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Comportamento, Geral, Infância, Reflexão

Conversas em tempos de Pandemia 1

Olá!

Espero que vocês estejam bem.

Estamos passando por um momento singular. O mundo vive uma pandemia e nós estamos reclusos em casa por conta da quarentena que nos foi imposta. Precisamos cuidar das pessoas que amamos, de nossa comunidade e de nós mesmos.

Vivemos uma crise e temos que lidar com uma série de emoções e sentimentos. Medo, ansiedade, raiva, solidão, entre outros. A mudança na rotina e a convivência num espaço limitado o dia inteiro é um desafio.

Como para a maioria de vocês minha rotina também mudou. As aulas da faculdade estão suspensas e tive que me adaptar. Aprendi a dar aula online, criei atividades diferentes para que os alunos possam continuar com seu processo de formação e aprendizagem. Deixei de ir ao consultório. Os pacientes adultos e adolescentes tenho atendido online, mas as crianças e os pré-adolescentes estavam sem atendimento até essa semana.

A quarentena fez com que pais e filhos tenham que conviver em novas condições e com uma intensidade muito maior. Essa pode ser uma situação muito boa, de resgate, de estreitamento de laços, de redescoberta, porém também pode ser um tanto difícil para todos.

Sabendo disso entrei em contato com os pais para saber como estavam e para dar um apoio, quem sabe uma orientação, sugestões de atividades.

Fui surpreendida, pois as crianças e pré-adolescentes quiseram conversar. Marcamos um horário e cada um, na privacidade de seu quarto, conversou comigo. Eles me mostraram que eles também estão tendo algumas dificuldades e incertezas nesse momento.

Nos próximos artigos vou falar sobre o que podemos fazer para ajudá-los a atravessar essa tempestade com mais tranquilidade.

Um carinhoso abraço.

Mudança 3
Comportamento, Geral, Reflexão

NAVEGAR É PRECISO… MUDAR TAMBÉM!

“O segredo da mudança está em centrar toda a sua energia, não em lutar contra o passado, mas em construir tudo novo”. – Sócrates

Li a frase acima num artigo da revista Pensar Contemporâneo. No artigo eles apresentam dez frases de crescimento pessoal de grandes filósofos. Elas me fizeram refletir e vão dar origem a alguns artigos. Esse é o primeiro.

Mudança e transformação estão presentes em nossa vida desde a fecundação, até a morte. Apesar disso muitos têm dificuldade para lidar com isso, têm medo da mudança.

Mudar é ir em direção ao incerto, é levantar âncora e abandonar o porto seguro do conhecido. Para alguns isso é impossível e permanecem, não sem mudar porque é impossível, mas sem ser o autor da mudança. Ficam em relacionamentos onde não são valorizados ou reconhecidos. Ficam em empregos onde não encontram propósito ou satisfação. Ficam ao sabor do vento, seguindo em direção à morte, olhando a vida passar através das janelas.

Às vezes não se sentem capazes ou com direito a transformar-se e à sua vida como desejam. Crenças em discursos antigos, em velhas histórias, em paradigmas caducos são paralisantes. Não querem decepcionar, não corresponder àquilo que acreditam os outros esperam deles. Acomodam-se nos ganhos secundários que toda situação, mesmo as mais difíceis, têm.

No consultório são muitos os casos de pessoas que repetem as histórias familiares, como se fossem um destino ao qual não podem fugir. Sofrem hoje por dores e culpas que não são suas, por feridas que já cicatrizaram.

Com o passar dos anos se perguntam o que aconteceu, se desesperam pelo tempo perdido. Culpam os outros e mais uma vez não mudam, pois agora a crença é de que não há mais tempo…

Sempre há tempo! Só é tarde demais, quando a vida se encerra.

O passado, nossa história, faz parte do que somos, mas não nos define. Sempre podemos mudar, transformar-nos, não num ideal inatingível de anúncios, mas no que podemos e desejamos ser. Lutar contra o passado de nada adianta. Não podemos mudá-lo. É preciso aceitar.

Quando embarcamos num processo terapêutico é isso que fazemos. Olhamos para nossa história, lidamos com as emoções, com os arrependimentos, perdoamos, aceitamos e… deixamos ficar. Levamos conosco o aprendizado, algumas boas lembranças e só.

