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Comportamento, Geral, Reflexão

VIDA

Semana passada li duas reportagens que me impactaram. Ambas falavam de escolha.

A primeira trazia a notícia da morte da professora Ana Beatriz Cerisara. A escolha de Ana Beatriz foi a “Boa Morte”. Viver seus últimos dias de vida, em sua casa, perto das pessoas que ama. Escolheu viver o dia de sua morte. Escolheu acolher todos os sentimentos que esse tema traz: medo, angústia, saudade, alegria de estar com os seus, serenidade…

Ao vivenciar na família a experiência de uma doença progressiva nos questionamos inúmeras vezes até onde devemos investir na manutenção da vida. Ainda que não queiramos que as pessoas que amamos nos deixem, temos que considerar que a partida, inevitável, deve ser o mais tranquila e digna possível. Deve ser muito melhor ir no conforto de nossa casa, envolta em amor, do que na impessoalidade de um hospital, cercado de estranhos.

Nem sempre nos é dada a opção de escolha. Ana Beatriz pode escolher.

A segunda falava do ingresso no curso de arquitetura do Centro Universitário Barão de Mauá de Carlos Augusto Manço. O que torna essa notícia especial é a idade de Carlos Augusto: 90 anos!!

Outra escolha.

Normalmente as pessoas entram na faculdade para fazer ter uma profissão, entrarem no mercado de trabalho, construírem uma carreira. A princípio, esse não será o caso. Para ele é a realização de um sonho e pronto. Muitos poderiam pensar que com sua idade Carlos Augusto agora deveria aproveitar para descansar, não fazer nada. Escolheu estudar.

Uma de minhas avós dizia que enquanto você tiver um sonho você tem vida. Concordo com ela. Desejar algo e buscar a sua realização é o que nos mantém vivos.

A escolha de Ana Beatriz e Carlos Augusto foi pela vida! Por estar presente e desfrutar de tudo o que ela tem a oferecer até o último momento, inclusive da morte.

Para mim os dois são um exemplo.

Estar vivo é uma dádiva que, por tomarmos como garantida, nem sempre desfrutamos como poderíamos. Vamos aproveitar esses exemplos para refletir sobre nossas escolhas, para aproveitarmos cada momento de nossa vida, desde hoje, desde agora.

Porque como dizia o poeta: “…é a vida, é bonita e é bonita!”

 

Nota 1: a senhora da foto que ilustra esse texto é minha madrinha. Tinha nessa foto 99 anos. Hoje com 101 ainda desfruta da vida plenamente, aproveitando todas as oportunidades para passear e viajar com sua filha e sua neta. Um exemplo para todos nós da família.

Nota 2: A foto é de autoria de Bebel Ritzmann.

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Comportamento, Geral, Reflexão

COMO FOI SEU DIA HOJE?

Li um post no facebook essa semana sugerindo uma série de perguntas alternativas ao clássico: “Como foi na escola hoje?”.

Perguntas diferentes como:

O que te fez sorrir hoje?

Qual foi o ponto mais alto do seu dia? E o mais baixo?

Achei bem interessante…

Mas pensei que uma boa conversa é uma troca, uma partilha.

Muitos adultos, pais, tentam poupar os filhos das dificuldades do dia-a-dia, e isso está certo. Não adianta apresentar a eles problemas que eles não têm, ainda, condições de compreender plenamente e, muito menos, de ajudar a resolver.

No entanto, acredito que é importante que eles saibam como é o dia-a-dia de trabalho dos pais. Que num determinado dia estão felizes porque fecharam um novo contrato, tiveram um projeto aprovado, receberam um reconhecimento do chefe ou dos colegas. Que em outro estão preocupados porque algo não saiu como esperavam, porque um colega está com problemas e não foi trabalhar.. Ou que noutro dia estão irritados porque um fornecedor perdeu o prazo, um cliente não pagou, etc.

Isso dá às crianças a perspectiva de que na vida existem dias bons, dias médios e dias não tão bons. Que isso faz parte, é natural.

