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Comportamento, Geral, Reflexão

FEMININA

Sou mulher e tenho a felicidade de conviver com muitas mulheres sejam elas de minha família, amigas, alunas, colegas, pacientes, colaboradoras…  Mulheres de todos os tipos. Algumas ainda são crianças, nem se sabem mulheres ainda. Outras jovens, algumas mais experientes e vividas. Vaidosas, peruas, despojadas, modernas, tradicionais. São todas diferentes, mas igualmente belas. Cada uma tem uma forma, um corpo, um jeito, um trejeito, uma maneira de ser. Todas únicas e, por isso, perfeitas na sua singularidade.

Observo os diversos papéis que elas assumiram em suas vidas. Todas são filhas. Umas desfrutam do cuidado de suas mães, outras tornaram-se mães de seus pais. Para algumas a maternidade é um sonho realizado, para outras desejado e para muitas não faz sentido. As relações de amor são de todos os tipos que a época em que vivemos permite. A grande maioria trabalha, cuidando da casa e da família, atuando nas mais diversas profissões ou as duas coisas.

Pobres, ricas ou da classe média todas fazem o possível para serem belas. Muitas não reconhecem a sua própria beleza e buscam o ideal inalcançável do fotoshop. Esquecem que são reais, que seus corpos contam sua história, que as marcas são das experiências vividas, dos encontros e desencontros.

Para mim são todas poderosas, ainda que algumas não se sintam dessa forma. Todas possuem o poder de ser mulher, do feminino. Um poder único.

Infelizmente esse poder não tem sido valorizado ou até mesmo reconhecido. Na luta pelo lugar de cidadã de direitos, pela liberdade de ser o que desejasse, de fazer as suas escolhas, de ir e vir, de realizar seu propósito de vida, de existir plenamente, muitas mulheres perderam o contato com esse poder que vem da essência do feminino. Confundiram ter os mesmos direitos que os homens, com ser iguais aos homens. Não somos.

Somos diferentes na forma, na textura, na biologia, na essência. Da mesma forma nosso poder, nossa força são diferentes. Nem melhor, nem pior. Nem mais, nem menos. Diferentes.

O poder feminino é o poder de gerar a vida em seu ventre e nutri-la em seu seio. O poder de conter afetivamente, não só o filho, mas todos a quem ama. De gerar ideias, de fazê-las crescer, dar frutos. De alimentar as relações, os sonhos – seus e de outros – com seu afeto, sua determinação.

O corpo de uma mulher foi nossa primeira morada e o feminino tem o poder de transformar em um lar a casa, onde somos bem-vindos, onde nossa dor é acolhida, nossas alegrias e realizações celebradas. Um lar onde podemos descansar, lamber as feridas, recuperar nossas forças. Lugar de onde saímos para o mundo e para onde podemos voltar.

A mulher tem o poder de criar vínculos, ligar os pontos, aproximar os distantes. Poder de tecer uma teia, não que aprisiona, mas que conecta, que sustenta, que protege. Da mesma forma que o filho se une ao seu corpo, ela tem o poder de unir as pessoas, fortalecer as relações.

É forte, capaz de defender seu filho, sua família, seus amigos, suas ideias.  E essa mesma força usa para realizar seus sonhos, construir a vida que deseja e merece, ir além.

Em alguns momentos emprestamos o poder masculino, pois a situação exige. Da mesma forma, eles emprestam nosso poder quando precisam. Tudo bem, desde que não renunciemos a nossa essência.

Quando entramos em contato com nosso poder, reconhecermos sua grandeza, sua força, sua beleza, quando o assumimos plenamente sem medo ou culpa, encontramos a paz e a felicidade de ser quem somos: mulheres.

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Reflexão

AS TRÊS FACES DE EVA

Ao longo de minha formação profissional muitas vezes busquei compreender o universo feminino, sua complexidade e nuances. O Dia Internacional da Mulher parece ser um bom momento para compartilhar algumas dessas reflexões.

O título escolhido para o artigo reflete a crença de que em cada mulher residem três faces, três possibilidades de ser e estar no mundo, três maneiras de se relacionar com o outro. A cada etapa da vida e circunstâncias do momento uma dessas faces tomará a frente, estará em destaque. Algumas de nós, por força do modelo que tivemos e das experiências vividas, teremos uma dessas faces mais desenvolvidas, o que não significa que as outras duas não estejam disponíveis para nos ajudar a construir a vida e as relações que desejamos.

Em alguns momentos quem toma a dianteira é a Mulher Mãe. Não estou falando apenas da mulher que experimenta a maternidade propriamente dita, mas desta face que todas temos dentro de nós e que aparece nos cuidados com o outro, no acolhimento das dores, aflições e tristezas seja de um filho, seja do companheiro, seja de uma amiga, cliente ou paciente.

Que surge na partilha das alegrias, das conquistas e das vitórias. Num gesto de carinho, num café coado, num bolo assado… Nas flores cuidadosamente arranjadas num vaso, na transformação de um imóvel num lar.

Falo da mulher que tece teias, costura fios unindo as pessoas, as famílias, fazendo e fortalecendo os vínculos e os laços de afeto e carinho.

Em outros momentos quem toma a dianteira é a Mulher Fálica. Uma mulher forte, que arregaça as mangas e vai à luta. Que é profissional, que trabalha, que constrói, que conquista. Que enfrenta as adversidades, que supera os obstáculos, que se posiciona e luta pelo que acredita.

Que assume a sua vida, os cuidados e o sustento da família, que viaja sozinha, que vai aonde deseja, não tem medo de ficar só, que reconhece seu valor e seu poder e por isso mesmo não se sente ameaçada pelo poder do outro e não tem medo de compartilhar a sua vida com ele.

Uma mulher que saiu de um lugar de menos valia e conquistou os seus direitos, ocupou o seu espaço. Que não desiste, mas insiste, pois sabe do que é capaz.

E por fim, mas não menos poderosa, surge a Mulher Mulher, com seu corpo cheio de curvas, de suavidade e força. Uma mulher que é bela, não importa a forma ou o tamanho, que deseja e é desejada. Que seduz e se deixa seduzir. Que sente e dá prazer.

Uma mulher que traz consigo a força da vida e do encontro. Que exala pelos poros uma energia que envolve, um perfume que entontece. Que tem um calor que aquece e incendeia, que é forte e frágil, que é doce e apimentada. Que se entrega e aprisiona, que ama e apaixona.

Cada uma de nós tem dentro de si essas três mulheres. A cada momento, a cada etapa da vida uma se destacará, mas não é preciso que as outras deixem de existir. Quando reconhecemos a existência, a importância e o poder de cada uma, e permitimos que elas coexistam em harmonia encontramos a paz e o equilíbrio.

Desejo que cada mulher possa encontrar esse equilíbrio e possa viver plenamente a maravilha que é ser Mulher.