmos.

Vivemos uma crise e temos que lidar com uma série de emoções e sentimentos. Medo, ansiedade, raiva, solidão, entre outros. A mudança na rotina e a convivência num espaço limitado o dia inteiro é um desafio.

Como para a maioria de vocês minha rotina também mudou. As aulas da faculdade estão suspensas e tive que me adaptar. Aprendi a dar aula online, criei atividades diferentes para que os alunos possam continuar com seu processo de formação e aprendizagem. Deixei de ir ao consultório. Os pacientes adultos e adolescentes tenho atendido online, mas as crianças e os pré-adolescentes estavam sem atendimento até essa semana.

A quarentena fez com que pais e filhos tenham que conviver em novas condições e com uma intensidade muito maior. Essa pode ser uma situação muito boa, de resgate, de estreitamento de laços, de redescoberta, porém também pode ser um tanto difícil para todos.

Sabendo disso entrei em contato com os pais para saber como estavam e para dar um apoio, quem sabe uma orientação, sugestões de atividades.

Fui surpreendida, pois as crianças e pré-adolescentes quiseram conversar. Marcamos um horário e cada um, na privacidade de seu quarto, conversou comigo. Eles me mostraram que eles também estão tendo algumas dificuldades e incertezas nesse momento.

Nos próximos artigos vou falar sobre o que podemos fazer para ajudá-los a atravessar essa tempestade com mais tranquilidade.

Um carinhoso abraço.

Luiza Helena Rocha Brincar na Escola Site
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BRINCAR NA ESCOLA

Nos artigos deste mês tenho repetido o quanto brincar é importante para o desenvolvimento das crianças, que é algo sério e que deve ser respeitado e incentivado, especialmente nos primeiros anos da infância. É através do brincar que a criança descobre o mundo e suas possibilidades. Descobre a si mesma e todas as suas capacidades, vence desafios que vão ser a base de todo o aprendizado formal.

As crianças vão cada vez mais cedo para escola. E percebo o quanto a escolha dessa primeira escola pode ser difícil. Muitas vezes pais me perguntam qual a melhor opção. Sempre respondo que a melhor escola é aquela em que o filho é feliz.

No entanto, quando se trata da Educação Infantil existem alguns pontos que considero fundamentais.

A escola tem que passar segurança e tranquilidade aos pais, pois as crianças são muito pequenas, ainda bastante dependentes e os pais precisam confiar muito na escola para deixar seu filho lá. Para que a criança fique bem, os pais precisam estar seguros.

É importante que as turmas sejam pequenas, para que o professor possa dar a devida atenção para todos.

Uma área externa onde a criança possa brincar livremente, possa explorar, com grama, terra, areia, árvores. Se uma criança chega da escola sem sujeira no uniforme, areia dentro do tênis, um arranhão de vez em quando, ela não brincou o suficiente.

Que a escola não se preocupe em alfabetizar a criança o quanto antes. Como psicóloga e psicomotricista insisto em dizer que uma criança de 5 anos ainda não precisa fazer nenhuma atividade em folhas A4 que envolvam o traçado das letras. Ela deve usar papeis maiores, tintas, argila, todo o material que favoreça o desenvolvimento da sua consciência corporal, da coordenação motora global e fina. Se ela tiver tido oportunidade de viver intensamente o prazer psicomotor, o traçado e o aprendizado das letras e números acontecerá naturalmente.

Sei que algumas crianças são curiosas nesse sentido. Devem ter a sua curiosidade atendida, mas não devem ser ensinadas precocemente.

Não tenham pressa em ver seus filhos escrevendo e lendo. Quanto mais eles brincarem, explorarem os materiais e o espaço, mais facilmente aprenderão.

A infância é um período único na vida. Deve ser vivida intensamente, saboreada lentamente, desfrutada em todas as suas possibilidades.

Dessa forma a melhor escola é aquela que respeita a infância e permite que ela floresça, sem pressa, respeitando o ritmo de cada criança. Aquela onde o brincar é uma prioridade.