Quando partilham esses momentos com os filhos, com algum filtro para que a realidade seja compreensível para eles, podem ensinar como lidar não só com as situações, mas, acima de tudo, com as emoções.

As crianças precisam aprender que os adultos sentem raiva às vezes, que ficam chateados, frustrados, felizes, orgulhosos assim como eles. Aprender que sentir orgulho pelo resultado dos esforços é bom, mas não dá o direito de contar vantagem sobre o colega. Que ficar frustrado é chato, dolorido até, mas que ficar se lamentando não resolve. Que o importante é aprender e fazer uma escolha: buscar outras formas de conseguir o que se quer, se preparar melhor; ou deixar para lá se a questão não é tão importante. Que a raiva é muito natural, que todos sentem raiva, mas que isso não dá direito a sermos grosseiros com os outros, que existem outras formas de lidar com ela. Que se estão felizes isso pode, e deve, ser partilhado com os amigos.

Mas o que de mais importante pode ser partilhado nesse momento é o sentimento de que, apesar de alguns percalços, trabalhar/produzir, assim como estudar/aprender, é algo bom, que traz satisfação, realização, que tem um propósito!

Porque uma das coisas mais tristes de hoje é ver as crianças começarem a vida escolar cheias de energia, sede de aprendizado, plenas de alegria e irem aos poucos “murchando”, perdendo o prazer… O mesmo que acontece com o adulto no trabalho.

Passamos grande parte da nossa vida ou na escola, ou no trabalho e se não encontramos em ambos um significado, um prazer, um propósito tornamos a vida sem sentido, aborrecida, sem cor.

Vamos aproveitar o trecho entre a escola e a casa, a hora de dormir, a refeição para partilhar experiências e aprendizados, para compartilhar a vida, fortalecer os vínculos, semear as cores que vão dar o tom da existência. Porque como foi o seu dia hoje é parte de como será sua vida amanhã.

 

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Análise Corporal da Relação, Comportamento, Geral, Reflexão

5 MINUTOS

Não escrevo já faz algum tempo…

É sobre o tempo que quero escrever.

Aproveitei que o dia está lindo, sol, e vim até o jardim do meu edifício junto com meus cachorros para escrever. Eles ficam soltos, aproveitam para brincar e correr e eu escrevo.

A inspiração não vinha e a Princesa queria brincar! Larguei tudo e fui correr com ela enquanto o Moringa, já um senhor, nos observava.

Corremos uns 5 minutos. Que delícia que é vê-la correndo!

Foi daí que me veio a inspiração.

A grande queixa dos nossos tempos é a falta de tempo. Além do trabalho, de todas as atividades, ainda tempos as inúmeras redes sociais para acompanhar, postar, etc.

Muitas vezes ouvi que tempo é uma questão de preferência.

Não sei se preferência, mas de escolha. Escolher aquilo que é mais importante e ao que vamos dedicar o nosso tempo.

Tempo é o nosso bem mais precioso. Temos uma quantidade finita de tempo e ninguém sabe quanto tem. É justamente por isso que ele deve ser bem empregado.

A dificuldade que temos com a escolha, e não só em relação ao tempo, é que para cada escolha são inúmeras a renúncias que fazemos. Se escolho brincar com meu cachorro, esse é um tempo que não dedico ao Facebook, ao Instagram, ao Whatsapp. É um tempo que não leio, não escrevo, não produzo.

Foram 5 minutos. Ela ficou feliz, eu fiquei feliz! Hoje a noite quando for escrever no meu diário de gratidão, com certeza escreverei sobre esse momento. Não vou escrever sobre o que li e escrevi nas redes sociais ou sobre o que vi na televisão.

Acredito que precisamos pensar um pouco mais sobre nossas escolhas. Precisamos fazer escolhas mais sábias, baseadas no que é realmente importante para nós e não aquilo que é importante para os outros. Precisamos fazer isso já e não quando o tempo tiver passado e momentos preciosos tenham sido perdidos. O tempo que passou não volta.

