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Análise Corporal da Relação, Comportamento, Geral, Reflexão

ONDE ESTÁ O HUMANO?

Hoje recebi um vídeo falando de todas as transformações que as novas tecnologias trarão às nossas vidas nos próximos anos. Algumas profissões que conhecemos deixarão de existir ou porque se tornaram desnecessárias, ou porque as pessoas foram substituídas por tecnologia (computadores, apps, inteligência artificial). Não precisaremos mais dirigir carros, haverá menos acidentes, menos vidas serão desnecessariamente perdidas. Poderemos imprimir nossos sapatos novos em casa! Ao mesmo tempo que tudo isso parece fantástico, me parece igualmente assustador.

Um dos motivos que me assustam é que essas transformações parecem tirar o humano, a relação, da equação. Somos seres sociais e foi a nossa capacidade de trabalharmos colaborativamente que nos tornou a espécie dominante no planeta, é o que nos ensina Harari no livro “Sapiens. Uma breve história da humanidade”. Somos seres sociais e necessitamos do outro, necessitamos das relações para nos desenvolvermos, para sobrevivermos.

Acho fantástico um software ou app que, acoplado ao meu celular pode verificar a minha retina, avaliar o meu sangue, a minha respiração e a partir daí analisar o meu estado geral, diagnosticar alguma desequilíbrio ou doença para que providencias possam ser tomadas. Ótimo! Isso vai salvar vidas, vai permitir o diagnóstico precoce de uma série de doenças e assim por diante. Mas não me parece que isso possa substituir a consulta a um médico. Porque para além do diagnóstico e tratamento o que precisamos é de alguém que nos escute, que se interesse por nós e que nos aconselhe, que cuide de nós. Precisamos da relação.

Comprar um par de sapatos é uma experiência. Ver vitrines, muitas vezes com uma amiga, experimentar, caminhar pela loja, conversar com a vendedora, etc. É muito mais do que simplesmente imprimir um sapato novo.

A experiência do humano não pode deixar de existir. Precisamos desse contato. Precisamos de pessoas. Isso não de forma virtual, mas de forma real e concreta. Precisamos do toque. Existem pesquisas científicas recentes que comprovam isso.

Estamos nos isolando cada vez mais. “Conversamos” todos os dias através do WhatsApp com nossos amigos, mas não conseguimos nos encontrar para um café. Sabemos notícias dos parentes que moram em outras cidades, mas passamos semanas sem ver os que moram por perto (tudo bem, em alguns casos isso pode ser uma benção!).

Os casos de depressão, de transtornos de ansiedade e outros aumentam a cada dia e até mesmo crianças têm sofrido com isso. Talvez uma das razões é que estamos diminuindo o convívio entre as pessoas. Um convívio sem interferência da tecnologia. O celular “senta-se” à mesa, as redes sociais tornam as relações virtuais e ocupam o tempo das relações reais.

Toda essa transformação é um caminho sem volta. E traz, com certeza, muitos ganhos. Mas precisamos, como em tudo na vida, de equilíbrio. Aproveitar o que a tecnologia traz de melhoria e vantagem, sem perder o que nos distingue como raça, o que nos torna humanos.

 

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Comportamento, Geral, Reflexão

ESPERANÇA

Vivemos um momento tenso no Brasil. Não sabemos como isso vai terminar…

Tenho ouvido muitas pessoas desesperançadas com o destino de nosso país. De fato a situação é um tanto desanimadora. É muita corrupção, muito dinheiro envolvido, muita indignação.

Tenho, por força de minha formação, o hábito de procurar algo de bom em cada situação. Pelo menos um aprendizado.

Conversando com um amigo ele me fez ver um outro lado disso tudo. A corrupção existe no Brasil desde sua fundação. Ela é algo cultural até. O nosso famoso jeitinho muitas vezes leva à isso. Talvez em outra proporção, mas é só isso, uma questão de proporção.

Mas pela primeira vez essa ferida está sendo aberta. Estamos olhando para ela de frente e nos assustamos com o que vemos. Ela é maior e muito mais profunda do que nossa imaginação nos fazia crer.

E pela primeira vez estamos tratando essa ferida. Começamos a limpá-la. Esse processo não será fácil, afinal ela ficou sem cuidados por muito tempo. A infecção tentará voltar. Será preciso redobrado cuidado. Outras lesões poderão ser encontradas.

No entanto, o mais importante está sendo feito: começamos a enfrentar a situação. Isso nunca tinha sido feito antes. E, usando a mesma metáfora, ainda que saibamos que o tratamento é longo e doloroso, é preciso ter renovada a cada dia a esperança da cura.

A nós brasileiros, não diretamente ligados ao tratamento, nos cabe uma tarefa: mudar. Abandonar o hábito do jeitinho e abraçar a ética como princípio de vida em sociedade. Porque por melhor que sejam os tratamentos, se os hábitos permanecerem os mesmos, tudo voltará a ser como antes.

Vi esses dias uma palestra do TED em que Matt Cutts (https://www.ted.com/talks/matt_cutts_try_something_new_for_30_days) conta sua experiência de tentar algo novo por 30 dias. Pois é exatamente isso que proponho a todos nós brasileiros. Vamos tentar mudar uma atitude por 30 dias. Passar 30 dias sem usar o celular enquanto dirigimos, por exemplo. Ou não sentar no lugar do idoso no ônibus.

Porque, afinal, somos todos responsáveis por transformar o Brasil no país que queremos.