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RAZÕES PARA A BALEIA SER AZUL

O jogo da Baleia Azul e o seriado Thirteen Reasons Why, ambos dirigidos ao público adolescente, trazem a tona um tema difícil, mas que precisa ser tratado. Não acredito que nenhum deles tenha a capacidade de fazer com que um jovem atente contra a própria vida. Mas acredito que para aqueles que, envoltos em dor e desesperança, já pensam seriamente no assunto eles sirvam como a justificativa que falta.

Não quero falar do jogo ou do seriado, mas refletir sobre o que leva um adolescente a querer se matar.

A adolescência é um fase de transição, de mudanças profundas e, por isso, de fragilidade. O adolescente vive entre dois mundos. Passa pelo luto de abandonar a infância, as brincadeiras, a leveza. Não são mais crianças e, por isso, não lhes é mais permitido agir como tal.

No entanto, ainda não são adultos. Não tem a autonomia e a liberdade que os adultos têm de determinar a sua vida. Aquilo que, a princípio, lhes parece o melhor da vida adulta, lhes é negado. Por outro lado, lhes cobram um comportamento mais responsável e congruente.

O corpo muda, os pais mudam sua forma de tratá-los, os amigos mudam, o mundo a sua volta muda. Ao término dessa fase precisam ter definido sua identidade, sua sexualidade, sua profissão.

Para lidar com tudo isso o adolescente torna-se rebelde ou se isola, questiona e critica. Momento complexo para todos os envolvidos.

Uma das principais tarefas a realizar nesse período é separar-se dos pais. Não fisicamente, mas afetivamente. É perceber que os pais são humanos e não heróis. É discordar deles, pensar diferente, encontrar o seu repertório de atitudes e valores. É lapidar e dar contornos ao adulto que virá a ser.

Para fazer isso o adolescente tem a necessidade de contrapor-se, de confrontar.

Para que todas essas mudanças aconteçam da forma mais tranquila possível é preciso que o adolescente sinta-se protegido e seguro. Ele precisa de limite!!

Um limite amoroso que faça com que ele se sinta cuidado. Ele está se transformando, enfrentando um universo de novidades e precisa sentir que existe uma rede de segurança a sua volta.

Essa rede tem nome: pais. Infelizmente, muitos jovens não podem contar com ela, pois muitos pais estão abrindo mão do seu papel para se tornarem “amigos” dos filhos. Amigos eles têm muitos! Pai só um. Mãe só uma.

Ser pai de adolescente implica em ser chato, antiquado, retrógrado. Implica em críticas, mau humor, cara amarrada, birra, portas batendo, etc. Implica em ser a rede da qual o jovem vai, aos poucos, afrouxando os nós, mas que está ali para lhes dar segurança e, por isso mesmo, leva o maior impacto.

Quando os pais abandonam o seu lugar deixam o adolescente desprotegido. Ele não está preparado psiquicamente, neurologicamente para lidar com isso. Não está suficientemente amadurecido. Precisa de orientação, de cuidado. Não poder contar com essa rede pode ser desesperador e angustiante. É enfrentar uma batalha sem estar preparado, sem ter as armas necessárias, sem ter orientação.

Não ser a rede que dá sustentação e segurança é deixar essa posição livre para ser ocupada por outro agente. Uma gangue de adolescentes, as drogas e o álcool, adultos abusadores, etc. O adolescente precisa de limite e vai buscá-lo até encontrar. Se não encontra na família, encontrará na polícia, no hospital psiquiátrico, na morte.

Ser pai de adolescente é desafiador, mas é rico em aprendizado. Viver esse período de forma um pouco mais tranquila é fruto de todo um investimento afetivo, e de limite também, feito ao longo da infância.

A recompensa é ver os filhos se tornarem adultos responsáveis, produtivos. Com escolhas diferentes, mas igualmente ricas em possibilidades. É saber-se nem expectador, nem diretor. Talvez ajudante de palco, que dá ao ator principal a condição necessária para brilhar.