Pense nisso quando seu filho pedir para você ler uma história, brincar um pouco.

Pense nisso quando seus pais quiserem conversar, contar novamente a mesma história.

Pense nisso quando um amigo quiser tomar um café.

Pense nisso quando seu amor quiser mais um beijo ou demorar-se um pouco mais num abraço.

5 minutos talvez sejam suficientes e vão fazer um grande diferença.

Pense nas boas memórias que você tem. Quantas delas são de um instante, de um momento, de 5 minutos…

Não importa o que você faça o tempo não para. Escolha bem.

Você tem 5 minutos!

 

 

 

 

 

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O IMPORTANTE É A PESSOA!

Nos últimos tempos muito tem sido falado, discutido, debatido sobre a identidade de gênero, e nesses últimos dias após a liminar de um juiz no Distrito Federal a “cura” gay voltou a pauta.

Como tem acontecido com as polêmicas, todo mundo tem uma opinião a respeito, mesmo sem ter tido acesso ao processo, ao texto da liminar, ou conversado com os agentes envolvidos. Algumas opiniões são bem argumentadas outras raivosas e preconceituosas.

A sexualidade humana não é minha especialidade como psicóloga, mas acredito que a homossexualidade não é nem doença, nem escolha, assim como a heterossexualidade. Pode-se dizer que são uma característica, uma orientação, uma inclinação… Não é sobre isso que quero escrever.

Percebo que nessa discussão o principal está sendo esquecido: o indivíduo e seu sofrimento, sua dor e o quanto isso afeta suas relações, sejam elas familiares ou sociais. E é só isso que importa.

Na minha prática clínica como psicóloga e analista corporal da relação aprendi que a verdade de cada um é única e particular. Não existe certo ou errado, existe o que faz sofrer, o que impede a realização e a felicidade e o que as propicia. O que é bom e funciona para um, não necessariamente será bom e funcionará para o outro.

Como psicóloga não me cabe julgar ou dar uma opinião e muito menos escolher o caminho que o indivíduo deve seguir. Eu como pessoa tenho minhas crenças, minhas convicções, meus princípios e sei o que me serve ou não. Mas em momento algum e sobre nenhum argumento posso manipular, seduzir ou impor minha verdade àquele que me procura como profissional.

Meu papel primeiro é o de escuta. Uma escuta livre de julgamento de valor, com aceitação e respeito incondicionais. Quem me procura deve ter no meu consultório um espaço para SER, sem medo, sem vergonha, sem restrição ou pudor. Um local onde tudo, absolutamente tudo pode ser dito por mais absurdo ou errado que possa parecer. A pessoa precisa ser acolhida e aceita.

Uma vez estabelecida a relação de confiança é meu papel como psicóloga questionar a pessoa, auxiliá-la a compreender o que acontece, quais os afetos envolvidos, quais as crenças que permeiam a história, enfim, ajudá-la a perceber-se e compreender-se para a partir daí fazer as suas escolhas, sejam elas quais forem, sempre respeitando o seu tempo, seus valores, suas crenças, suas verdades.

O mais importante nesse debate todo é a LIBERDADE. As pessoas precisam ser livres para serem o que são, para fazerem suas escolhas, mesmo que a escolha seja negar aquilo que se é. Toda vez que impomos a nossa verdade ao outro, por mais bem intencionados que somos, erramos.

Acredito ser muito importante debater o tema, trazer informação (fundamentadas em pesquisas e estudos sérios e não baseadas em achismos e palpites), para que as pessoas possam compreender e decidir. CONHECIMENTO é fundamental. Dessa forma evitamos que pessoas e grupos, com interesses e agendas pessoais, manipulem, deturpem os fatos, aprisionem as pessoas em papéis que não lhes cabem.

E por último, mas não menos importante, RESPEITO! Posso não concordar, posso achar uma loucura a escolha do outro, mas preciso respeitá-la.