Como fazer isso?

Alguns cortam as amarras e se lançam, movidos pelo desespero de nunca mudar. Mas sem a bússola da reflexão navegam em círculos e acabam por retornar ao ponto de partida.

Outros se enganam, repetindo o discurso da mudança, mas concretamente pouco fazem.

Os que conseguem são aqueles que diariamente renunciam ao que eram, abandonam os pesos inúteis, e seguem firmes em direção à mudança. Não fazem estardalhaço, nem tem planos mirabolantes. Entendem que chegar ao destino implica em caminhar todos os passos, navegar todas as ondas. Sabem do cansaço, dos tropeços, dos retrocessos, das tempestades, mas seguem em frente. Entendem que a mudança não é o destino, mas o caminhar, o navegar.

Desfrutam do processo, pois há tristeza, mas também alegria. Há dor, mas também beleza. Acima de tudo há a satisfação e o prazer de saber-se o responsável pela transformação.

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Comportamento, Geral, Reflexão

ESPERANÇA

Vivemos um momento tenso no Brasil. Não sabemos como isso vai terminar…

Tenho ouvido muitas pessoas desesperançadas com o destino de nosso país. De fato a situação é um tanto desanimadora. É muita corrupção, muito dinheiro envolvido, muita indignação.

Tenho, por força de minha formação, o hábito de procurar algo de bom em cada situação. Pelo menos um aprendizado.

Conversando com um amigo ele me fez ver um outro lado disso tudo. A corrupção existe no Brasil desde sua fundação. Ela é algo cultural até. O nosso famoso jeitinho muitas vezes leva à isso. Talvez em outra proporção, mas é só isso, uma questão de proporção.

Mas pela primeira vez essa ferida está sendo aberta. Estamos olhando para ela de frente e nos assustamos com o que vemos. Ela é maior e muito mais profunda do que nossa imaginação nos fazia crer.

E pela primeira vez estamos tratando essa ferida. Começamos a limpá-la. Esse processo não será fácil, afinal ela ficou sem cuidados por muito tempo. A infecção tentará voltar. Será preciso redobrado cuidado. Outras lesões poderão ser encontradas.

No entanto, o mais importante está sendo feito: começamos a enfrentar a situação. Isso nunca tinha sido feito antes. E, usando a mesma metáfora, ainda que saibamos que o tratamento é longo e doloroso, é preciso ter renovada a cada dia a esperança da cura.

A nós brasileiros, não diretamente ligados ao tratamento, nos cabe uma tarefa: mudar. Abandonar o hábito do jeitinho e abraçar a ética como princípio de vida em sociedade. Porque por melhor que sejam os tratamentos, se os hábitos permanecerem os mesmos, tudo voltará a ser como antes.

Vi esses dias uma palestra do TED em que Matt Cutts (https://www.ted.com/talks/matt_cutts_try_something_new_for_30_days) conta sua experiência de tentar algo novo por 30 dias. Pois é exatamente isso que proponho a todos nós brasileiros. Vamos tentar mudar uma atitude por 30 dias. Passar 30 dias sem usar o celular enquanto dirigimos, por exemplo. Ou não sentar no lugar do idoso no ônibus.

Porque, afinal, somos todos responsáveis por transformar o Brasil no país que queremos.

 

Pais e Autismo
Comportamento, Geral, Reflexão

ESCOLHENDO A ESPERANÇA

No dia 02 de abril foi o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. Todas as ações que levem as pessoas a falarem, refletirem, conhecerem e entenderem qualquer tipo de patologia são válidas e necessárias.

Receber um diagnóstico desses é devastador para os pais. O chão desmorona e junto com ele todos os sonhos a respeito do futuro do filho. Incerteza, medo, angústia, luto… são muitos os sentimentos.

Passado o primeiro impacto sobrevêm as dúvidas. Muitas. O que fazer? Que profissionais procurar? Qual a melhor linha de tratamento? Quem é o melhor especialista? A escola vai dar conta?

Hoje os pais têm uma especial ajuda da Internet e buscam, ávidos, informações. Vão participar de comunidades, vão conversar com outros pais.