 

 

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PEIXE INTEIRO NÃO CABE NO FORNO.

 

A família de Julia gostava muito de comer peixe assado. Era uma tradição dos almoços de domingo. Um dia Julia perguntou à sua mãe porque elas sempre cortavam a cabeça e o rabo do peixe antes de assá-lo. A mãe explicou que aprendeu a fazer o peixe dessa forma com a avó de Julia. Ainda intrigada, Julia foi perguntar a sua avó porque cortavam a cabeça e o rabo do peixe. A avó explicou que quando se casou o seu forno era muito pequeno e o peixe inteiro não cabia, assim ela cortava a cabeça e o rabo para poder assar o peixe. Há muitos anos que o forno da avó de Julia, bem como o da mãe e o dela, tem tamanho suficiente para assar o peixe inteiro, mas eles continuavam a perder a cabeça e o rabo. Se Julia não fosse curiosa é provável que suas filhas e suas netas também assassem seus peixes sem cabeça ou rabo. E como a essa altura a avó já não estaria por perto, nunca saberiam porque era feito dessa forma.

Dando aula essa semana sobre percepção e paradigmas, lembrei dessa história que me foi contada alguns anos atrás. Tenho refletido muito sobre o tema nos últimos tempos (não sobre qual a melhor forma de assar peixes, mas sobre paradigmas). Quantas coisas fazemos todos os dias por hábito, porque aprendemos que era o jeito certo de fazer e não questionamos? Quantas oportunidades perdemos porque não arriscamos uma jeito diferente de fazer as coisas? Quantas experiências ricas, divertidas perdemos porque elas fogem do roteiro? Quantas pessoas inteligentes, interessantes deixamos de conhecer porque não correspondem ao padrão?

Nós seres humanos precisamos de uma certa rotina, de alguns referenciais de segurança para podermos viver. Não daríamos conta se a cada dia tudo fosse novo e diferente. Mas isso não significa que precisamos ficar presos a coisas que foram válidas e boas num dado momento, mas que hoje não são mais.

Alguém disse que não podemos mergulhar duas vezes no mesmo rio, porque ele não será o mesmo, nem nós seremos os mesmos. Isso é verdade. Aquilo que preciso, que gosto na minha infância, é diferente do que preciso e gosto na adolescência ou na vida adulta.

A minha ideia não é fazer tudo diferente, jogar para o alto todas as certezas e hábitos, mas .questionar para saber se ainda é válido, se ainda é bom, se ainda quero as coisas da mesma forma

Assisti essa semana uma fala de Ricardo Semler no Ted em 2015. Ele sugere que nos perguntemos “por que?” não uma, mas três vezes. Na primeira vez a resposta virá fácil e pronta. Na segunda já ficaremos em dúvida. Na terceira talvez não encontremos resposta. E depois ele sugere que façamos uma outra pergunta: “para que?”. Qual o propósito que isso tem na minha vida?

Questionar-se é complexo e, muitas vezes, incômodo. Acredito, no entanto, que é melhor do que acordar um dia e ver que tudo mudou a nossa volta, que a vida seguiu em frente, e nós ficamos parados, repetindo os mesmo erros, fazendo as mesmas coisas…

Existem coisas que não podem e não devem mudar. São poucas, muito poucas.

Desejo sinceramente que possamos comer peixe assado com rabo e cabeça ou sem, peixe frito, cozido, com diferentes molhos e temperos. Que possamos experimentar outros pratos, outros sabores, outras cores, outras músicas, outras formas, outros jeitos. E escolher as que mais gostamos, as que nos fazem sentir melhor, que nos fazem vibrar. Aquelas que fazem a vida valer a pena.

 

 

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Comportamento, Geral, Reflexão

TODAS AS CORES SÃO BELAS!

A ideia para esse artigo me veio a umas duas semanas. Comecei a escrever, mas achei que não estava conseguindo expressar o que queria e deixei a ideia de lado. Hoje, enquanto passeava com meus cachorros, a ideia voltou a rondar a minha cabeça e decidi escrever.

Muitas vezes afirmamos que queremos algo, mas nossas ações parecem querer outra coisa. Essa ambivalência que começa no indivíduo chega até a escola.

Um paciente, que ainda não completou cinco anos, já “aprendeu” que os telhados das casas devem ser marrons, e que é preciso pintar sempre dentro dos espaços. Eu entendo a importância da coordenação motora para o aprendizado da escrita e que pintar dentro de um espaço limitado nos dá notícias que a criança está evoluindo em sua coordenação e controle motor. Existem uma série de exercícios e atividades que podem ser feitas para ajudar as crianças a se desenvolverem nesse aspecto.

O que me incomoda é padronizar tudo. Ensinamos o que é correto, como devem ser as coisas, segundo a ótica do adulto, desde muito cedo. Por que os telhados não podem ser coloridos? Por que a grama não pode ser azul? Por que eu tenho que pintar exatamente da cor que vejo e não da cor que imagino, que sinto, que me agrada? Se isso não fosse possível não teríamos a beleza dos quadros impressionistas.

O paradoxo maior é que treinamos as crianças para o padrão, mas quando elas crescem queremos que aprendam a aceitar a diversidade!! Queremos que olhem com naturalidade e aceitem as diferenças raciais, religiosas, de orientação sexual…, mas não queremos que meninos brinquem de boneca ou meninas de carrinho de rolimã!

Por vezes fui chamada a uma escola para falar sobre um paciente adolescente que apresenta alguns comportamentos “esquisitos”, diferentes da média. Insistiam em enquadrá-lo em uma patologia, solicitavam um diagnóstico, pois assim poderiam falar com a turma, explicar o porquê dos comportamentos e eles parariam com as gozações e bullying com o menino. Como assim?! Não gozar dos colegas, pregar peças constrangedoras, fazer bullying com um colega deveria ser norma, independentemente de uma patologia ou não. A diferença só pode ser aceita quando justificada por um diagnóstico médico? Se for assim como vou diagnosticar uma diferença de crença religiosa? Ou de raça?

Precisamos ficar atentos porque nosso discurso está muito distante de nossa prática. Se queremos um mundo melhor, menos preconceituoso no futuro temos que começar a ensinar hoje as crianças que diferente é só diferente, não é menos, não é mais, não é certo e não é errado. Sendo a escola o primeiro espaço de socialização, ela tem um papel fundamental nesse assunto.

Embora desejada, essa tarefa é complexa, pois a maioria dos agentes participantes da escola carregam dentro de si preconceitos. Despir-se deles é preciso, o quanto antes.

Que o sol possa ser cor-de-rosa, os telhados azuis e cada um aceito do jeito que é.

 

 

 

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Comportamento, Geral, Reflexão

TUDO BEM!

Não escrevo um artigo a mais de um mês. Uma crise de inspiração, talvez cansaço de final de semestre, preguiça, muitas podem ser as desculpas ou justificativas. Vários temas me passaram pela cabeça, comecei a escrever um ou dois textos, mas nada foi para frente. Inúmeras vezes me cobrei escrever, afinal estabeleci esse propósito: um texto por semana.

De um modo geral, a inspiração vem, e escrevo com certa tranquilidade, principalmente se considerarmos que não sou escritora, sou psicóloga. Mas nos últimos dias não consegui escrever.

Hoje acordei decidida: vou escrever! Chega de enrolação, autopiedade, desculpas e mãos a obra.

Estou a algum tempo encarando a tela do computador. Já comecei a escrever algumas vezes, mas nada me agradou. Então decidi compartilhar com vocês minha dificuldade e o que pensei a respeito dela.

Imagino que essa dificuldade não seja só minha. Vocês também devem passar por momentos assim, onde a inspiração não vem ou, mesmo gostando do que fazemos, não queremos fazer. Momentos em que uma série de outras coisas parecem muito mais interessantes e divertidas do que a tarefa que temos pela frente.