Aos poucos as coisas se acalmam e é possível olhar para o filho e começar a fazer escolhas, priorizar trabalhos, adequar o orçamento e a rotina à nova realidade.

E é nesse momento que os pais fazem, de forma inconsciente na maioria das vezes, a principal escolha. Aquela que vai ser determinante para o tratamento e para o futuro do filho. Os pais vão escolher entre ter pena do filho, e de si mesmos em certa medida, ou acreditar que ele tem um futuro rico de possibilidades pela frente.

Vão escolher entre superproteger o filho ou acreditar no seu potencial e construir, pouco a pouco, a sua autonomia.

Parece lugar comum, mas é escolher entre o copo meio vazio ou o copo meio cheio. Porque não importa quão grave e limitante seja o diagnóstico, sempre existem possibilidades e o ser humano tem uma capacidade incrível de superação e de se reinventar.

E é essa escolha que vai determinar o futuro do filho. Existem inúmeros exemplos de superação e realização de pessoas com as mais diferentes limitações físicas, intelectuais ou psíquicas. Em todas elas existem pais que, apesar das incertezas e da dor, escolheram aceitar, amar e acreditar no seu filho, olhando sempre para as possibilidades e focando no desenvolvimento daquilo que a criança tem de melhor.

Criança
Comportamento, Geral, Reflexão

EU ACREDITO NA CRIANÇA!

Todos queremos saúde, ninguém quer estar doente. Quando se trata dos filhos então, mais ainda. Por isso é tão difícil quando se tem algum diagnóstico de um transtorno, de uma síndrome ou doença.

Inicialmente é o choque com a notícia, incredulidade. Não pode ser!! Não está certo!! Vamos buscar uma segunda opinião enquanto nos informamos o máximo possível sobre o assunto. Viva o Dr. Google!

Confirmado o diagnóstico entra-se numa outra fase. É preciso parar de chorar e partir para ação. Buscar toda a ajuda possível, todos os tratamentos, todos os profissionais.

É isso mesmo. É preciso buscar todos os recursos para que a criança possa se desenvolver e superar as dificuldades e limitações que o diagnóstico lhe aponta.

No entanto, é preciso tomar cuidado para que a criança não seja determinada e enxergada somente através de sua doença. Quando fazemos isso corremos o risco de exigir menos do que ela pode ou de encarar qualquer situação como parte do quadro. Recentemente atendendo uma família que se confrontava com um diagnóstico difícil os pais apontaram para o fato do filho não andar de bicicleta. Muitas crianças não andam ou demoram a andar de bicicleta pelos mais variados motivos: não tem uma bicicleta, não tem onde andar, não tem com quem andar ou simplesmente não tem interesse nisso, sem que isso seja um sintoma.

Por conta de minha formação como psicomotricista relacional tenho uma forma um pouco diferente de encarar a situação. Sem desconsiderar o diagnóstico, procuro olhar para a saúde. Toda criança, independente de sua condição, tem um potencial, tem coisas que é capaz de realizar, tem habilidades e potencialidades. É para isso que dirijo meu olhar em primeiro lugar. Quero saber o que ela sabe, o que ela faz e partir daí para ajuda-la a desenvolver-se. É a experiência do sucesso que a fortalece para enfrentar os desafios mais difíceis. Insistir somente no que falta é expor a criança a um histórico de fracassos sucessivos e dificuldades que a levam a questionar a sua capacidade de realizar.

Ao contrário, quando a criança é reconhecida pelas suas habilidades, aumenta sua autoestima e se torna fortalecida e empoderada para enfrentar e superar os desafios.

É preciso tomar cuidado para não encerrar a criança numa patologia, para que o diagnóstico não seja uma justificativa para comportamentos e atitudes.

Recentemente me perguntaram se eu trabalhava com uma determinada patologia. Embora já tenha tido em meu consultório várias crianças com o mesmo diagnóstico, minha resposta foi não. Porque não cuido de patologias, eu cuido de crianças, de pessoas e acredito profundamente que, mais do que dificuldades, elas tem possibilidades, habilidades e é isso que me interessa acima de tudo