Isso é humano. Apesar do que os comerciais e anúncios quererem nos fazer acreditar, a vida não é uma eterna festa e o sucesso não vem fácil. É preciso uma luta diária, constante. E cansamos, desanimamos, desistimos ou paralisamos.

Opa! Esperem um pouco…

Relendo o parágrafo acima me questionei sobre duas palavras que escrevi.

Sucesso. O que representa isso para mim? Será que é o mesmo que para você? Tudo parece apontar para que sucesso seja traduzido por dinheiro, fama, posição social. Para alguns deve ser, mas não para todos. Mas todos os dias somos levados a acreditar que se não ganharmos mais dinheiro, não formos promovidos, não seguirmos subindo não estamos tendo sucesso. Acabamos por entrar nesse movimento de forma inconsciente e nos impor uma rotina estressante, de correria em busca de algo que nem sabemos ao certo se queremos. Nada contra ganhar dinheiro. Gosto bastante. A questão é estabelecer prioridades, e definir do que estamos dispostos a abrir mão para isso. O que me leva a segunda palavra.

Luta. Porque temos que estar sempre em guerra? Contra o tempo, por exemplo. Para fazer tudo que “precisamos”. Academia, sair com os amigos, namorar, cuidar dos filhos, passear o cachorro, ler o livro, assistir o filme, entregar o relatório, fazer o curso, conseguir a promoção, conquistar mais um cliente, escrever o artigo, e por aí vai.

Vou reescrever parte do parágrafo. (…) a vida é boa e pode ser melhor, conquistar o que desejamos está ao alcance de todos nós. Todos os dias podemos recomeçar, fazer novas escolhas ou renovar as que já fizemos. Todos os dias temos coisas pelas quais agradecer. Todos os dias aprendemos algo, nos modificamos. Nem sempre vamos conseguir tudo o que queremos, ou dar conta de fazer tudo a que nos propomos, mas podemos ser gratos por tudo o que conseguimos realizar e acreditar que podemos continuar fazendo.

Melhor assim, não acham?

De fevereiro do ano passado até agora escrevi 50 artigos, sobre os mais variados temas. Para mim isso é um sucesso. Tem gente que escreveu muito mais do que eu, talvez melhor do que eu. Tem gente que escreveu muito menos do que eu. Tudo bem.

Eu estou fazendo o meu melhor e se nesses últimos dias não consegui escrever não tem problema, pois não escrevi artigos, mas fiz inúmeras outras coisas a que me propus.

O que estou querendo dizer é que vamos nos cobrar um pouco menos, reconhecer e celebrar o que temos realizado, perdoar as falhas e seguir em frente. Porque viver é isso: seguir em frente, um dia de cada vez.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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O MAIS IMPORTANTE AMOR

Hoje é dia dos namorados. Com certeza uma data em que o comércio aproveita para alavancar vendas. Para muitos vai ser um dia de celebração à dois, para outros uma data triste, seja pela saudade, seja pela solidão.

Gosto mais da ideia do Valentine’s Day americano, que vai além dos namorados e celebra o amor. No Valentine’s Day você pode dar um presente ou cartão para um amigo querido, para professora, para qualquer pessoa por quem você nutra um afeto especial, namorados e namoradas incluídos.

Uma amiga acaba de me convidar para irmos buscar o bolo do Santo Antônio. A crença é que se você encontrar a imagem do santo no seu pedaço de bolo encontrará o amor. É a tradição casamenteira do mês de Junho.

Acredito que o importante é celebrar o amor. Não somente o amor romântico, mas todo tipo de amor. O amor que sentimos em nossas famílias por nossos pais, irmão, avós, tios… Um amor que nos foi posto pela vida, que não escolhemos. A primeira experiência de amor é, ou pelo menos deveria ser, vivida neste núcleo. Muitos outros sentimentos se misturam nessas relações, às vezes bastante conflituosas. Pode não ser o maior, nem o melhor, mas foi o primeiro.

O amor que sentimos pelos amigos. São tantas as cores desse amor, quanto são as cores dos amigos. Alguns para todas as horas, alguns para todas as festas, alguns por um tempo, outros para vida toda. Também foram um presente da vida, mas aqui tivemos a possibilidade de escolha. Por isso esse amor se torna tão especial. Dentre tantas pessoas fui a escolhida para receber esse amor.

O amor romântico, para muitos aquele que dá sentido a vida, que completa. Para outros significado de frustração e tristeza. Muitas vezes começa como o fogo da paixão e vai aos poucos se transformando no calor aconchegante do amor construído na convivência, na cumplicidade, na parceria. Amor para vida toda, amor eterno enquanto dura. Amor que dá frutos e se multiplica. Amor que acaba e, muitas vezes, se transforma em rancor, amargura, ódio.

Mas de todos os tipos de amor, um é o mais importante. Sem ele todos os outros serão frágeis. O amor por nós mesmos, chamado de autoestima. Amor que começa a ser cultivado desde o nascimento, tendo como semente o amor dos pais, regado por todos os amores de nossa vida, mas que deve ser por nós cultivado, cuidado com todo o carinho a cada dia.

Quanto mais amor sinto por mim, mais segura me sinto, mais amor posso dar, mas sem prender, sem sufocar. Mais inteira, plena posso estar nas relações, sem medo da perda, de mim mesma ou do outro. Somos a única pessoa que estará presente em nossas vidas até o fim. Devemos cultivar com ela a relação mais amorosa de todas.

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ESPERANÇA

Vivemos um momento tenso no Brasil. Não sabemos como isso vai terminar…

Tenho ouvido muitas pessoas desesperançadas com o destino de nosso país. De fato a situação é um tanto desanimadora. É muita corrupção, muito dinheiro envolvido, muita indignação.

Tenho, por força de minha formação, o hábito de procurar algo de bom em cada situação. Pelo menos um aprendizado.

Conversando com um amigo ele me fez ver um outro lado disso tudo. A corrupção existe no Brasil desde sua fundação. Ela é algo cultural até. O nosso famoso jeitinho muitas vezes leva à isso. Talvez em outra proporção, mas é só isso, uma questão de proporção.

Mas pela primeira vez essa ferida está sendo aberta. Estamos olhando para ela de frente e nos assustamos com o que vemos. Ela é maior e muito mais profunda do que nossa imaginação nos fazia crer.

E pela primeira vez estamos tratando essa ferida. Começamos a limpá-la. Esse processo não será fácil, afinal ela ficou sem cuidados por muito tempo. A infecção tentará voltar. Será preciso redobrado cuidado. Outras lesões poderão ser encontradas.

No entanto, o mais importante está sendo feito: começamos a enfrentar a situação. Isso nunca tinha sido feito antes. E, usando a mesma metáfora, ainda que saibamos que o tratamento é longo e doloroso, é preciso ter renovada a cada dia a esperança da cura.

A nós brasileiros, não diretamente ligados ao tratamento, nos cabe uma tarefa: mudar. Abandonar o hábito do jeitinho e abraçar a ética como princípio de vida em sociedade. Porque por melhor que sejam os tratamentos, se os hábitos permanecerem os mesmos, tudo voltará a ser como antes.

Vi esses dias uma palestra do TED em que Matt Cutts (https://www.ted.com/talks/matt_cutts_try_something_new_for_30_days) conta sua experiência de tentar algo novo por 30 dias. Pois é exatamente isso que proponho a todos nós brasileiros. Vamos tentar mudar uma atitude por 30 dias. Passar 30 dias sem usar o celular enquanto dirigimos, por exemplo. Ou não sentar no lugar do idoso no ônibus.

Porque, afinal, somos todos responsáveis por transformar o Brasil no país que queremos.